CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS ESTUDOS
DE GEÓLOGOS PORTUGUESES RELATIVOS À REGIÃO DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS
(DISTRITO DE AVEIRO)
1
−
Alguns dos geólogos, que se têm preocupado com a geologia de
Portugal e que viveram no período de grande entusiasmo pelos estudos
geológicos da nossa Pátria que
abrangeu os fins do século XIX e primeiros anos do nosso século, focaram
nas suas publicações a região de Oliveira de Azeméis.
2
−
CARLOS RIBEIRO, que foi Director da Comissão Geológica de Portugal, percorreu a região de Oliveira de Azeméis e nela realizou observações sobre a sua geologia.
Numa memória (8), aquele ilustre geólogo faz diversas
referências à geologia da região, a algumas das quais me refiro a
seguir.
O estudo de CARLOS RIBEIRO refere-se principalmente à
metalização do subsolo da região.
O «grande filão metalífero» que aquele geólogo estudou
é constituído por uma «série de afloramentos pertencentes
a um só jazigo que demora às distâncias de dois a quatro e meio
quilómetros a E. de Souto Redondo, S. João da Madeira, Oliveira de
Azeméis e Albergaria-a-Velha».
É CARLOS RIBEIRO o primeiro que põe em destaque os
quartzitos que constituem duas linhas de cumeadas, mais ou
menos paralelas, que atravessam a zona oriental da região de Oliveira de Azeméis.
/
314 /
Essas duas linhas de cumeadas ocupam uma extensão de 16 quilómetros,
desde as Caldas de S. Jorge até ao rio Caima e estão afastadas cerca de
2 quilómetros no máximo de afastamento (8).
A série de cumeadas mais oriental constitui as «serras» de Romariz,
Cesar, Lordelo, Pereiro, etc. A série ocidental constitui as «serras» de Cercosa, dos Sinos, do Ponto, das
Lobadas, etc. (8).
3
−
As primeiras referências sobre a metalização da região de
Oliveira de Azeméis são ainda da autoria de CARLOS RIBEIRO (8).
CARLOS RIBEIRO reconheceu na área hoje ocupada pelas minas do Pintor a
existência de «pirite cúprica, pirites férrica e arsenical alteradas» e
óxido negro de cobre.
Na pesquisa que foi realizada na Ladeira do Pindelo aquele geólogo
reconheceu a existência de pirite, calcopirite e cristais de galena.
Dois poços abertos 2,6 quilómetros a Sul de Pindelo mostraram a CARLOS
RIBEIRO ausência de minerais de arsénio, reduzindo-se a metalização das
zonas superficiais do jazigo aos óxidos e hidróxidos de ferro.
CARLOS RIBEIRO considera o jazigo que estudou como
jazigo de cobre, a que dá particular valor.
...«O cobre faz um importante papel entre as substâncias metálicas
encontradas neste jazigo», escreveu aquele geólogo.
É interessante notar que o «grande filão metalífero» nas minas do
Pintor tem sido desde há muito tempo utilizado para a exploração de arsenopirite. Durante a última conflagração mundial, também, se tentou
aproveitar a volframite que aparece associada à arsenopirite de alguns filões daquelas
minas.
Os próprios registos existentes na Câmara Municipal de Oliveira de
Azeméis evidenciam que foi o cobre que atraiu pela primeira vez a
atenção do Homem para o «grande filão metalífero».
No livro de registos existente naquela Câmara Municipal pode ler-se:
«Manuel Luiz Ferreira, de Albergaria a Velha... tendo feito... um
manifesto de humas veias de metal em tres d'Outubro de mil oitocentos
cincoenta e quatro no sitio do lugar da Ladeira freguesia de Pindelo,
deste Concelho de Oliveira d'Azemeis e no qual protestava vir novamente
declarar a qualidade do metal logo que lhe fosse conhecido, o vem agora
fazer
declarando que pela pesquiza que tem feito nas ditas veias descobrira
que o minério é afloramento de Cobre, e galena de chumbo e referindo-se
em
/ 314 /
tudo ao dito manifesto feito em três d'Outubro, declara que as suas
veias se estendem pelo Norte athé a feira dos vinte e sete de Nogueira
do Cravo.
De uma relação, anexa a um ofício do Governo Civil de
Aveiro, datado de
6 de Fevereiro de 1866, enviada ao Presidente da Câmara Municipal de
Oliveira de Azemeis em que se pedia uma nota das minas do Concelho em
exploração, transcrevo o seguinte:
RELAÇÃO DAS MINAS D'ESTE CONCELHO
QUE ANDÃO EM EXPLORAÇÃO EM TRABALHOS DE PESQUIZA, E MANIFESTADAS MAS NÃO ABANDONADAS
Localidade |
Qualidade do minério |
Nomes
dos registadores |
Data do registo |
Observações |
Sitio dos Pocinhos de Macieira ou Muinhos do Pintor e Macieira |
Cobre
|
Manuel Luiz
Ferreira e Manuel Ignácio
da Silva d'AIbergaria |
23/Set./de 1854 |
Obtiverão portaria em que forão reconhecidos proprietários legaes em 21 de janeiro de 1857
−
constando andar em exploração |
Ladeira,
freguesia de
Pindelo
|
Cobre |
Manuel Luiz
Ferreira e Manuel Ignácio
da Silva, d'Albergaria |
3/0ut./de 1854 |
Concedida concessão defenitiva em 20 de Agosto de 1860 |
Valuga,
freguesia de
Ossela |
Chumbo |
Manuel Marques da Silva e José Carneiro
Guimarães |
25/Dez./de 1854 |
Concessão defenitiva em 20 de Julho de 1863 |
Apesar de CARLOS RIBEIRO conhecer a existência de arsénio no jazigo não
lhe dá a importância que posteriormente aquele elemento emprestou ao
jazigo.
A volframite, a que CARLOS RIBEIRO não faz referência, parece que só se
encontra nas zonas profundas de alguns filões.
Durante a activa procura de volframite no início da última grande
guerra, a volframite foi encontrada nos arredores orientais das minas do
Pintor, tendo sido feitos registos que indicam a existência daquele
mineral em Presas
(Nogueira do Cravo) e Mirões (Cesar).
4
−
Posteriormente a CARLOS RIBEIRO nenhum geólogo se preocupou com a
metalização do jazigo que aquele geólogo descreveu.
Mas, creio que a tal jazigo vai ser dada a atenção, como se pode
deduzir de um estudo publicado recentemente (9), que CARLOS RIBEIRO
pedia na conclusão da sua Memória: «o grande jazigo de contacto de que tenho ocupado nesta
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316 /
Memória, oferece os mais sérios e veementes indícios de um vasto jazigo
de cobre e de outras substâncias úteis associadas, parte das quais pode ser a prata,
o cobalto e o níquel,
e cuja lavra será muito esperançosa, se a inteligência e coragem
presidirem à execução dos trabalhos, que cumpre empreender para o seu
devido aproveitamento».
5
−
O estudo de CARLOS RIBEIRO encerra alguns elementos que podem servir
para o estudo da tectónica do precâmbrico do Distrito de Aveiro.
A
−
Orientação das cumeadas dos quartzitos: N-S
e NN E-SSW.
B
−
Inclinação das camadas de quartzitos. Em geral,
escreve CARLOS RIBEIRO, a inclinação é oposta nas duas séries de
quartzitos.
a) Série oriental: 50º a 80º
→
E, mas nalguns
locais a inclinação é menor e as camadas tanto mergulham para E como para W.
b) Série ocidental: 90º e inclinações variáveis
com mergulho para W.
Em Nespereira, CARLOS RIBEIRO observou vestígios de um
dobramento.
Não se pode considerar como dominantemente opostas as inclinações nas
duas séries de quartzitos, como se depreende do estudo de CARLOS
RIBEIRO.
Na mesma série de cumeadas, as camadas tanto mergulham para E como para W, facto que aliado à existência de anticlinais ou
seus vestígios me tem levado a considerar os quartzitos como fazendo
parte de dois anticlinais cujos planos
axiais estão sensivelmente orientados na direcção N-S (3,4,5).
C
−
Falhas apontadas por CARLOS RIBEIRO.
−
Este geólogo atribui a uma
falha a passagem do rio Antuã (ribeira de Pindelo no estudo daquele
geólogo) a Sul da Ladeira do Pindelo.
Na Memória a que me tenho estado a referir pode ler-se:
«Nesta encosta (Ladeira do Pindelo) os afloramentos do jazigo...
erguem-se em dike... até se esconder num vale fundo onde é cortado por
uma falha que dá passagem à ribeira de Pindelo, já dentro da Quinta do
Covo».
Aquele geólogo refere-se, também, mais do que uma vez
à falha da ribeira do Calma.
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317 /
Admite, também, a existência de fracturas, que interrompem as séries de quartzitos,
orientadas na direcção E-W.
«Essas fracturas são simples soluções de continuidade nas camadas, ou
serras de quartzitos em questão...» e formam «os vales apertados e de
paredes abruptas por onde correm as ribeiras de S. João, do Pintor e do Pindelo», escreveu aquele ilustre geólogo.
As soluções de continuidade nas camadas ou cumeadas de quartzitos, pelo
menos, aquelas que a ribeira de Cavaleiros, a ribeira do Pintor e o rio Antuã aproveitam para
vencer o obstáculo que as colinas de quartzitos constituem
para os seus cursos, parecem não estar relacionadas com falhas
orientadas segundo E- W.
São raras as falhas de direcção E-W, consequência de
movimentos alpídicos. no nosso País (I).
Ainda que nada me possa levar a negar a existência na
região de Oliveira de Azeméis de falhas com aquela direcção, julgo ser
mais lógico admitir aquelas soluções de continuidade como consequências de movimentos alpídicos que actuaram na região segundo a direcção NE-SW ou segundo a
direcção perpendicular a esta.
Essa suposição resulta dos seguintes factos:
a) A ribeira de Cavaleiros a oriente da série W dos quartzitos corre
segundo a direcção NE-SW. Esta
ribeira ao encontrar os quartzitos flecte o seu curso para o Norte ou
vizinha, para atravessar os quartzitos e continuar a correr, depois de
os atravessar, com a direcção NE-SW.
b) Facto semelhante se pode observar com a ribeira
do Pintor a Ocidente das minas do Pintor, com o rio Antuã nas Fuseiras
(Covo) e na Pedra Mó de Pindelo.
Espero saber até que ponto esta suposição é verdadeira com as observações para realizar o estudo da tectónica da região que
tenho em curso.
6
−
Quando CARLOS RIBEIRO percorreu a região de Oliveira de Azeméis, no
local das actuais Minas do Pintor, afloramentos brechiformes, não contínuos, nem com espessura uniforme, erguiam-se «em dike à flôr da terra».
A direcção daqueles afloramentos coincide com a da
xistosidade da rocha encaixante (N-S e N-10º-E).
Quanto à inclinação dos afloramentos CARLOS RIBEIRO
diz que «penetram no interior do solo com uma inclinação quase sempre para Nascente em ângulos de 65º a 80º».
/
318 /
Estas observações de CARLOS RIBEIRO estão de acordo com as que na região
de Oliveira de Azeméis tenho realizado.
De um estudo, já publicado (3), pode tirar-se a conclusão
de que a direcção NNE-SSW é dominante nos filões da região
de Oliveira de Azeméis, incluindo os filões das minas do Pintor.
7
−
A região de Oliveira de Azeméis está incorporada na província
metalogenética estanífera e tungsténica do
maciço Hespérico definida pelo Doutor COTELO NEIVA (10)
que acentua a interdependência dos jazigos daquela província, particularmente os de volframite e cassiterite, com a
tectónica hercínica.
Os dobramentos hercínicos no Norte do nosso País
orientam-se segundo as direcções NNW-SSE ou às vezes N-S.
Na região de Oliveira de Azeméis é certo que os movimentos hercínicos operaram segundo aquelas direcções.
As falhas e fracturas resultantes foram, posteriormente ou
simultaneamente com os movimentos, preenchidas com produtos
pegmatítico-pneumatolíticos e hidrotermais, os quais em certos pontos
apresentam notável metalização.
Os movimentos alpídicos devem ter deslocado os filões de direcção
hercínica impondo-lhes a direcção que hoje apresentam.
A direcção NNE-SSW, segundo a qual a maior parte dos filões da região
de Oliveira de Azeméis se orientam, deve ser uma consequência da acção
destes movimentos.
8
−
Um esquema de um corte transversal dos filões das
minas do Pintor, já publicado (4), mostra que, parece ser muito provável
terem os movimentos hercínicos originado
na região de Oliveira de Azeméis, pelo menos, dois sistemas
principais de falhas, que foram preenchidos pelos produtos
de diferenciação magmática que hoje constituem filões.
Ao primeiro sistema, o mais velho, pertencem as falhas correspondentes
aos filões 6 e 7 do esquema. Uma vez consolidados os produtos que
constituem estes filões, movimentos tectónicos fracturam-nos
originando as falhas correspondentes aos filões 3, 4, 5 do esquema.
9
−
Escrevi já (4), ao referir-me ao «filão grande:» das minas do
Pintor, que o tecto deste filão é ocupado por uma argila plástica, a que
os mineiros dão o nome de «borracha».
CARLOS RIBEIRO pôde observar numa galeria de pesquisa
aberta acima do leito da ribeira do Pintor uma «argila cinzenta, húmida
e muito plástica com grãos arenáceos.»
/
319 /
Aquele geólogo observou, numa galeria aberta entre o rio Antuã e a
Ladeira do Pindelo «argila mole cinzenta, imperfeitamente xistóide com
grãos de quartzo» que nalguns pontos é substituída por argila plástica
muito fina.
Argila de aspecto análogo foi observada por CARLOS RIBEIRO em Barreiros
Negros e Silveira.
Pude observar, nos cortes da estrada Oliveira de Azeméis-Vale de
Cambra, entre o Covo e a Banda de Além, o mesmo tipo de argila cinzenta
e plástica com grãos e fragmentos de quartzito com pequeno grau de
esfericidade.
Esta massa de argila está incorporada na espessa brecha que encosta ao
lado oriental dos quartzitos desta série ocidental.
Esta argila deve ser o resultado de uma caulinização hipogénica que
ocorreu durante os movimentos tectónicos, que originaram aquela brecha.
A acção de factores endogénicos, que contribuíram para a caulinização de
alguns dos nossos jazigos metalizados, tem sido posta em evidência (10).
10
−
Escrevi já que CARLOS RIBEIRO atribui a direcção N-S mg, ao eixo
longitudinal do jazigo a que me tenho referido, desde as Caldas de S.
Jorge até à ribeira do Pintor, mais ou menos.
Para o Sul daquelas minas «desce para SSO, aproximando-se cada vez mais das quartzites da faixa ocidental, até encontrá-las
no ponto onde a ribeira do Caima corta a serra... próximo de
Nespereira».
As minhas observações têm-me mostrado que o contacto dos filões do
jazigo com os quartzitos da série ocidental se
faz entre a ribeira de Cavaleiros e Pindelo de Baixo, por tanto,
mais ao Norte do ponto que CARLOS RIBEIRO assinala para esse contacto.
A brecha que denuncia esse contacto foi já demarcada, noutros estudos
(3, 5).
11
−
NERY DELGADO, que substituiu CARLOS RIBEIRO na
direcção da Comissão do Serviço Geológico, no seu estudo «Contribuições
para o estudo dos terrenos paleozóicos» faz algumas referências às
rochas da região de Oliveira de Azeméis (6).
Num corte E-W, segundo o paralelo da Vila da Feira, N. DELGADO incluiu
algumas referências aos xistos luzentes e quartzitos da região em
estudo.
Aos quartzitos, postos em evidência pela primeira vez por CARLOS
RIBEIRO, refere-se N. DELGADO considerando-os subordinados a micaxistos
e xistos luzentes nos arredores de Romariz.
/
320 /
NERY DELGADO nos arredores de Romariz observou a repetição das camadas
de quartzitos, intercaladas nos micaxistos, facto que atribui aos
efeitos de um dobramento.
12
−
Outro geólogo que também dedicou a sua atenção à região de
Oliveira de Azeméis, foi SOUSA-BRANDÃO.
VICENTE CARLOS DE SOUSA-BRANDÃO, ilustre cristalógrafo, que trabalhou na
Comissão do Serviço Geológico de Portugal, pôs em evidência algumas
formações petrográficas daquela região.
Aquele ilustre investigador viveu em Carregosa, aldeia do concelho de
Oliveira de Azeméis, onde possuía uma
quinta
−
a Casa do Souto da Ínsua
−
e na qual faleceu no
dia 8 de Setembro de 1916 (7).
Naquela quinta, vivem actualmente a esposa e uma filha daquele ilustre
homem de ciência.
|
|
|
Fig. 1 |
|
Fig. 2 |
Dois aspectos da casa em que viveu e morreu SOUSA-BRANDÃO.
Casa do Souto da Ínsua. Carregosa |
1.3
−
No precâmbrico do Distrito de Aveiro, a que SOUSA-BRANDÃO dedicou
um estudo (2), segundo a sua opinião existe «uma sella ou prega
anticlinal» cujo eixo tem
aproximadamente a direcção N-32-W.
A faixa de filites porfiroblásticas, assim como os quartzitos são, para
SOUSA-BRANDÃO, traços tectónicos proeminentes do precâmbrico da região.
Aquele geólogo admite que o anticlinal dividiu os quartzitos, que constituíam uma única «assentada», em «duas
pernadas aprumadas».
/
321 /
14
−
As conclusões sobre a metalização do subsolo da, região em estudo,
a que chegou SOUSA-BRANDÃO, diferem parcialmente das de CARLOS RIBEIRO.
SOUSA-BRANDÃO não nega a existência do «grande filão metalífero»
intimamente relacionado com a série ocidental dos quartzitos.
Admite, contudo, a existência de outro filão que acompanha e penetra a série oriental dos quartzitos.
Baseia esta suposição no facto de ter observado «quartzo de filão
recoberto de óxido de ferro» para sul da Pedra Má de Pindelo.
Observações que tenho realizado na Pedra Má de Pindelo mostraram-me,
encaixados nos próprios quartzitos, pequenos filões assim como brechas
de falha, mas sem características que me levem a concordar com
SOUSA-BRANDÃO, isto é, aceitar um outro «grande filão metalífero»
associado com a série oriental dos quartzitos.
Na parte oriental do corte nos quartzitos da série oriental (Pedra-Má)
aberto pela estrada Oliveira de Azeméis-Carregosa, observei a existência de um filão de quartzo, associado a massa
xistosa, com 18 cm de espessura, atravessado por uma microfalha, assim
como massas quartzosas associadas a pirite e arsenopirite.
Estes factos, assim como os apontados por SOUSA-BRANDÃO, são simples
vestígios comparados com as espessas brechas encostadas à série ocidental
dos quartzitos ou jazendo a curta distância.
Segundo a minha actual opinião, aqueles filões não indicam a existência
de um filão que acompanha os quartzitos da série oriental, mas de
pequenas fissuras e fracturas preenchidas pelos produtos de consolidação
de soluções hidrotermais e pneumatolíticas contemporâneas das que
metalizaram
a brecha associada à série ocidental.
O «grande filão metalífero» de CARLOS RIBEIRO deve corresponder à
espessa massa brechóide de extensão contínua que já reconheci desde
Nogueira do Cravo até ao Sul da Banda de Além e sem dúvida se deve
prolongar até ao rio Caima, sempre encostada à série ocidental dos
quartzitos.
Suponho, como já tenho acentuado, ser o «filão grande das minas do
Pintor, a continuação setentrional daquela
brecha quartzítica.
Para oriente do «filão grande» existem outros filões de natureza
hidrotermal e pegmatítica-pneumatolítica que são constituídos pelos produtos de
consolidação de soluções
magmáticas que foram injectadas entre lábios de falhas.
/
322 /
É provável que tenham sido ramificações destes filões que atingiram os quartzitos da série oriental e que ficaram a
constituir os vestígios que, para SOUSA-BRANDÃO, denunciavam o «grande filão» de E, paralelo ao de W, reconhecido
por CARLOS RIBEIRO.
Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra.
Setembro de 1946
GASPAR SOARES DE CARVALHO
Assistente da Universidade de Coimbra
Bolseiro do Instituto para a Alta Cultura
NOTA BIBLIOGRÁFICA
1
−
ANDRADE (C. F.)
−
Algumas considerações sobre a geologia dos
arredores de Espinho e das Caldas de S. Jorge. Bol. do Museu e
Laboratório Min. e Geol. da Universidade de Lisboa., n.os 7-8; 3.ª
série, 1938,1940, Lisboa.
2
−
BRANDÃO (V. S.)
−
A faixa occidental das phyllites porphyroblásticas
do precambrico do Distrito de Aveiro. «Com. Serv. Geol. de Portugal.,
tomo X, 1914, Lisboa.
3
−
CARVALHO (G. S.)
−
Observações para a interpretação da tectónica da
região de Oliveira de Azeméis. «Rev. da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra,
vol. XI lI, n.º 2, 1945, Coimbra.
4
−
CARVALHO (G. S.)
−
Algumas considerações sobre os aspectos petrográficos da região de Oliveira de Azemeis. Rev. da Faculdade de Ciências
da Universidade de Coimbra., vol. XIII, n.º 1, 1944, Coimbra.
5
−
CARVALHO (G. S.)
−
Considerações sobre dois perfis geológicos da
região de Oliveira de Azeméis. «Arquivo do Distrito de Aveiro, n.º
46, 1946, Aveiro.
'6
−
DELGADO (J F. N.)
−
Contribuições para o estudo dos terrenos paleozóicos. «Com. Serv. Geol. de Portugal», tomo VI, 1904-1907, Lisboa.
7
−
FORJAZ (A. P.)
−
Vida de um cristalógrafo português. «Anais da
Academia Polytechnica do Porto», tomo XIII, 1919. Porto.
8
−
RIBEIRO (C.)
−
Memória sobre o grande filão metalífero que passa ao
nascente de Albergaria-a-Velha e Oliveira de Azeméis. «Mem. da Academia Real
das Ciências de Lisboa», nova série, tomo II, parte lI,
1861, Lisboa.
9
−
NEIVA (J. M. C.)
−
Granitos e jazigos minerais de diferenciação magmática das Beiras e Norte de
Portugal, «Estudos, Notas e Trabalhos do Serviço de Fomento Mineiro» fascs.
I-II, Vol. I, 1945, Porto.
10
−
NEIVA (J. M. C.)
−
Jazigos portugueses de cassiterite e de volframite. «Com. Serv. Geol.
de Portugal», tomo XXV, 1944, Lisboa.
|