Albergaria dos pobres e passageiros da Rainha D. Teresa...
Assim começa a inscrição da lápide
actualmente existente nos Paços do Concelho de Albergaria-a-Velha,
mandada colocar no Hospital por Acórdão da Relação de Lisboa, de 27
de Maio de 1629. Este acórdão identifica, definitivamente, o Couto
de Osselôa (hoje Assilhó), instituído por D. Teresa a Gonçalo Eriz
em 1155, com a obrigação de tratar dos pobres e passageiros.
A Carta do Couto de Osselôa é
considerado o primeiro documento em que Portugal figura com o título
de reino e «constitui a certidão de nascimento e de batismo de
Albergaria-a-Velha, como afirma o saudoso Dr. António de Pinho,
erudito autor da melhor monografia existente sobre esta Vila e o seu
concelho.
Albergaria nasceu, assim, sob o
signo da Caridade. O seu brasão, aprovado em 27 de Março de 1961,
com as suas oito rosas de oiro e a cruz das armas de D. Teresa, bem
simboliza a nobreza e a generosidade com que eram recebidos os
passageiros e os doentes.
O seu concelho foi criado em 1834 e
era constituído por três freguesias. Hoje é constituído por oito
freguesias.
Situado onde a Serra acaba e a
Planície começa, o concelho de Albergaria mantém, por isso, um lugar
de passagem obrigatória da Serra para o Mar. Nele se cruzam as
estradas de Viseu a Aveiro e do Porto a Lisboa. E é servido pelo
caminho-de-ferro do Vale do Vouga, de Viseu a Espinho.
Por isso, dificilmente se encontra
Vila com melhores vias de acesso e com mais facilidades de
deslocação dentro do Distrito e da Beira-Litoral.
À sua privilegiada situação se deve
uma modelar indústria hoteleira que aqui atrai inúmeros forasteiros
durante todo o ano.
A dois passos de todas as praias do
Distrito, é fácil aos habitantes de Albergaria frequentar a praia e
dormir em casa. A quem preferir o panorama serrano, facilmente se
desloca ao Arestal, às Talhadas, ao Caramulo, ao Buçaco.
A meia distância entre Porto e
Coimbra, a deslocação a qualquer destas cidades faz-se em 50
minutos.
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Lápide actualmente
existente nos Paços do Concelho de Albergaria-a-Velha. |
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Esta invejável situação permite que,
em dias de mercado, aqui se dirijam comerciantes de várias
procedências e que a praça de Albergaria, aos sábados, seja das mais
concorridas do Distrito.
A principal fonte de receita deste
concelho é, ainda, a exploração agrícola, sobretudo da área
florestal, que é considerável.
Mais de dois terços da superfície do
concelho estão cobertos de pinheiros e eucaliptos. É considerado o
concelho do país mais rico em eucaliptos.
O seu desenvolvimento industrial é
notável, sobretudo no ramo metalúrgico, de celulose e de papel.
Este concelho não é rico em
monumentos históricos, como aliás acontece em grande parte das
terras da Beira-Litoral: sem granito, o material de construção dos
seus monumentos não resiste ao tempo. É, no entanto, digna de visita
a Igreja da Vila, construída em fins do século XVII, com a sua
notável obra de talha.
O monte da Senhora do Socorro, a
norte da sede do concelho, a antiga Pedra de Águia a
/ 30 / que se
refere a Carta do Couto, é local de peregrinação de terras próximas
e afastadas, como não há outro por esta região. Dali se desfruta um
panorama deslumbrante, para a Serra e para o Mar.
O concelho de Albergaria, situado no
centro do Distrito de Aveiro, banhado pela água do Caima e do Vouga,
é região rica de paisagens e de fácil acesso. As poéticas margens do
Vouga, desde a Foz do Rio Mau à Pateira de Frossos e campos de
Angeja, são locais dos mais pitorescos, pela variedade de paisagem,
conforme as estações do ano.
Pela sua situação e pelos atractivos
naturais de que é dotado, o concelho de Albergaria deverá ocupar, de
futuro, um lugar de destaque na Beira-Litoral. Oxalá que os seus
habitantes e os Poderes Públicos saibam aproveitar-se destes
predicados para promover o progresso desta Região, que nem sempre
terá sido convenientemente lembrada. |