J. M. Cordeiro de Sousa, As campas das fundadoras do mosteiro de Jesus de Aveiro, Vol. XIII, pp. 3-19

AS CAMPAS DAS FUNDADORAS

DO MOSTEIRO DE JESUS DE AVEIRO

O MOSTEIRO dominicano de Jesus de Aveiro foi, como se sabe, fundado em dias do Rei D. Afonso V por certa dona de nome Brites Leitão. Dos seus primeiros tempos dão-nos pormenorizada notícia Frei LUÍS DE SOUSA(1), e a autora da Crónica da fundação do mosteiro de Jesus(2).

Ultimamente adaptado a museu, conserva abundantes restos da passada vida claustral, entre os quais não são de menor interesse alguns documentos lapidares agora retirados do lôbrego ossuário onde o zelo de uma freira os colocara.

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Com a piedosa intenção de reunir as ossadas das madres fundadoras e prioresas da Casa, certa prelada que a regia pelos anos de 1630, mandou fazer no pavimento de uma das capelas do claustro um pequeno carneiro de planta cruciforme cujas paredes fez revestir com as campas que, com os ossos, possivelmente trouxera do Capítulo, e ao centro do qual, num caixão de chumbo, juntou os restos das suas antecessoras D. Mecia Pereira, D. Leonor de Meneses, D. Maria de Ataíde, D. Antónia de Noronha, D. Isabel de Castro, / 4 / D. Brites de Meneses, D. Brites Ferraz Pereira, D. Guiomar Pinta, D. Antónia de Sousa, e D. Inês de Noronha.

Em época que desconheço, alguém aproveitou a pequena lápida sepulcral da madre Brites Leitoa, talvez já então deslocada do seu primitivo local durante algumas obras executadas na casa do Capítulo, para tapar com ela a entrada do carneiro seiscentista, colocando-a com a inscrição para baixo, e mutilando-a, afim de a ajustar à sua nova e bárbara utilização.

Durante anos a procurou, em vão, o ilustre Director do Museu Regional instalado no velho casarão dominicano, até que, afastada para que eu pudesse descer ao carneiro e procurá-la entre as demais, o acaso a pôs ante os meus olhos.

Com as obras de adaptação que ali têm sido levadas a efeito pela Direcção dos Monumentos Nacionais, foi o carneiro inutilizado, pois já as ossadas das reverendas madres tinham sido retiradas, e as oito campas, com a da fundadora, voltam agora a ocupar o lugar que naturalmente lhes é próprio no pavimento da sala capitular, muito embora já sem a primitiva aplicação.

De entre elas apenas me ocuparei das três que ostentam inscrições de belos caracteres góticos. As restantes, cujas datas vão do último quartel do século XV ao primeiro quartel do século XVII, embora mereçam a nossa atenção, não têm o interesse, não só paleográfico, mas sobretudo artístico das do período gótico.

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AQI : JAZ : HA MUY : UITUOSA
RELLIGIOSA : BRTZ : LEYTOA :
. . . . . . . . . . . . . . . . . . [PRIORES
A] : DESTE: P(ER) : XBJ : ANOS
                                          c
[FAL]ECEO : NA Ë [DE M]IIII LXXX


Caracteres góticos em relevo. Esta campa foi cortada na parte correspondente à 3.ª linha da inscrição para servir de tampa à boca do carneiro das «Fundadoras». A 5.ª linha atravessa a meio da lápida, da parte mutilada para a 1.ª linha.

Altura dos caracteres: 0,07 m., Dimensões actuais da campa: 0,640 x 0,845 m.

Ao ser retirada para abertura do carneiro, partiu-se esta formosa campa em dois fragmentos, que no entanto se ajustam bem. / 5 /

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Brites Leitão, de menina ficara orfã de pai e mãe, e fora recolhida nos paços da Infante D. Isabel, a esposa do Regente D. Pedro, que dela tomara «spiçial cura e carrego».

Certo dia, como a pequena Beatriz chegasse à idade de casar, trataram os seus protectores de lhe arranjar marido. «Servia no mesmo tempo ao Infante um fidalgo mancebo» de nome Diogo, de Ataíde, «muy assignado cavaleyro», sobrinho do conde da Atouguia. E, «cõ afaagos e ameaças», lá a convenceram a matrimoniar-se com o rapaz. Mas, «passados algũs dias depoys que forõ sposados», o bom do Diogo, «veendo hos grandes males do mũdo», resolve meter-se frade, e uma noite safa-se de casa e vai bater à porta do convento de Benfica(3).

A pobre Brites Leitoa, «moca e mũy fremosa», tinha-se já por viúva, «anojada e muito desconsolada»; os Infantes ficaram «nõ pouco descõtentes», que é como quem diz: furiosos com a partida do mocinho; e como a todos, aos Infantes, à abandonada esposa, e à nobre parentela, «parecia lhes muito sem razõ este feyto e nõ de sofrer»; trataram de convencer os frades de que aquilo era uma vergonha, intimando-os o Regente a que «lhe despissem logo o hábito e o lançassem do mosteiro, visto ser casado», mandando o extraviado marido para junto da sua Beatriz.

Congraçados os esposos, «passarõ sse algũns anos sem aver ffilhos, ffazendo por ysso devações e romarias», até que no dia 21 de Julho do ano de 1448 lhes nasceu uma filha que veio a chamar-se D. Catarina de Ataíde, e logo a 6 de Agosto do ano seguinte outra filha a que puseram o nome de D. Maria de Ataíde. «Depoys ouve a sobredita senhora dous ffilhos».

Parece que já não eram necessárias as tais devações e romarias e que mais filhos teriam nascido, se a 25 de Julho de 1453 não falecesse de peste o nobre Diogo de Ataíde.

Andava então nos 25 anos, era galante e rica, a saudosa viúva que, vendo-se «comitida e perseguida de muytos e nobres fidalgos pera casamẽto», e temendo «hos erros, laços e grandes periigos do mũdo»; entregou a filha mais nova a uma tia, D. Maria de Meneses, que era abadessa de Santa Clara de Vila do Conde(4), e recolheu-se a uma quinta que tinha / 6 / a umas «duas léguas de Aveiro», até que, comprado um chão na vila, ali mandou fazer umas casas onde, em 24 de Novembro de 1458, se encerrou com as filhas e «hordenou fazer sua vida segũdo o seu coração desejava e a graça divinal a insynava».

Mais tarde se lhe reuniu D. Mecia Pereira, que pouco antes enviuvara de Martim Mendes de Berredo, comprando em 1460 umas casas «cõ seu orto e chaãos darredor», juntas às suas e, obtidas as necessárias licenças, fizeram as duas senhoras construir ali um mosteiro cuja primeira pedra nos alicerces da igreja foi lançada por D. Afonso V a 15 de Janeiro do ano de 1462.

E assim teve começo o mosteiro de Jesus de Aveiro.

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A vida de uma freira pouco tem que referir, decorrendo entre rezas e trabalhos na plácida monotonia conventual.

Assim, a biografia da virtuosa madre Brites Leitoa resume-se a bem pouco, após a fundação do mosteiro.

No dia de Natal de 1465 recebeu o hábito de noviça, e «passado ho ãno de provacã», no primeiro de Janeiro de 1466, professou(5), «e foy lhe posto o nome de vigayra»(6). Em Agosto desse ano morre-lhe a filha D. Catarina, atacada de peste(7). Dois anos passados é confirmada no cargo de prioreza(8). / 7 /

A 27 de Setembro do ano de 1479, aumentando a peste em Aveiro, acompanhou a Princesa Santa Joana para Avis, mas em Julho seguinte é atacada do mal e, posta em umas andas, levada para Abrantes, onde «aa mea nocte de quinta feya tres dias do mes de Agosto» do ano de 1480, veio a falecer(9).

Sepultada no convento de S. Domingos daquela vila, logo dois anos depois foram os seus ossos trazidos, a pedido da Infante Santa Joana, para o convento de Aveiro, e soterrados a 26 de Setembro no Capítulo, em uma cova «pequena» e «quadrada».

Com o andar dos séculos perdera-se a pedra que os cobria e que eu tive a ventura de identificar no dia 21 de Setembro de 1945 − passados 463 anos e 5 dias da sua colocação sobre a cova. − Estivera servindo para tapar a entrada do carneiro das Fundadoras, como já ficou dito.

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1) : AQUI : IAZ : A M UIT
2) O : UERTUOSA : E RELIGIOSA DONA : MECIA : PER
3) EYRA : FUNDADOR
4) : DESTE : MOSTEIRO : A PREMEIRA : FREIRA: Q NEL : FEZ : P(ER)FISON

Caracteres góticos em relevo. Dimensões da campa: 2 x 0,85 m. Altura dos caracteres: 75 cm.

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D. Mecia Pereira, mũy nobre senhora ẽ geeraçã e parẽtes, mas muito mais ẽ virtudes e amor de Deus»(10), era filha de Fernão Pereira, que estivera no cerco de Tânger e foi do conselho do Rei e senhor da Terra da Feira.

O pai casara duas vezes: primeiro com D. Isabel de Albuquerque, filha de Pero Vaz da Cunha, e irmã daquele / 8 / João de Albuquerque, o da ida às Canárias, cujo túmulo foi há pouco transferido de S. Domingos de Aveiro para o mosteiro de Jesus(11); e depois com D. Maria de Berredo, donzela da casa da Rainha, filha de seu parente Gonçalo Pereira, o das Armas, como lhe chamavam.

«Molher moça muito fremosa e perfeyta», fora D. Mecia casada com Martim Mendes de Berredo, «o quall mays que sy meesma amava», mas que morrera em terras de França em Novembro do ano de 1458.

Em Julho de 1456 dera Afonso V a Martim Mendes de Berredo 3.500 coroas de oiro, e a D. Mecia 2.000 «para ajuda de seu casamento», mas como não lhes pagava logo tais importâncias, estabelecia-lhes umas tenças anuais de 35.000 reais brancos ao noivo «dês o dia que tomar sua casa», e de 20.000 à noiva, nas condições das cartas passadas respectivamente em 22 e 24 daquele mês e ano(12). Pelas arras e «compra de seu corpo», deveria D. Mecia receber do marido 1.200 coroas que, parece, não chegaram a ser-lhe entregues, visto que, já depois de viúva, requeria que lhe fossem descontadas «nas ditas tres mill e quinhentas» que o Rei deveria ter dado «ao dito seu marido»(13).

Em 25 de Setembro de 1450 fizera Afonso V doação a Martim Mendes de Berredo da terra de Santo Tirso de Meinedo(14), e logo em 14 de Novembro desse ano doara-lhe mais os lugares de Unhão e Sepais(15), bens estes que haviam pertencido a Aires Gomes da Silva, que seguira o partido do Regente, e que Martim Mendes trocou depois pela terra da Nóbrega e pela judaria de Lamego, confiscadas a Martim e Pero Coelho, partidários do Infante(16). A 26 de Julho de 1456, ano do seu casamento, concede-lhe o Rei certos privilégios à sua quinta do Sobrado, no julgado de Paiva(17).

D. Mecia era aparentada com o marido, pois Martim Mendes era irmão de sua madrasta D. Maria de Berredo, ambos filhos de Gonçalo Pereira e de sua primeira mulher, D. Maria de Miranda, que era filha daquele Arcebispo de Braga D. Martim Afonso Pires(18), ou D. Martim Afonso da / 9 / Charneca, que jaz na igreja de S. Cristóvão, em Lisboa(19), e foi do conselho do Rei D. João I, com quem esteve «ẽ a grã batalha real»(20).

Nova, formosa, rica; quiseram, o pai, o conde seu irmão, e a nobre parentela, arranjar-lhe novo casamento. Mas a inconsolável senhora, «vẽndo-se assy orffãa e viuva de hũm tam nobre marydo, deliberou leyxar todas as coisas do mũdo», e meter-se freira.

Não houve rogos nem conselhos − até os do próprio Rei − que a demovessem de seu propósito, e certo dia do florido mês de Maio de 1460, «toda ẽbebedada no amor de Deus e graça divinal», vem meter-se no apenas começado mosteiro de Jesus.

Quatro anos passados professou(21).

Era porém D. Mecia de constituição delicada, e decerto não afeita aos rudes trabalhos a que se quis sujeitar durante a construção da nova casa claustral(22), além do que, no dizer do autor da História de S. Domingos(23), forte impressão lhe causara a mudança de vida e, «caindo em grandes enfermidades», em pouco tempo se achou «em grande extremo de doença»(24).

No próprio catre lhe lançaram o hábito de monja. «Sua doença era tropisya do figado», informa a crónica da Casa.

A morte aproximava-se. Vem para junto dela a condessa da Feira sua cunhada, a irmã D. Teresa, sua tia D. Helena Pereira, e numa triste sexta-feira, dia 3 de Outubro do ano de 1464, a horas de véspera, «Nosso Senhor lhe aprouve dar fym a seus trabalhos», como amorosamente reza a crónica monástica (25). / 10 /

Foi, então, soterrada no Capítulo.

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1) AQUJ JAZ A MUYTO VJRTUOSA
2) MADRE MARJA DATAYDE A QUAL AJUDOU A FUNDAR ESTE MO
3) STEYRO E FOE ATE SEER A PRJ
4) ORESA DELLE E HO REGEO EM PERFEYTA RELIGJAM E OBSERUANCJA QoRÊTA E DOUS ANOS E MEO ATE HO FYM DE SUA MTO SÃTA UYDA FFALLECEO HO ANNO DO SENHOR DE (15) . XX . Bº

Caracteres góticos em relevo. A inscrição contorna a campa e prolonga-se pelo centro dela, enrolando-se na extremidade em forma de oito. Na data os sinais que representam o milhar e as centenas têm uma forma estranha que não tenho encontrado na escrita lapidar. Talvez fantasia, ou ignorância, do canteiro.

Dimensões da campa: 1,94 x 0,89 metros. Altura dos caracteres: 6 centímetros.

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D. Maria de Ataíde era filha de Diogo de Ataíde e de D. Beatriz Leitão, a Brites Leitoa, que depois de viúva fundou o mosteiro de Jesus.

A sua existência decorre quase toda por detrás das reixas conventuais. Nasceu a 6 de Agosto de 1449, e aos nove anos encerrava-se com a mãe e a irmã nas humildes casas de Aveiro, de onde, pouco depois, nascia o mosteiro dominicano.

Pobre criança a quem a vida não chegou a sorrir.

No dia de Natal do ano de 1464, aos quinze anos, vestiam-lhe o hábito de noviça, professando no primeiro domingo de Janeiro de 1466, na presença do Rei D. Afonso V (26) / 11 /

Em 1482 foi eleita para o cargo de Prioresa(27), e quarenta e três anos depois, «envelhecida e cançada dos trabalhos da vida», morre santamente(28), ordenando às suas freiras que lhe rezassem o ofício da agonia(29). Vivera 76 anos, e fora muito devota de Santo António. Quando mestra de noviças, ensinara a Infante Santa Joana.

De seu pai pouco nos dizem as velhas memórias. Conta-nos Frei LUÍS DE SOUSA que «além de ter dado mostras de valente na guerra, sabia das letras humanas e das línguas latina, italiana, e francesa»(30).

Parece ter seguido o partido do Infante, embora depois de Alfarrobeira o Rei o chamasse para o seu serviço. Ele porém, «desenganado das misérias da vida em sucessos alheios tão tristes e trágicos», prefere o isolamento da sua quinta junto a Aveiro(31). E em 1453, fugindo à peste que então grassava com intensidade, foi com os seus pousar em «hũ seu lugar no termo de Leyrea»(32), onde o mal o surpreendeu.

Sentindo chegado o seu fim, faz testamento, instituindo na quinta de Aveiro «hũ sprital grande e muito bõo pera todos hos pelegrĩĩs e strãgeyros e pera os religiosos que per aly passassem».

A 25 de Julho desse ano morria, indo a enterrar ao mosteiro de S. Francisco de Leiria.

Frei LUÍS DE SOUSA, di-lo sobrinho daquele D. João de Ataíde que foi Prior do Crato, e os genealogistas contam / 12 / que, um dia, encontrando na igreja de S. Domingos uma dama que em novo requestara e de quem fugira para Rodes, ao dirigir-se-lhe, não sei com que intençôes, ela «pondo-lhe as mãos nos peytos, o apartou de si, dizendo-lhe: De longe, senhor D. João! E adverti que eu prestei para vos fazer Dom Prior do Crato e vós não prestastes para me fazerdes condessa da Atouguia»(33).

Não encontro, porém, qualquer menção do seu nome nas páginas dos nobiliários que consultei, o que evidentemente não quer dizer que a não haja, visto eu ser leigo em tal matéria. Entre os filhos dos irmãos do nobre Prior, não sei de nenhum Diogo. Encontro-lhe dois sobrinhos-netos, ambos filhos de D. Álvaro de Ataíde, com esse nome, mas um morreu na Índia sem geração; e outro, que foi capitão de Baçaim, por lá casou com uma senhora de nome D. Maria Antunes.

Os documentos registados na chancelaria de D. Afonso V a favor de um Diogo de Ataíde, excepto uma carta de privilégio de «paniguado» que deve referir-se-lhe, não lhe dizem respeito, pois são de data posterior à sua morte.

Se sua filha D. Maria era sobrinha da 4.ª abadessa vitalícia de Santa Clara de Vila do 'Conde, a cujos cuidados foi entregue  em menina, devia ser filha, ou neta, de irmão ou irmã daquela religiosa. Ora, D. Telo de Meneses, 2.º filho do Senhor de Cantanhede, e portanto irmão da abadessa D. Maria de Meneses, foi casado com uma filha de D. Catarina de Ataíde, primeira mulher de D. Diogo Lopes de Sousa, o bastardo do Mestre de Cristo D. Lopo Dias de Sousa.

Teria Diogo de Ataíde adoptado o apelido da avó materna, coisa vulgar ao tempo, e dado o nome desta à sua filha mais velha, falecida em Agosto de 1466? Diogo fora também o filho do Mestre de Cristo. E o abandono do apelido paterno levaria, acaso, os genealogistas a não o incluírem entre os filhos do mordomo-mor da Rainha D. Isabel, tanto mais que a sua geração se extinguiu pela profissão das filhas em Aveiro, e pela morte prematura dos filhos, um com oito meses apenas(34), e o outro, Estêvão de Ataíde, com 3 anos, sepultado junto do pai em S. Francisco de Leiria(35).

J. M. CORDEIRO DE SOUSA

/ 13 /

DOCUMENTOS

Os documentos (págs. 13 a 19) encontram-se reproduzidos em PDF.
Clicar na palavra acima sublinhada.

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(1) História de S. Domingos, P. II, liv. IV, cap. VIII e segs.

(2) Editada em 1939 pelo Dr. FERREIRA NEVES, em cópia e com erudito prefácio de ROCHA MADAHIL. 

(3) − Cron. da fund. do most. de Jesus de Aveiro. Fr. LUÍS DE SOUSA, Hist. de S. Domingos, P. II, liv. lV, cap. VIII.

(4) Era filha de D. Fernando de Meneses, mordomo da Rainha D. Isabel, e de D. Brites de Andrade, e foi a 4.ª abadessa vitalícia daquele mosteiro (1440-1505).

(5) «Ho anuo do Senhor de myll quatrocentos sessenta e seis, ho primeyro dia do mes de Janeyro, dia da Circuncysão do Senhor, ffez proffyssam a muito virtuosa madre Brityz Leitoa nas maãos do reverendo padre prior e vigayro que entõ era desta casa de Jhesu Nosso Senhor, ho padre frey Joham de Guimarãaes. E elle lhe lancou o veeo preto ante ho rostro, presentes hos principaaes padres do moesteyro de Nossa Senhora da Misericordia, ho qual oficio foy feyto per elles dentro no capitullo de Nossa Senhora.» (Cron. da fund. do most. de Jesus de Aveiro. Memoryal de todas as religiosas que ffezerõ proffissom, etc.).  

(6) «No sobredito dia foe aa virtuosa madre logo posto nome e cõfirmada vigayra in capite membris per ho dito prior frey Johã de Guimarãaes, tẽedo pera ysso enteyro poder e actoridade. E nõ foe entõ enleyta ẽ prioressa por nõ seerẽ mays que duas religiosas professas.» (Idem).

(7) «No mes de Agosto do meesmo ãno de myll quatrocentos sessenta e seis faleceo da meesma doenca de peste a mũy santa madre e irmãa Catherina de Atayde, segundo se cõtou ja ẽ cyma,» (Idem. Memoryal das madres e irmãas que nesta casa de Nosso Senhor Jhesu falecerõ).

(8) «E porque já era convẽto hordenado e tẽpo cõveniente passado, foi feyta eleyçam canonyca per o padre frey Johã de Guimarãaes, que era vigayro provincial, e emleyta unyfformes a mũy virtuosa e sancta madre Bryatyz Leytoa. ([ E ffoy confirmada em prioresa. E avia doze ãnos que regiia e mantiinha e governava esta casa de Jhesu Nosso Senhor em toda santidade e serviço de Deus, e perfeyçã de vida no spiritual e temporal.» (Idem. Mem. de todas as relig. que ffezerõ proffissom, etc.). 

(9) «Ho ãno de Nosso Senhor de mill quatrocentos e oitenta, quĩta feyra tres dias do mes de Agosto, aa mea nocte, ffalleceo e se ffoy pera Nosso Senhor a muito virtuosa e sancta madre Brytyz Leytoa, nossa madre, e primeyra Prioressa e ffũdador deste moesteyro de Jhesu Nosso Senhor, segundo ja he dito neste memoryal.» (Idem. Mem. das madres e irmãas que nesla casa, etc. falecerõ).  

(10) Cron. da fund. do most. de Jesus.

(11) FERREIRA NEVES, A trasladação do túmulo de João de Albuquerque, in «Arquivo do Distrito de Aveiro, n.º 46, 1946, págs. 99 e segs., e J. M. CORDEIRO DE SOUSA, Referências às Canárias no túmulo de João de Albuquerque.

(12) Torre do Tombo, Chancelaria de D. Afonso V, liv.13, fol. 99. Vide doc. in fine.

(13) Idem, id., liv. 36, foI. 39.

(14) Idem, liv. 4 de Alem-Doiro, foI. 178. Vide doc. in fine.

(15) Idem, id., fol. 177, V. Vide doc. in fine.

(16) Idem, id., fol. 128. Vide doc. in fine.  

(17) Idem, id.. fol. 122. Vide doc. in fine.

(18) − D. FERNANDO DE TAVARES E TÁVORA, O castelo da Feira, pág.89.

(19)ASCENÇÃO VALDEZ, Campanários de Portugal, in «Bol. da Ass. dos Arqueol. Port.. vol. 12.º, pág. 413.

(20)J. M. CORDEIRO DE SOUSA, Inscrições portuguesas de Lisboa, n.º 293. 

(21)«No ãno do Senhor de myl quatrocentos sessenta e quatro, jazendo a sobredita dona Micia Pereyra ẽ cama de grave infirmidade de que faleceo, ho Reverẽdo padre vigayro frey Antam cõ ho padre frey Joham de Guimarães, prior que entõ era do moesteyro de nossa Senhora, lançou ho havito desta sagrada Religiã aa dita senhora dona Micia Pereyra ([ E logo ẽ esse dia fez proffyssam nas mãaos do dito padre vigayro e elle lhe lançou ho veeo preto ([ E ffoe a primeyra em tudo:.» (Cron. cit. Memorial de todas as relig. que ffezerõ proffissan, etc.)  

(22)Cron. cit., Hist. de S. Domingos, P. II, lív. IV,cap. IX.

(23)P. II, liv. IV, capo VIII.

(24) Cron cit.

(25)«A primeyra que nosso Senhor Deus escolheo de primicya desta sua casa pera gualardoar e levar pera ho seu Regno ffoy a mũy santa e virtuossa Senhora e ffũdador della segũdo ja ẽ este Memoryal he dito mais largamẽte, a mũy santa e virtuosa Senhora madre dona Micya Pereyra, a qual falleceo no ano do Senhor de myl quatrocentos sessenta e quatro, aos tres dias do mes de Outubro, e ẽ sesta feyra.» (Cron. cit. Memorial de toda as relig., etc.) 

(26) − «No sobredito ãno de myl quatrocentos sessenta e seis, ho prymeyro domingo do mes de Janeyro ffezerõ profissõ nas mãaos da virtuosa nossa madre Brityz Leytoa cynquo religiosas, cõvẽ a ssaber: ([ A madre Gracia Alvarez ([ Vilante Nunez ([ Catherina Datayde ([ Maria Datayde ([ Catherina Rõyz ([ E ho sobredlto padre fez todo o oflicio lançãdo-lhes hos veeos e cobrindo-lhes hos rostros, estando presente ho crystianissymo Rey dom Affonsso ho quinto.» (Cron. cit. Memorial de todas as reI. que ffezerõ proffissom, etc.) 

(27)«Ho ãno do Senhor de myl quatrocentos oitenta e dois, no mes de Mayo, ffoy ẽleyta e confyrmada ẽ prioresa deste moesteyro de Jhesu Nosso Senhor, a madre Maria Datayde. ffilha da mũy sancta madre Brityz Leytoa, fũdador deste moesteyro, segũdo ẽ cyma he dito (à margem:) tres dias do dicto mes.» (Cron. cit. Memorial de todas as religiosas, etc.).

(28)«Ho ãno do Senhor de myl quinhentos vinte e cinco, no mes de Novembro, duas horas depoys da mea nocte de domĩgo dezanove dias do dito mes vespora da Apresentaçõ de Nossa Senhora Madre de Deus, tfalleceo e se ffoe pera elle a muito virtuosa e rreverenda nossa santa madre Maria de Atayde, prioressa deste moesteyro e convẽto de Nosso Senhor Jhesu, a qual madre ho regeo, governou em toda perfeyçã de relligiã e observancia e muyto louvor e serviço de Nosso Senhor e da Ordem, quorẽta e dous ãnos, e andando em quorẽta e tres des ho mes de Mayo atee ho muy sancto ffym de seus dias, e honrrada velhyce ornada de todas as virtudes, e cõ todos seus Sacramẽntos recebidos e enteyro entender e sentydo atee ha postumeyra hora e põto em que spyrou e deu a sua alma ao Senhor Deus que a cryou, segundo em cyma mays largamente he dlto.» (Cron. cit. Memorial das madres e irmãos, etc.)

(29)Frei LUÍS DE SOUSA, Hist. de S. Domingos, P. II, liv. IV, cap. XV.

(30) − Idem, id., id., cap. VIII.

(31) Idem.

(32)) Cron. cit.

(33) MANSO DE LIMA, Famílias de Portugal, etc. RANGEL DE MACEDO, Nobiliário, etc. Mss. da Bibl. Nacional.

(34) Cron. cit.

(35) Idem.

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