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Porto de pesca costeira e de
arrasto. Nem somente a pesca do bacalhau conta na economia da
região aveirense. Há a considerar a pesca da sardinha, a pesca do
alto e a pesca da Ria.
O número de traineiras
matriculadas na Capitania do porto de Aveiro, num decénio (1956 a
1965), foi o seguinte:
Anos
Número de traineiras
1956 ––––––––––––– 8
1957
––––––––––––– 8
1958
––––––––––––– 12
1959
––––––––––––– 17
1960
––––––––––––– 21
1961
––––––––––––– 25
1962
––––––––––––– 26
1963
––––––––––––– 24
1964
––––––––––––– 22
1965
––––––––––––– 20
Se as perspectivas do porto
bacalhoeiro são magníficas, as do porto de pesca costeira e de
arrasto procuram valorizar-se.
Os elementos estatísticos
referentes aos últimos cinco anos, constam do seguinte quadro:
PESCA DAS TRAINEIRAS
|
Anos |
Tonelagem |
Rendimento do pescado |
1961
1962
1963
1964
1965 |
10.105,261
9.214,834
10.159,518
9.528,276
6.425,498 |
27.851.490$00
21.366.352$00
27.162.235$00
25.590.096$00
16.670.676$00 |
|
|
Como o rendimento baixou no ano
findo, os inimigos de Aveiro aproveitaram o ensejo para
desacreditar o porto. E, o mais curioso, é que nessa campanha
colaboram pessoas que
/ 21 / são as menos indicadas para o fazer. Há atitudes que
estão para além do nosso entendimento.
Quanto à pesca costeira de
arrasto, há a considerar que o porto de Aveiro comanda uma zona
marítima rica em espécies piscosas muito apreciadas e vendáveis. É
comum assistir na lota à venda de toneladas de robalos, geralmente
adquiridos com destino à Itália, uma vezes pescados por arrastões,
outras por simples bateiras motorizadas pertencentes aos próprios
pescadores que as tripulam. Estas pequenas e frágeis embarcações,
que pescam junto à costa e não se afastam muito da barra, chegam a
fazer vendas de mais de uma dezena de contos. Todavia, como é
preciso diminuir tudo o que se passa de bom nesta terra, há quem
ande a carpir que os pescadores morrem de fome! Nunca o pescador
de A veiro viveu tão bem como agora, não só porque a pesca tem
sido favorável, mas também porque a «Casa dos Pescadores» vela por
eles.
O rendimento da pesca de arrasto
nos últimos cinco anos, processou-se da seguinte forma:
MAPA DA TONELAGEM E DO RENDIMENTO
DA PESCA DE ARRASTO
|
Anos |
Tonelagem |
Rendimento do pescado |
1961
1962
1963
1964
1965 |
305,282
719,000
803,619
1.153,919
422,603 |
1.443.053$00
3.042.925$00
4.121.995$00
5.162.217$00
2.681.100$00 (a) |
|
|
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(a) Nos primeiros
10 meses de 1966 o valor do pescado já tinha atingido a cifra
de 4.344.636$00 |
|
No ano findo, como aconteceu com a
sardinha, o rendimento do arrasto diminuiu.
Este tipo de pesca iniciou-se
entre nós em 1959, com os primeiros arrastões registados na
Capitania. Antes daquela data, era esporádica a vinda destes
barcos ao nosso porto. Havia, é certo, empresas armadoras em A
veiro, mas os arrastões trabalhavam noutros portos.
Em 1960 estavam registados 8
arrastões
» 1961 » » 11 »
» 1962
»
»
11
»
» 1963
»
»
11
»
» 1964
»
»
12
»
» 1965
»
»
13
»
» 1966
»
»
13
»
Também tem sido precária a
colaboração das empresas armadoras do arrasto na valorização do
nosso porto.
Dá-se neste tipo de pesca um ciclo
vicioso muito sui generis: como os arrastões não vêm à lota
regularmente, os compradores do peixe do alto também nem sempre
aparecem na incerteza de haver peixe; quando os barcos arrastões
atracam à lota com carregamento para venda, não estão os
compradores. Isto é, quando há peixe do alto não há compradores;
quando aparecem compradores, não há peixe à venda.
Este desencontro é uma
consequência da irregularidade da vinda dos arrastões à lota,
situação que a autoridade competente ainda não conseguiu
normalizar.
No quadro seguinte insere-se uma
relação nominal dos arrastões e das respectivas empresas, em 1966.
FROTA DE ARRASTÕES DE AVEIRO E
RESPECTIVAS EMPRESAS, EM 1966
|
Arrastões |
Empresas |
Atrevido
Figueira
Ria de Aveiro
Beira Litoral
Ria-Mar (a)
Beira-Ria (b)
Rio N. do Príncipe
Rio Dão
Rio Calma
Rio Cértima
Rio MarneI
Mar Ártico
Dulcinha
Beirão
Zénite (c)
Sá da Bandeira |
Pescarias Beira-Litoral
»
»
»
»
»
»
»
»
»
»
Pescarias Rio Novo do Príncipe
Sardos & Mónica, L.dª
Empresa de Pesca de Aveiro, L.dª
» »
» »
» »
» »
» »
» »
Soc. de Pesca Mar Ártico, L.dª
Pascoal & Filho, L.dª
Un. de Pescarias Central da
Gafanha
Soc. de Pesca de Arr. de Aveiro,
L.dª
Empresa de Pesca Sá da Bandeira |
|
|
(a) Naufragou em 1966.
(b) Inscrito em Lisboa mas
trabalhando em Aveiro c/ autorização.
(c) Aguarda oportunidade para ser
abatido.
Nos últimos cinco anos a pesca da
Ria teve o seguinte movimento:
|
MAPA COMPARATIVO DA TONELAGEM E
RENDIMENTO DA PESCA NA LAGUNA DE 1961 A 1965 |
|
|
Anos |
Tonelagem |
Rendimento do pescado |
1961
1962
1963
1964
1965 |
616 T
688 T
673 T
821 T
886 T |
3.208.397$00
3.091.056$00
3.663.552$00
4.187.075$00
5.005.576$00 |
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/
22 / A pesca da xávega,
arte piscatória que tende a desaparecer, não pesa muito no cômputo
total.
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Vista aérea do
porto industrial (Sacor). Gravura cedida pelo jornal"Litoral". |
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Há ainda a ter em linha de conta
as receitas provenientes do imposto ad valorem sobre o pescado,
excepto o bacalhau, imposto que tem contribuído substancialmente
para os cofres camarários com verbas nunca sonhadas.
Estas receitas têm permitido ao
Município realizar obras de interesse colectivo em todo o
concelho.
Em 1943 a Câmara arrecadou do
imposto ad valorem o quantitativo de 27.807$00; dez anos depois,
recebeu 99.702$00; em 1965 o rendimento baixou, mas mesmo assim
auferiu através deste imposto a verba de 611.142$00.
Em cinco anos, as verbas
arrecadadas pela Câmara foram as seguintes:
Anos Receitas
1961
894.186$00
1962
750.033$00
1963
957.753$00
1964
941.965$00
1965
611.142$00
A diminuição da receita em 1965
está em relação com a descida do valor da pesca.