TODOS
os que amam a terra onde viram a primeira luz ou comem o pão salgado com
o suor do seu rosto, devem sentir e reconhecer a utilidade da história
escrita dessa terra.
Tendo já escrito alguns pequenos trabalhos de investigação histórica
sobre algumas freguesias do concelho de Oliveira de Azeméis, que foram
publicados na revista Arquivo do Distrito de Aveiro, resolvi também
escrever, para a mesma revista, o modesto trabalho que segue,
respeitante à freguesia
de Santa Maria de UI (Nossa Senhora da Assunção).
Isto posto:
UI é terra de trabalho e de costumes sãos, que não desregrados; vive da agricultura na sua maior parte, e
não julga
depreciados os seus serviços com os calos da enxada com que cava e
prepara a terra que lhe dá pão e a sua independência económica, devida
tão somente ao fruto do trabalho activo e honesto.
O ulense já bastante educado e, ao mesmo tempo, instruído e corajoso,
procura o engrandecimento da terra com a sua actividade bem dirigida,
tanto na cultura do campo como no exercício de outros trabalhos.
Em UI, como é voz corrente, as famílias respeitam-se, toleram-se e
auxiliam-se mutuamente; os lares são modelares e, neles, predominam o
amor e o conforto; os pais não se poupam a sacrifícios para os filhos
não sofrerem privações, e para assim lhes deixarem uma bela lição de
carinho e amor, pela qual serão compensados também quando velhos e
cansados.
Vivo há meio século em Cucujães, onde tenho ouvido sempre as melhores
referências ao bom povo de UI, referências estas que já vêm de longe,
como tive ocasião de apreciar em dois documentos que me confiou o
reverendo Agostinho Pereira da Silva Gomes, ex-pároco da mesma
freguesia, que
[Vol. XVII - N.º 67 - 1951]
/
194 /
eu qualifico de «Páginas de Luz» para a História de UI, e que
vão reproduzidos aqui, com a epígrafe «Homens de UI Ilustres em Letras».
Li os Anais do município de Oliveira de Azeméis, que não são a história
do concelho, mas sim uma ligeira descrição das suas freguesias. Nos assuntos de investigação
histórica de cada freguesia, os ilustres autores dos Anais apresentaram
elementos que muito interessam às mesmas freguesias, tais como: a
notícia das tradições, do carácter, do progresso e evolução do seu povo.
Importante e interessante, sem dúvida, o seu serviço para a história!
Porém, nessa minha leitura, depararam-se-me bastantes deficiências
históricas em algumas freguesias, e também nesta de UI que, só com o
tempo, podem ser preenchidas com novas noções elementares que forem
aparecendo, mediante trabalho de devotados estudiosos.
Aos habitantes da freguesia de
UI, que amam a sua terra, dedico estas
«Páginas de Luz», como contributo para a sua história, que outros
estudiosos virão amplificar com o relato de mais factos que interessem à
terra de UL.
CAPÍTULO PRIMEIRO
Primórdios históricos de
UI, do concelho de Oliveira de Azeméis,
distrito administrativo de Aveiro.
A terra de UI, pela sua situação geográfica, bom clima e abundância de
águas, foi habitada, desde remotíssimos
tempos, pelo homem. O nome de Ur vem de Ur-rio, de
proveniência celta, raça humana que foi a primitiva que habitou a
península ibérica, e tanto assim que foi ela que teve a hegemonia sobre
as outras raças. Daí serem celtas na península os primitivos crastos. Os
crastos romanos foram muito posteriores; e é nuns e outros que se
conhece o
grau de civilização dos povos já desaparecidos há muitos
milénios.
I – Existem
monumentos veneráveis da antiguidade, em
UI; e, dentre os
mesmos, uma inscrição encontrada numa lápide da igreja com os seguintes
dizeres:
. . . . Re . Augusto Tribuni
. . . . XXVII . Cos . XII I . Pater
. . . . Rminus . Augustalis.
II – Outros monumentos: a igreja. A igreja de Santa
Maria (Assumpção) é muito antiga. Da sua fundação nada
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195 /
sabemos. Em 1246 (anos de Cristo) foi seu abade Martim
Esteves. Pelo ano de 1770 foi demolida e, a seguir, reconstruída no
mesmo local da primitiva, sendo pároco encomendado, ao tempo, o reverendo Dr. José Borges de Azevedo.
As obras de reconstrução acabaram em 1790, sendo então abade Manuel José
Pereira.
lII –
Altar de S. Brás. Na mesma igreja há um altar
com a imagem e invocação de S. Brás, cuja festividade costuma ser feita no dia 2 e 3 do mês de Fevereiro de cada ano
com a igreja toda engalanada.
S. Brás foi bispo da cidade de Sebaste na Capadócía na
Ásia Menor, onde foi degolado no fim do século III, no
tempo do imperador Dioclecíano, por não ter querido adorar
e sacrificar aos ídolos (deuses do paganismo). A sua festividade é muito
concorrida de devotos a depositar no altar do
milagroso Santo velas e moldes de cera, e artigos de adorno
por graças recebidas do céu por intercessão do mesmo Santo,
a quem muitos fieis invocaram nos seus transes de aflição
e de dor.
OBSERVAÇÃO –
Ainda são veneradas duas relíquias de S. Brás, uma no
Convento de Arouca, que foi da rainha D. Mafalda e já tinha sido
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196 /
da rainha Santa Helena, e outra no lugar do Bombarral, do termo de
Óbidos, concelho das Caldas da Rainha. (V. Mapa de Portugal pelo P.e JOÃO
BAPTISTA DE CASTRO, terceira parte, páginas 316 e 320, como regista
também JAIME SEGUIER).
Mais: O marco miliário da milha XII, colocado na Câmara de Oliveira de
Azeméis, que assinala a passagem da via militar romana nesta região, foi
encontrado no entulho dos alicerces da Igreja de UI, quando da sua
reconstrução.
IV – Antigas contribuições da igreja de
Ul à Sé do
Porto e ao Estado
a) A igreja de Santa Maria de
UI pagou à Sé do Porto,
nos tempos medievais, direitos com o nome de censos para
sustentação do Bispo e do Cabido.
Vejamos:
«Ecclesia Sanctae Mariae Dul.
D. cera mediam libram (meia Libra peso).
De mortuarijs . xxxv. solidos (35) soldos,
direitos de sepultura que os doridos eram
obrigados a pagar).
De tritico tres sextarios.
De Auena . unum modium.
De milio . duos quartarios.
De vino . unum
puçal»
(1).
b) Pagou também a mesma igreja de UI, no tempo do
rei D. Diniz, uma contribuição suplementar, com o nome de
taxação eclesiástica, por espaço de três anos, para defesa da
Pátria. Esta contribuição foi considerada como um imposto
de guerra contra os mouros. Essa taxação, que foi concedida
ao rei D. Diniz pelo Pontífice João XXII, por bula de 23 de de Maio de
1320, era a décima parte das rendas eclesiásticas do Reino, excepto as
pertencentes à Ordem do Hospital. E assim, depois de contados os
rendimentos de todas as
igrejas e mosteiros, foi taxada a igreja de Santa Maria de UI
em 40 libras, moeda do tempo.
V – Padroeiros da igreja. A igreja de Santa Maria de
UI foi, de
princípio, do padroado real e, passados bastantes anos, da Mitra (padroado eclesiástico).
Por decreto do Governo de 5 de Agosto de 1833 foram extintos todos os
padroados eclesiásticos de qualquer natureza ou denominação que fossem, e passado para a Coroa (Rei)
o direito do padroado eclesiástico.
E assim o Rei continuou, desde então, com o direito do
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197 /
padroado em todas as igrejas do Reino até à implantação da
República em 1910, que separou o Estado da Igreja por Lei
de 20 de Abril de 1911 – Capítulo 1 – artigo 2.º. E assim, a igreja de
Santa Maria
de UI, depois da implantação da República, ficou independente do
Estado, e sujeita, apenas, à jurisdição do bispo diocesano e, portanto,
fora das determinações dos poderes seculares superiores.
VI –
Organização da paróquia. Devia ter sido organizada a
paróquia de Santa Maria de UI nos meados
ou fins do século XII,
que não antes, por não estarem ainda definidos, nesse tempo, os
limites de jurisdição paroquial, como se depreende da Carta de
instituição e doação do
Couto de Cucujães ao Mosteiro Beneditino, situado em Cucujães, por D.
Afonso Henriques, em 7 de Julho
de 1139 (anos de Cristo), e, na mesma carta, apenas se mencionarem as
povoações contérminas de Cucujães, sem ser feita a mínima referência a
paróquias ou freguesias limítrofes, o que já se não dava, na mesma época, com os bispados, como se pode
julgar pela assistência do Arcebispo de Braga e Bispo de Coimbra à factura da referida
carta que confirmaram com a sua assinatura, como conselheiros que eram do príncipe, ao tempo, do Condado
Portugalense.
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198 /
CAPÍTULO SEGUNDO
Párocos de S. Maria de Ul desde o século XVI.
O povo da freguesia de Ul, de hoje, como o seu antepassado, tem mostrado o sentimento de Deus e da Religião, respeitado os
direitos de Deus e da Santa Igreja, e tido sempre na maior consideração
os seus párocos. E assim, os filhos do bom povo de Ul, gente laboriosa e
disciplinada, continuam a ser a esperança e o poder da freguesia e
também da nação que devem preferir à freguesia, tanto no espiritual como
no temporal.
A)
Nomes dos párocos da igreja de Ul e seu tempo de paroquialidade, desde
1587 a 1774, constantes de seis livros, da mesma igreja, arquivados na
Universidade de Coimbra, com a numeração anual dos baptizados celebrados
na igreja da freguesia.
Segue a relação dos nomes por sua ordem cronológica:
I LIVRO
15871676
De 1587 a 1599 – Francisco Álvares Pais (abade).
» 1599 a 1605 – Licenciado – Baltazar Barbosa (abade).
» 1605 a 1609 –
Fernão Vaz (abade).
» 1609 a 1628 – Pascoal Francisco Pais (abade).
» 1628 a 1631 – Pedro de Oliveira (cura).
» 1631 a 1668 – André de Resende (abade).
» 1668 a 1676 – André Cardoso (abade).
II LIVRO
1676-1715
De 1676 a 1680 – Continua abade o mesmo André Cardoso.
De 1680 a 1682 – Miguel Rodrigues Fernandes (encomendado).
De 1682 a 1702 – Pedro de Figueiroa (abade).
» 1702 a 1709 – Joseph Lopes Lobo (encomendado).
» 1709 a 1715 – Inácio Barbosa de Sousa (abade).
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199 /
III LIVRO
1715-1742
De 1715 a 1737 – Continua abade o anterior.
1737 – Manuel da Costa Silva (encomendado).
» 1737 a 1742 – Cláudio Borges Araújo (abade). Foram curas deste abade,
alternadamente:
Padre – Teodósio Tavares.
Padre – Manuel Rodrigues de Oliveira.
Padre – Manuel Borges Rios.
Padre – Manuel Henriques de Oliveira.
Padre – Luís Borges de Azevedo.
IV LIVRO
1742-1780
De 1742 a 1760 Padre – Abade anterior.
» 1760 a 1775 Padre – Dr. José Borges de Azevedo (encomendado).
De 1775 a 1779 Padre – Manuel José Pereira (abade).
V LIVRO
1779-1813
De 1779 a 1797 – Continuou o abade anterior até à sua
morte em 2 de Janeiro de 1797, sucedendo-lhe, por encomendação por alguns meses, o Reverendo Manuel Monteiro.
De 1797 a IS13-João Pereira de MeIo (abade).
VI LIVRO
1813-1834
De 1813 a 1826 – Continuou o abade anterior.
» 1826 a 1830 – António Leite Ribeiro Moreira (cura).
» 1830 a 1850 – Manuel Duarte Pereira Coentro (abade).
B)
Nomes dos párocos da mesma freguesia de
UI, constantes do livro das
visitações pastorais, arquivado na residência paroquial.
Segue a relação:
De 1550 a 1570 – Francisco Pais de Resende.
» 1570 a 1880 – Manuel Duarte Pereira.
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200 /
De 1880 a 1900 – Modesto Coelho da Costa Pessoa.
» 1900 a 1924 – António da Silva Nunes.
» 1924 a 1937 – Manuel Pereira da Silva Gomes.
» 1937 a 1940 – António Marques Nogueira.
» 1941 a 1949 – Agostinho Pereira da Silva Gomes.
1950 – António Fonseca.
OBSERVAÇÃO – Transcrevemos, aqui, o nome de todos os párocos
de UI pela ordem cronológica desde 1587.
Para maior clareza, harmonizamos os anos com algumas alterações
sem importância.
Párocos que mais serviços prestaram à igreja de Ul no seu tempo de
paroquialidade, e que a história regista a bem da igreja e da freguesia e
que não mais esquecem
no tempo.
1.º) Reverendo Dr. José Borges de Azevedo.
I –
Demolição e reconstrução da igreja.
a) Foi este pároco quem promoveu e dirigiu os trabalhos de demolição e reconstrução da igreja de S. Maria de
UI, no seu
tempo de pároco, tendo assim, com esta sua dedicação à igreja, prestado
relevante serviço à freguesia – serviço que os habitantes da mesma
viram, admiraram e reconheceram com amor e gratidão.
b) Ao tempo residiam bastantes ulenses no Brasil e, tendo lá
conhecimento dos muitos esforços e sacrifícios feitos a benefício da
igreja de UI pelo seu reverendo pároco
Dr. José Borges de Azevedo, deliberaram render-lhe a sua humilde
homenagem de justiça e gratidão com a compra e oferecimento de um
escravo preto que lhe mandaram para o servir na sua residência de UI.
Esse escravo teve o nome de Manuel Domingues Preto.
Os supraditos ulenses ausentes, com este seu gesto, só mostraram ser
bons filhos de UI, grandes patriotas e bons cristãos, isto devido à
primorosa educação cívica e religiosa dos seus maiores.
2.º) Reverendo P.e Manuel Pereira da Silva Gomes.
Tomou posse da freguesia em 3 de Julho de 1924.
I –
Serviços prestados à freguesia e aos párocos seus
sucessores:
a)
Na residência paroquial. Havendo tomado conta da freguesia, cuidou
logo em mandar demolir uns pardieiros que já tinham servido de
residência dos párocos, e levantar, no mesmo local, uma nova residência
com as necessárias divisões, e bem assim fechar com um muro o quintal
junto.
Todo este serviço a expensas suas.
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201 /
b)
No passal. Tendo visto no dia da posse da sua
paróquia, desaproveitado o passal, interessou-lhe, sem grande
demora, a preparação do terreno para cereais e horticultura,
e também plantação de bacelos para vinha nova.
II –
Melhoramentos materiais na igreja:
a) Reforma das sacristias que importou em Esc. 7.000$00.
b) Serviço da carpintaria no tecto e cobertura da igreja
com telha, tipo Marselha, cujo dispêndio foi de Esc. 6.000$00.
c) Pavimentação do corpo da igreja, que custou
Esc. 3.000$00.
d) Instalação da luz eléctrica, que importou em
Esc. 3.000$00.
e) Compra de um relógio para a torre pela quantia
de Esc. 4.400$00.
f) Aquisição de uma imagem do Coração de Jesus, de
um cálix de prata, dois missais e alguns paramentos.
g) Oferta da imagem da padroeira Santa Maria pelo
benemérito ulense – Severino Baptista da Silva Terra.
III –
Criação da Escola Primária Oficial do lugar do
Pinheiral:
a) Diligências do pároco. Querendo o pároco dar impulso à instrução numa
localidade da sua freguesia, não
se poupou a esforços e sacrifícios para conseguir o seu fim.
E assim, devido à sua acção e influência pessoal e política,
foi criada pelo Estado a Escola Primária Oficial no lugar do Pinheiral,
depois de ofertado o necessário terreno pelo grande
defensor dos interesses da sua querida freguesia de UI – Domingos de
Oliveira Fontes.
b) Comparticipação do Estado.
A construção da nova
escola importou em. . . . . . . . . Esc. 55 00$800;
o Estado auxiliou com a verba de. . . . Esc. 30.000$00,
e ainda com uma
outra verba de . . . . Esc. 4.000$00,
para abertura de um poço e canalização de água para o seu
abastecimento.
Estas comparticipações do Estado foram concedidas por
intermédio do ilustre loureirense – José Luciano da Silva
Cravo a pedido do seu amigo e bondoso pároco de UI
padre Manuel Pereira da Silva Gomes.
3.º) Reverendo António Marques Nogueira. Foi nomeado
pároco da igreja de UI por Decreto Episcopal de 14 de Julho
de 1937.
I –
Melhoramentos que promoveu e realizou na igreja:
a) Modificação da sacristia com divisões e vidros granulados.
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202 /
b) Aquisição de duas dalmáticas vermelhas, capa da
asperges, e véu de ombros da mesma cor.
e) Compra de um pavilhão de gala para o sacrário, e
adaptação de duas cortinas de tela dourada para o mesmo.
d) Soalho da Capela-mor, e achegamento do altar à
tribuna.
II – Melhoramentos dentro da residência paroquial:
a) Reforma da
cozinha.
b) Conserto do escritório e de um quarto.
c) Reparação da sala de visitas e revestimento do tecto.
4.º) Reverendo Agostinho Pereira da Silva Gomes.
Tomou posse da freguesia de Ul em 16 de Dezembro de 1942,
que paroquiou até 15 de Agosto de 1949.
I –
Serviços relevantes prestados à igreja:
a) Colocação de mosaicos no pavimento da capela-mor,
onde o tortulho tinha devorado alguns soalhos em poucos
anos, o que importou em . . . . . . . Esc. 5.000$00.
b) Aquisição de cadeirais confeccionados nas oficinas
do Colégio das Missões da Vila do Couto de Cucujães, que
custou a verba de.. Esc. 6.000$00.
e) Divisão da pia baptismal com mármore, e cobertura da mesma pia com
tampa de bronze cromado; rebocação do
baptistério, e colocação de azulejos em sua volta.
d) Colocação em uma janela de um vitral com uma
pintura, representando o baptismo de Cristo, e embelezadas
as portas com dois vitrais, ficando cada um com sua pintura:
um representando a árvore da perdição, e outro a cruz da
redenção, na importância de . . . Esc. 7.000$00.
e) A fachada principal da igreja revestida de azulejos,
e o interior, em volta, também de lambrim de azulejos, o
que tudo importou em . . . . .. . Esc. 24.000$00.
f) Aquisição das imagens de S. António, e de S. João de
Brito (Mártir), em cedro do Brasil, por. . . . . . Esc. 5.000$00.
II –
Sacristia da igreja, denominada
Museu pelo povo
da freguesia:
a) A igreja, do lado sul, possui uma sacristia para
depósito e guarda dos objectos destinados ao culto, e também das suas velharias, tais como:
Imagens antigas desafectas ao culto, missais antigos em
bom uso, pedras de ara inutilizadas, galhetas em estanho e
âmbulas do mesmo metal, lanternas antigas de acompanhar o Santíssimo,
cruzes de madeira e de metal já em desuso, e
outros objectos antigos que foram retirados da igreja para a
sua sacristia.
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203 /
O Sr. Dr. João da Conceição e Silva, distinto clínico, e
amigo de UI, onde se consorciou, mandou vedar com vidraça a parte da
sacristia, onde está o pequeno Museu e, desde
então, começou o mesmo a ser observado com atenção, não só pelo povo da freguesia, mas até
por estranhos.
b) Livros da igreja. Do Museu fazem parte diversos livros, tais são: O
rol da desobriga de 1771 que está escrito em papel selado de cinco
réis, e o de 1799 em papel de dez réis. Este rol menciona, como
residentes na freguesia, o abade e mais quatro clérigos, e a população
de 495 almas.
c) O Livro das Visitações Pastorais, as constituições do bispado,
missais editados na tipografia régia de Lisboa em 1789, e outros livros,
são também dignos de menção.
lII – A freguesia muito aprecia e considera o novo Museu instalado na sacristia da igreja.
E assim:
a) Pessoas que tinham em suas casas objectos religiosos houveram por bem dá-los ao Museu,
como rosários e coroas interessantes, etc. Uma velhinha, do lugar do Crasto
– a Virgínia –
ofereceu uma pedra com cerca de meio metro de altura com
uma cruz em gesso e a imagem de Jesus Cristo, dizendo que a avó a
trouxera das Almas da Moura para o quintal. Algumas pessoas cultas
chegaram a afirmar que era um «dolmen»
/ 204 /
(do celta daul – mesa, e maen – pedra), a que os cristãos
apuseram a cruz; mas o que parece mais provável é ser uma
obra de arte popular, embora muito antiga.
/ 205 /
b) Fazem parte do Museu uma custódia de madeira
com um coração. Este símbolo do Coração de Jesus esteve
exposto na igreja de S. Francisco, da cidade do Porto, na exposição de
1946, e foi mandado fazer para lucrar as primeiras indulgências concedidas ao Altar que tivesse esse símbolo. Estas
indulgências foram concedidas tão somente ao bispado do Porto, a pedido
da rainha D. Maria I.
c) Objecto mais antigo deve ser uma
caldeirinha em
bronze batido, com as asas do aro cravadas, o que deve ser
anterior ao século XIII. Há também uma bacia das esmolas
interessante e de algum valor pelo Agnus Dei (Deus Misericordioso) que tem gravado, em
relevo.
CAPÍTULO TERCEIRO
Crasto de UI, antigo oppidum (Praça cercada de muros
e baluartes
que a defendiam contra o inimigo)
I –
Situação do crasto. O crasto de UI, situado a poucos metros de
distância da igreja da freguesia, é um pequeno
monte povoado que se estende, do lado Nascente, até à margem esquerda do
rio UI, e do Poente até à direita do Antuã.
a) Escavações no crasto. Com esforço e persistência
conseguiu o reverendo Agostinho Pereira da Silva Gomes, já mencionado
neste trabalho, em escavações que planeou e
mandou fazer no dito crasto, muitos vestígios de estâncias
pré-históricas, que formam a colectânea de um novo Museu,
instalado na sacristia .da igreja, como já advertimos.
Do reverendo Agostinho segue o relato dos objectos encontrados no crasto
e recolhidos no Museu:
b) Além de grandes quantidades de fragmentos de cerâmica: figulina, aretina, micada e fuscada, foram depositados
no Museu pesos ou aparelhos de teares, tijolos diversos, bicos de
ânfora, pedaços de tégula intactos que atestam bem a civilização desses
remotos tempos.
c) As pequenas mós manuais
(2), em pedras de qualidades diferentes, mostram que o crasto devia ter sido um
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206 /
grande centro de comércio. Junto às mós via-se barro grosso de um lado e
fino do outro, levando a crer que eram utilizadas para moer o barro.
d) Foram levadas também para o Museu muitas pequeninas pedras curiosas,
contas, vidro fabricado com mica, torresmos ou escórias da forja e
carvão.
Faz parte do Museu uma pedra de
1 metro de comprido
e 50 cm. de largo onde se lê esta inscrição ao deus Camalião:
– BEAA – CAIMO – X
-- / -- . o –
encontrada num quintal do crasto, e um cilindro de granito de
1 metro de
altura e meio metro de diâmetro, com inscrição muito apagada, o qual
parece ser um marco divisório da freguesia de Loureiro encontrado no
lugar de Adães, onde se distingue bem o nome de – IOANES.
e) Em metal apenas estão no Museu três objectos encontrados no crasto:
uma fíbula conforme o desenho, com meio metro de comprido, em bronze,
com um gancho em S quase
/
207 /
na ponta, e um guarda-mão no pé que não pode ser classificado; um mascarão em bronze e uma asa de cítula.
f) Além dos supraditos objectos, que foram levados
para o Museu, descobriram-se, no crasto, casas, ou antes paredes com 1
ou 2 metros de altura, formando compartimentos de diversos tamanhos. A
rua entre estes compartimentos era de cinco palmos de largo. As paredes
eram feitas
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208 /
com duas faces e cheias de terra ou barro no meio. A muralha tem uns
dois metros de espessura e está bem visível dos lados Sul e Poente do
crasto.
g) Nas pesquisas efectuadas, encontrou-se grande quantidade de covas com
um palmo de diâmetro, tendo
cinza, carvão e pedras queimadas pelo fogo, e achou-se também num monte
do actual sacristão da igreja um pavimento revestido de pequenas lajes.
Fora das muralhas, para o lado do Poente, está uma espécie de barraca de
grandes pedras que se presume uma anta (monumento megalítico, formado
por uma grande pedra horizontal sobre outras, mais
pequenas e verticais).
O povo ainda aponta, no monte crasto, o sítio do barreiro, da fonte, e a
corredoira ou corredor que dava passagem aos transeuntes pelo Oppidum (praça
fortificada), enquanto estavam abertas as portas.
Sem comentários. Quando o reverendo Agostinho Pereira da Silva Gomes e o povo de
UI começaram a tomar interesse pelas preciosidades antigas encerradas no crasto, o mesmo
reverendo Agostinho entendeu por conveniente e necessário escrever a um
considerado
arqueólogo para vir orientar as pesquisas
e ensinar o modo de as efectuar. E assim fez. Escreveu ao considerado
arqueólogo
que lhe prometeu por escrito vir em missão oficial para que o crasto ficasse com
direito à com participação do Estado, pois
tinha conhecimento do seu valor, não só
pelo que descrevia o pároco, mas por informações de outras pessoas.
Entretanto, outro arqueólogo, director de um Museu, visitou o crasto, na passagem por Oliveira de Azeméis. Pois isto
foi o bastante para
que o senhor considerado arqueólogo respondesse a uma carta do reverendo Agostinho, pároco de
UI, dizendo que
não ia
fazer a prometida visita oficial; depois da visita do director do Museu
de tal, nada
tinha que ir lá fazer. O reverendo Agostinho, pároco, perante
tal resposta, cruzou os braços, e assim findaram os trabalhos
que, a princípio, tanto o entusiasmaram!
/
209 /
[Vol, XVII -
N.º 67 - 1951]
Nota curiosa de um passado histórico, como o do crasto,
que vem a propósito:
«Vestígios da antiga civilização romana em Condeixa-a-Velha».
Sua descrição circunstanciada:
O passado é morte, e só o presente é vida: todavia o presente, para ser
bem compreendido, precisa das lições sentidas e silenciosas da história,
quer de censura quer de louvor, as quais devem ser aproveitadas pelo
homem na sua vida activa do bem e do belo que nobilita e redime.
Para confirmar
esta verdade histórica:
Atraído pela curiosidade do passado histórico, que é lição e luz, fui
visitar as ruínas de uma citânia em Condeixa-a-Velha (antiga Conimbriga
dos Romanos), e lá encontrei os vestígios de um ópido com uma
fortificação ao centro também em ruínas, e construída de grandes blocos
de pedra da região: do lado Norte da fortificação, e contígua à mesma,
uma larga e descoberta esplanada, contendo pavimentos de salas quadradas do desaparecido
casario elegante (domus domini). Esses pavimentos (que não sei descrever,
por extraordinários e complicados para mim), construídos de mármores
da região, de cor branca, amarela, azul, avermelhada e negra, obrados
artisticamente, põem à vista, em determinados pontos, figuras de motivos
variados e gosto delicado.
As mesmas figuras formadas de finos mármores de cor escolhida e
adaptada, reduzidos a minúsculos quadrados embutidos, com apropriada
combinação, nos descobertos pavimentos, somente revelam a elevada
actividade artística dos Romanos!
Oh! Como deveria ter sido deslumbrante a decoração interior de tão sumptuosos edifícios!
/
210 /
Entre as figuras admiradas e apreciadas nos referidos
pavimentos, fazem parte as do emblema suástico, ornadas de
quatro raios em forma de cruz gamada, de origem ariana
(população semi-bárbara, saída da Sibéria que, a partir do
ano 2.000 antes de Cristo, invadiu a Ásia Ocidental).
A seguir à supradita esplanada, do lado Nascente, dei de caras com aquecimentos de casas que foram de grandes senhores e tanques próximos para banhos.
A Sul da referida fortificação, deparei com outra esplanada e, na mesma, com uma ara e alguns túmulos, parecendo
ter sido local reservado para enterramento dos mortos;
e, a Poente desta, restos de paredes de casas agrupadas que
foram habitadas por plebeus e clientes sob a protecção do
patriciado romano (classe nobre).
Pouco antes de deixar a citânia, defrontei ainda com
evidentes vestígios do leito da via militar romana, na direcção de Sul para o Norte. Esses vestígios, na sua mudez eloquente, mostram o seguimento da mesma via militar romana
através do antigo ópido em direcção a Coimbra (antiga Emínio) para
continuar até Braga (Brachara Augusta).
Portanto:
Como lição do passado histórico de Condeixa-a-Velha,
e de outros quase semelhantes já encontrados, podemos
exclamar:
Como foram grandes pelo seu esforçado ânimo, em
acções e feitos, os antigos Romanos que suplantaram em
civilização e poderio: Egipto, Assíria, Babilónia, Medo-Persa e Grécia!
A dominação romana, que também sofreu a Espanha,
terminou no princípio do século V pela invasão dos povos
bárbaros, sucedendo a estes, igualmente por invasão, as
hordas dos Árabes (Muçulmanos) no século VII, após porfiadas lutas com armas!
Por fim, os povos oriundos da Espanha, subjugados
durante séculos sucessivamente por outros diferentes povos
que foram Romanos, Bárbaros e Árabes, decidiram recuperar, com fé e a golpes de espada, a sua independência e
liberdade primitivas, como sentimento nobre e contemporâneo da Humanidade.
Nesse empreendimento bélico tomaram parte rija os
Lusitanos, já conhecidos pela sua valentia nunca excedida,
desde a sua conquista pelos Romanos, nos anos de 149 antes
de Cristo.
E assim, uns e outros desses povos invasores e despóticos, após a sua derrota pelas armas e consequente
debandada da Espanha, deixaram do seu domínio vestígios
importantes – verdadeiros monumentos de interesse científico, artístico, e linguístico, que continuarão a ser respeitados,
/ 211 / admirados, apreciados e aproveitados pelos Lusos e, sobretudo, os dos
antigos Romanos, como o de Condeixa-a-Velha!
Em síntese:
O Crasto de UI é pré-romano, porque os objectos nele
encontrados em nada caracterizam a civilização romana. Só os monumentos
soberbos dos romanos, como o de Condeixa-a- Velha, testemunham
respeitosamente – elegância, grandeza e sumptuosidade!
CAPÍTULO QUARTO
A freguesia de Santa Maria de UI na sua evolução político-administrativa
até à sua entrada no concelho de Oliveira de Azeméis.
I –
Santa Maria de Ul, do concelho da
Bemposta.
A freguesia de Santa Maria de
UI já era do antigo concelho da Bemposta
no ano de 1527
(3). Pertenceu à comarca e ouvidoria da Feira(4) e, nos
meados do século XVIII, à comarca de Esgueira(5). Esta comarca, que
foi criada em 1533, passou para Aveiro em 1759.
II –
Santa Maria de Ul, do
concelho de Oliveira de Azeméis. A comarca
da Feira, com o decorrer dos anos, tornou-se densa em população na vasta extensão do seu termo. E daí a
necessidade de o Estado ter de desanexar da mesma algumas freguesias
para benefício e comodidade dos seus habitantes.
E assim foram separadas da comarca da Feira 20 freguesias para a criação
do concelho de Oliveira de Azeméis por Decreto de 5 de Janeiro de 1799,
tendo sido 18 por este decreto. Para perfazer o determinado número das
20, decretadas, foram separadas mais 2 da mesma comarca – a do Burgo de
Arrifana e a de S. João da Madeira por Decreto de 27 de Setembro de
1801.
O supradito concelho da Bemposta, nos meados do século XVIII, era
composto de 11 freguesias, a saber: «Pardelhas, Santiaes (S. João de
Cepelos?), S. Martinho de Salreu, Canelas, FermeIã, Branca, Ribeira de
Fráguas, Palmaz, Travanca, S. Maria de UI e Loureiro».
/
212 /
Extinto o concelho da Bemposta por Decreto de 24 de
Setembro de 1855, foram encorporadas no concelho de Oliveira de Azeméis as 5 freguesias que o mesmo ainda contava
nesse tempo e que eram: Pinheiro da Bemposta, Palmaz,
Travanca, Loureiro e Santa Maria de Ul.
E assim morreu o velho concelho do Pinheiro da Bemposta para dar vida ao contemporâneo concelho de Oliveira
de Azeméis, elevado à categoria de comarca no ano de 1835.
Foram estas as consequências das reformas político-administrativas de
então!
NOTA. –
No tempo da vigência do concelho da Bemposta foram separadas
algumas freguesias, já vindas da instituição do mesmo concelho, a titulo
e conveniência de padroados, e incorporadas outras como que em
compensação alternada, mas esta, de cada vez mais diminuta até que, por
fim, baixou para 5 o número das mesmas.
Como relatam documentos coevos da sua municipalidade secular. deduz-se
que foi oscilante o movimento político-administrativo do supradito
concelho que acabou, desapiedadamente, com o desprendimento da sua
pêndula municipal, também político-administrativa, tendo assim passado
de superior a subordinado com a sua extinção e incorporação no de
Oliveira de Azeméis, distrito administrativo de Aveiro e bispado do
Porto.
CAPÍTULO QUINTO
Número de prédios descritos na
matriz de Oliveira de Azeméis. Censo
populacional. Melhoramentos. Padarias
e descasque de arroz. Quadros elucidativos. Pontes de
trânsito.
A terra de UI é fértil e nela há boas propriedades que
produzem milho, centeio, feijão, batata, legumes e vinho.
Tem boas casas, sobressaindo a casa de Manuel Ferreira Pinto, na Rua
Direita.
I –
Número de prédios descritos na respectiva matriz,
e seu rendimento tributável, referente ao ano de 1951:
a) Prédios urbanos, em vigor, 640 artigos, e seu rendimento
tributável – 156.948:00.
b) Prédios rústicos, em vigor, 1.788 artigos, e seu rendimento
tributável – 87:822:45.
II –
Censo populacional:
|
ANO |
|
ALMAS |
1623 |
. . . . .
. . . . . . . |
152 |
1770 |
. . . . . . . . . . . . |
634 |
1788 |
. . . . . . . . . . . . |
514 |
1799 |
. . . . . . . . . . . . |
495 |
1864 |
. . . . . . . . . . . . |
1280 |
1878 |
. . . . . . . . . . . . |
1445 |
1900 |
. . . . . . . . . . . . |
1798 |
1940 |
. . . . . . . . . . . . |
2071 |
|
|
III –
Melhoramentos.
a) Escolas Primárias Oficiais. A freguesia tem três
escolas primárias, mistas, a saber:
Uma no lugar de UI, outra no de Adães, e a terceira no de Ouriçosa.
Além destas, tem ainda outra, não mista, no lugar do Pinheiral.
b) Correios. Esta freguesia não
possui estação telégrafo-postal. Para o
seu serviço público e particular, tem caixas postais em cada um dos
seguintes lugares: UI, Ouriçosa, Areosa, Souto, Porto de Vacas e Serro.
c) Vias de comunicação. UI é servida de boas estradas e de uma estação
do caminho de ferro do Vale do Vouga, denominada Estação de UI. Umas e
outra ligam a freguesia aos principais pontos do País. O caminho de
ferro do VaIe do Vouga foi inaugurado oficialmente, desde Espinho até
Oliveira de Azeméis, em 23 de Novembro de 1908, com a presença do Rei D.
Manuel lI.
IV –
Padaria e descasque de arroz. O Rio
UI, afluente do rio Antuã, que
nasce no vale, sito entre a Serra do Pinheiro e o Monte de S. Marcos, de
Fajões, passa pelo centro da freguesia de S. Maria de UI, atravessando
uma grande zona.
O rio Antuã, que nasce em Escariz, de Arouca, atravessa uma outra zona de terreno dentro da mesma freguesia.
Este tem a sua entrada em UI na Ponte do Pego, onde
é mais conhecido pelo nome de rio da ínsua.
No local, denominado Dois Rios, o
Antuã recebe as águas do rio UI, como
seu confluente da margem direita, correndo depois um e outro, em leito
comum, para a ria de Aveiro.
Em ambos os rios, há bastantes açudes para represar as suas águas, tanto
destinadas à irrigação das terras, como à moagem do grão.
V –
Quadros elucidativos. Ao longo das margens do Antuã e
UI vêem-se
assentes bastantes casas de moinhos com rodas tocadas a água, que tanto
servem para a trituração do grão, como para o descasque do arroz.
E assim, os habitantes desta linda e ubérrima terra de
UI
entenderam por conveniente e necessário aproveitar a abundância de águas
dos dois rios para duas indústrias caseiras, de que lhes provém
bastantes rendimentos para a sua economia:
padaria e descasque de
arroz,
mercadorias estas que têm grande venda nas freguesias do concelho e fora
dele.
/
214 /
E assim, a freguesia de UI conta 35 padarias legalizadas
perante a Secção de Finanças que, em 1951, renderam 4.067$00;
e outras particulares (ambulantes), em número de 36, para
vendedores de pão em feiras e mercados, sem lugar marcado
que, no mesmo ano, renderam 2.975800.
Vão a seguir enumerados, em 2 quadros elucidativos, os
lugares da freguesia por onde correm os dois rios (Antuã e UI), e açudes, casas de moinhos nas margens dos mesmos e
seu número de mós, convindo esclarecer que água sabida é
água de todo o ano, e água perdida é, apenas, a água do
inverno.
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