José António da Silva Brandão de Abreu Freire, natural
da freguesia de Santa Marinha de Avanca, comarca da Feira, bispado do Porto, era filho de Manuel da Silva
Brandão e de sua mulher D. Joana Angélica de Abreu
Freire.
Casou em 1 de Novembro de 1818 com D. Maria Caetana de Resende, filha de
Gabriel Pereira de Resende e de D. Antónia Vaz, do Sobreiro de Arouca.
Deste matrimónio nasceram uma filha que morreu solteira e seis filhos
dos quais cinco morreram de pouca idade. O que viveu mais tempo, chamado
António da Silva Brandão de Abreu Freire, casou em Veiros, concelho de
Estarreja, a 19 de Fevereiro de 1871, com D. Teresa Maria de Oliveira
Garganta, e deste casamento nasceram D. Filomena, que já faleceu, D.
Amélia Emília, actualmente viúva, com filhos e residente em Pardelhas, e
D. Cândida Umbelina, solteira, residente em Veiros, concelho da Murtosa.
José António da Silva Brandão de Abreu Freire era bisneto pelo lado
materno de António Lourenço de Abreu Freire e de sua mulher Bernarda
Freire da Rocha. Tendo este enviuvado, casou em segundas núpcias com D.
Catarina Josefa de Bastos Monteiro, irmã do Dr. Faustino de Bastos
Monteiro, e viveu na Quinta do Buragal em Aradas, hoje pertencente ao
concelho de Aveiro. Deste matrimónio tiveram duas filhas que morreram
solteiras, e um filho de nome Francisco José de Abreu Freire, que depois
de casado, foi viver para as Chousinhas de Avanca.
O dito José António da Silva Brandão de Abreu Freire requereu carta de
brasão de armas, e foi-lhe concedido pela
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D. Maria I em 17 de Maio de 1790. Esta carta existe actualmente
em poder de sua neta D. Amélia Emília, e dela
nos deu uma cópia o Ex.mo Senhor Manuel Maria Borges e
Silva, residente em Estarreja, a quem aqui apresentamos os nossos
agradecimentos pelo seu favor.
É esta a cópia que a seguir publicamos.
D. Maria por graça de Deos Raynha de Portugal, e dos Algarves daquem e dalem mar, em Africa Senhora de Guiné, e da Conquista, Navegação do Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da
India &. Faço saber
aos q. esta minha Carta de Brazaõ de Armas de Nobreza, e Fidalguia virem
q. Joze Antonio da Silva Brandão de Abreu Freyre da freguezia de Sancta
Marinha de Avanca comarca da Feyra Bispado do Porto, me fez petição
dizendo q. pella sentença de justificaçaõ de sua nobreza a ella junta
proferida, e asignada pello meu Dezembargador Corregedor do Civel da Corte,
e Caza da Suplicação o Doutor João da Costa Borges Azevedo sobscripta
por Cyprianno Antonio Rodrigues Neves escrivão do mesmo juizo, e pellos
doccumentos a ella tão bem juntos se mostrava q elle hé Filho Legitimo
de
Manoel da Silva Brandão, e de sua mulher D. joanna Angelica de Abreu
Freyre, neto pella parte Paterna de outro Manuel da Silva Brandão, e de
sua mulher D. Maria Vaz. bisneto de Salvador da Silva Brandão, e de sua
mulher D. Adrianna André, e pella Materna q. hé neto do Doutor Costodio
Paes Valente, e de sua mulher D. Geronima Bernarda de Abreu Freyre, e
bisneto de Antonio Lourenço de Abreu Freyre, e de sua mulher D.
Bernarda
Maria Freyre da Roxa, os quaes seus Pays, Avos, e mais ascendentes q.
forão pessoas muito nobres das Familias dos apellidos de Silvas,
Brandões, Abreus e Freyres deste Reyno, e como taes se trataraõ com
armas, cavallos, creados e toda a mais ostentação propria da nobreza sem q. em tempo
algum cometesem crime de Leza-Magestade Devina ou Humana pello q.
me pedia elle mesmo suplicante por Merce q. para a memoria de seus
Progenitores se não perder, e clareza de sua antiga nobreza lhe mandase
dar
minha Carta de Brazão de Armas das ditas familias para dellas tãobem
uzar na forma q. as trouxeraõ, e foraõ concedidas aos ditos seus Progenitores. E vista por mim a dita sua petiçaõ, sentença, e documentos, e
constar de tudo o referido, e q. a elle como descendente das mencionadas
familias lhe pertence uzar e gozar de suas Armas segundo o meu Regimento,
e Ordenaçaõ da Armaria lhe mandei passar esta Minha Carta de Brazaõ
dellas na forma q. aqui vaõ Brazonadas, Devizadas, e IlIuminadas com
Cores e Metais segundo se achaõ Registadas no Livro do Registo das Armas
da Nobreza, e Fidalguia destes Meus Reynos q. tem Portugal, Meu
Principal
Rey de Armas, a saber. Hum escudo esquartellado; no primeiro quartel
as armas dos Silvas q. são em campo de prata hũ Leão vermelho armado
de azul rompente; no segundo as dos Brandões em campo azul cinco brandoes de ouro acezos postos em sautor. No treceiro, as dos Abreus em
campo vermelho cinco cotos de azas de ouro cortadas em sangue em sautor.
No quarto as dos Freyres, q. são em campo verde hua banda vermelha coticada de ouro saindo dás bocas de duas cabeças de serpes do mesmo metal.
Elmo de prata aberto guarnecido de ouro. Paquife dos metais, e cores das
Armas. Timbre dos Silvas que he o mesmo Leaõ do escudo, e por differença
hua brica azul com hu farpaõ de prata. O qual escudo, e Armas poderá
trazer, e uzar o dito Jose Antonio da Silva Brandaõ de Abreu Freyre
assim
como as trouxeraõ, e uzaraõ os ditos Nobres, e antigos Fidalgos seus
antepassados, em tempo dos Senhores Reys Meus antecessores, e com ellas
poderá entrar em Batalhas, Campos, Reptos, Escaramuças e exercitar
todos os mais actos licitos da Guerra e da Paz. E assim mesmo as poderá trazer em seus Firmais, Aneis, Sinetes, e Devizas, pollas em suas
cazas,
Capellas, e mais edifficios, e deixallas sobre sua propria Sepultura, e
finalmente se poderá servir honrar, gozar, aproveitar dellas em todo, e
por todo
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como a sua nobreza convem Com o q. Quero e me Praz q. haja elle todas as
Honras, Privillegios, Liberdades, Graças, Merces, Izençois, e Franquezas
q. haõ, e devem haver os Fidalgos, e Nobres de antiga Linhagem, e como
sempre de todo uzaraõ, e gozaraõ os ditos seus antepassados, pello q.
Mando aos Meus Dezembargadores, Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, e mais
Justiças de Meus Reynos e em especial aos meus Reys de
Armas, Arautos, e Passavantes, e a quaisquer outros officiais, e pessoas
a quem esta Minha Carta for mostrada e o conhecimento della pertencer q.
em tudo lhe cumpraõ e guardem, e façaõ inteiramente cumprir, e guardar
como nella se contem sem duvida nem embargo algum q. em ella lhe seja
posto por q. assim hé Minha Merce.
A Raynha Nossa Senhora o mandou por
Joze Bravo Escudeiro Cavalleiro de
Sua Caza Real, e Seu Rey de Armas Portugal. Frei Manoel de Sancto Antonio, e Silva da Ordem de Sam Paulo a fez em Lisboa aos dezasete dias
do mez de Mayo do anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil
sete centos, e noventa: E eu Bernardo Joze Agostinho de Campos escrivaõ
da Nobreza a fiz escrever.
Portugal − Rey de Armas. P.as
Joze Bravo
Reg.da no L.º 4.º do Reg.to
dos Brazoens de Armas de
Nobreza e fidalguia
destes
R.nos e Suas Conq.tas A. F.
Lisboa 22 de Mayo de 1790.
Bern.do joze Agost.º de Campos»
Aveiro, Junho de 1953.
FRANCISCO FERREIRA NEVES |