Como, 8 / Fev. / 64.
A manhã correra bem. Os
bandidos foram levados de rompão na tabanca grande de Cauane. E
de lá trouxemos um crucifixo, cujo Cristo tinha um braço despregado.
Agora, tudo se agitava com
as marmitas na mão para o jantar, pois, ao cair do sol, é preciso que
tudo esteja em ordem e silêncio, todos nos abrigos.
Uma explosão súbita de
granada atroou os ares. Que seria, que não seria? Mas, logo, gritos de
dor magoaram os ouvidos. Era o Quítalo que, alucinado, corria, a
manquejar, gemendo, rosto mascarado de sangue e lama, peito
ensanguentado e sem uma das mãos, enquanto a outra apresentava apenas
dois dedos esfacelados. Correram a ampará-lo.
Parecia uma visão terrível,
um homem de calvário. A armadilha, que ele costumava montar todas as
tardes para os terroristas, hoje, traiu-o, disparando-se-lhe nas mãos.
Junto do buraco aberto pela explosão, pedaços de carne, terra
avermelhada de sangue, uma alpercata desfeita, e, mais ao largo, o
barrete e farrapos da farda.
A noite caíra como chumbo
para ele e triste para nós. Nada dizia. Perdera por completo os sentidos
e, envolto em ligaduras, parecia-se mais com uma múmia do que com um
homem.
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