G. Soares de Carvalho, Formações geológicas do distrito de Aveiro, vol. XII, pp. 313-322

SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO

DAS FORMAÇÕES GEOLÓGICAS

DO DISTRITO DE AVEIRO

CONSIDERAÇÕES SOBRE ALGUNS ESTUDOS DE GEÓLOGOS PORTUGUESES RELATIVOS À REGIÃO DE OLIVEIRA DE AZEMÉIS (DISTRITO DE AVEIRO)


1
Alguns dos geólogos, que se têm preocupado com a geologia de Portugal e que viveram no período de grande entusiasmo pelos estudos geológicos da nossa Pátria que abrangeu os fins do século XIX e primeiros anos do nosso século, focaram nas suas publicações a região de Oliveira de Azeméis.
 

2 CARLOS RIBEIRO, que foi Director da Comissão Geológica de Portugal, percorreu a região de Oliveira de Azeméis e nela realizou observações sobre a sua geologia.

Numa memória (8), aquele ilustre geólogo faz diversas referências à geologia da região, a algumas das quais me refiro a seguir.

O estudo de CARLOS RIBEIRO refere-se principalmente à metalização do subsolo da região.

O «grande filão metalífero» que aquele geólogo estudou é constituído por uma «série de afloramentos pertencentes a um só jazigo que demora às distâncias de dois a quatro e meio quilómetros a E. de Souto Redondo, S. João da Madeira, Oliveira de Azeméis e Albergaria-a-Velha».

É CARLOS RIBEIRO o primeiro que põe em destaque os quartzitos que constituem duas linhas de cumeadas, mais ou menos paralelas, que atravessam a zona oriental da região de Oliveira de Azeméis. / 314 /

Essas duas linhas de cumeadas ocupam uma extensão de 16 quilómetros, desde as Caldas de S. Jorge até ao rio Caima e estão afastadas cerca de 2 quilómetros no máximo de afastamento (8).

A série de cumeadas mais oriental constitui as «serras» de Romariz, Cesar, Lordelo, Pereiro, etc. A série ocidental constitui as «serras» de Cercosa, dos Sinos, do Ponto, das Lobadas, etc. (8).

3 As primeiras referências sobre a metalização da região de Oliveira de Azeméis são ainda da autoria de CARLOS RIBEIRO (8).

CARLOS RIBEIRO reconheceu na área hoje ocupada pelas minas do Pintor a existência de «pirite cúprica, pirites férrica e arsenical alteradas» e óxido negro de cobre.

Na pesquisa que foi realizada na Ladeira do Pindelo aquele geólogo reconheceu a existência de pirite, calcopirite e cristais de galena.

Dois poços abertos 2,6 quilómetros a Sul de Pindelo mostraram a CARLOS RIBEIRO ausência de minerais de arsénio, reduzindo-se a metalização das zonas superficiais do jazigo aos óxidos e hidróxidos de ferro.

CARLOS RIBEIRO considera o jazigo que estudou como jazigo de cobre, a que dá particular valor.

...«O cobre faz um importante papel entre as substâncias metálicas encontradas neste jazigo», escreveu aquele geólogo.

É interessante notar que o «grande filão metalífero» nas minas do Pintor tem sido desde há muito tempo utilizado para a exploração de arsenopirite. Durante a última conflagração mundial, também, se tentou aproveitar a volframite que aparece associada à arsenopirite de alguns filões daquelas minas.

Os próprios registos existentes na Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis evidenciam que foi o cobre que atraiu pela primeira vez a atenção do Homem para o «grande filão metalífero».

No livro de registos existente naquela Câmara Municipal pode ler-se:

«Manuel Luiz Ferreira, de Albergaria a Velha... tendo feito... um manifesto de humas veias de metal em tres d'Outubro de mil oitocentos cincoenta e quatro no sitio do lugar da Ladeira freguesia de Pindelo, deste Concelho de Oliveira d'Azemeis e no qual protestava vir novamente declarar a qualidade do metal logo que lhe fosse conhecido, o vem agora fazer declarando que pela pesquiza que tem feito nas ditas veias descobrira que o minério é afloramento de Cobre, e galena de chumbo e referindo-se em / 314 / tudo ao dito manifesto feito em três d'Outubro, declara que as suas veias se estendem pelo Norte athé a feira dos vinte e sete de Nogueira do Cravo.

De uma relação, anexa a um ofício do Governo Civil de Aveiro, datado de 6 de Fevereiro de 1866, enviada ao Presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azemeis em que se pedia uma nota das minas do Concelho em exploração, transcrevo o seguinte:


RELAÇÃO DAS MINAS D'ESTE CONCELHO QUE ANDÃO EM EXPLORAÇÃO EM TRABALHOS DE PESQUIZA, E MANIFESTADAS MAS NÃO ABANDONADAS

Localidade

Qualidade do minério

Nomes
dos registadores

Data do registo Observações

Sitio dos Pocinhos de Macieira ou Muinhos do Pintor e Macieira

Cobre
 

Manuel Luiz Ferreira e Manuel Ignácio da Silva d'AIbergaria

23/Set./de 1854 Obtiverão portaria em que forão reconhecidos proprietários legaes em 21 de janeiro de 1857 constando andar em exploração

Ladeira,
freguesia de
Pindelo

Cobre Manuel Luiz Ferreira e Manuel Ignácio da Silva, d'Albergaria 3/0ut./de 1854 Concedida concessão defenitiva em 20 de Agosto de 1860

Valuga,
freguesia de
Ossela

Chumbo Manuel Marques da Silva e José Carneiro Guimarães 25/Dez./de 1854 Concessão defenitiva em 20 de Julho de 1863

Apesar de CARLOS RIBEIRO conhecer a existência de arsénio no jazigo não lhe dá a importância que posteriormente aquele elemento emprestou ao jazigo.

A volframite, a que CARLOS RIBEIRO não faz referência, parece que só se encontra nas zonas profundas de alguns filões.

Durante a activa procura de volframite no início da última grande guerra, a volframite foi encontrada nos arredores orientais das minas do Pintor, tendo sido feitos registos que indicam a existência daquele mineral em Presas (Nogueira do Cravo) e Mirões (Cesar).
 

4 Posteriormente a CARLOS RIBEIRO nenhum geólogo se preocupou com a metalização do jazigo que aquele geólogo descreveu.

Mas, creio que a tal jazigo vai ser dada a atenção, como se pode deduzir de um estudo publicado recentemente (9), que CARLOS RIBEIRO pedia na conclusão da sua Memória: «o grande jazigo de contacto de que tenho ocupado nesta / 316 / Memória, oferece os mais sérios e veementes indícios de um vasto jazigo de cobre e de outras substâncias úteis associadas, parte das quais pode ser a prata, o cobalto e o níquel, e cuja lavra será muito esperançosa, se a inteligência e coragem presidirem à execução dos trabalhos, que cumpre empreender para o seu devido aproveitamento».


5
O estudo de CARLOS RIBEIRO encerra alguns elementos que podem servir para o estudo da tectónica do precâmbrico do Distrito de Aveiro.

A Orientação das cumeadas dos quartzitos: N-S e NN E-SSW.

B Inclinação das camadas de quartzitos. Em geral, escreve CARLOS RIBEIRO, a inclinação é oposta nas duas séries de quartzitos.

a) Série oriental: 50º a 80º E, mas nalguns locais a inclinação é menor e as camadas tanto mergulham para E como para W.

b) Série ocidental: 90º e inclinações variáveis com mergulho para W.


Em Nespereira, CARLOS RIBEIRO observou vestígios de um dobramento.

Não se pode considerar como dominantemente opostas as inclinações nas duas séries de quartzitos, como se depreende do estudo de CARLOS RIBEIRO.

Na mesma série de cumeadas, as camadas tanto mergulham para E como para W, facto que aliado à existência de anticlinais ou seus vestígios me tem levado a considerar os quartzitos como fazendo parte de dois anticlinais cujos planos axiais estão sensivelmente orientados na direcção N-S (3,4,5).
 

C Falhas apontadas por CARLOS RIBEIRO. Este geólogo atribui a uma falha a passagem do rio Antuã (ribeira de Pindelo no estudo daquele geólogo) a Sul da Ladeira do Pindelo.

Na Memória a que me tenho estado a referir pode ler-se: «Nesta encosta (Ladeira do Pindelo) os afloramentos do jazigo... erguem-se em dike... até se esconder num vale fundo onde é cortado por uma falha que dá passagem à ribeira de Pindelo, já dentro da Quinta do Covo».

Aquele geólogo refere-se, também, mais do que uma vez à falha da ribeira do Calma. / 317 /

Admite, também, a existência de fracturas, que interrompem as séries de quartzitos, orientadas na direcção E-W.

«Essas fracturas são simples soluções de continuidade nas camadas, ou serras de quartzitos em questão...» e formam «os vales apertados e de paredes abruptas por onde correm as ribeiras de S. João, do Pintor e do Pindelo», escreveu aquele ilustre geólogo.

As soluções de continuidade nas camadas ou cumeadas de quartzitos, pelo menos, aquelas que a ribeira de Cavaleiros, a ribeira do Pintor e o rio Antuã aproveitam para vencer o obstáculo que as colinas de quartzitos constituem para os seus cursos, parecem não estar relacionadas com falhas orientadas segundo E- W.

São raras as falhas de direcção E-W, consequência de movimentos alpídicos. no nosso País (I).

Ainda que nada me possa levar a negar a existência na região de Oliveira de Azeméis de falhas com aquela direcção, julgo ser mais lógico admitir aquelas soluções de continuidade como consequências de movimentos alpídicos que actuaram na região segundo a direcção NE-SW ou segundo a direcção perpendicular a esta.

Essa suposição resulta dos seguintes factos:

a) A ribeira de Cavaleiros a oriente da série W dos quartzitos corre segundo a direcção NE-SW. Esta ribeira ao encontrar os quartzitos flecte o seu curso para o Norte ou vizinha, para atravessar os quartzitos e continuar a correr, depois de os atravessar, com a direcção NE-SW.

b) Facto semelhante se pode observar com a ribeira do Pintor a Ocidente das minas do Pintor, com o rio Antuã nas Fuseiras (Covo) e na Pedra Mó de Pindelo.

Espero saber até que ponto esta suposição é verdadeira com as observações para realizar o estudo da tectónica da região que tenho em curso.


6
Quando CARLOS RIBEIRO percorreu a região de Oliveira de Azeméis, no local das actuais Minas do Pintor, afloramentos brechiformes, não contínuos, nem com espessura uniforme, erguiam-se «em dike à flôr da terra».

A direcção daqueles afloramentos coincide com a da xistosidade da rocha encaixante (N-S e N-10º-E).

Quanto à inclinação dos afloramentos CARLOS RIBEIRO diz que «penetram no interior do solo com uma inclinação quase sempre para Nascente em ângulos de 65º a 80º». / 318 /

Estas observações de CARLOS RIBEIRO estão de acordo com as que na região de Oliveira de Azeméis tenho realizado.

De um estudo, já publicado (3), pode tirar-se a conclusão de que a direcção NNE-SSW é dominante nos filões da região de Oliveira de Azeméis, incluindo os filões das minas do Pintor.


7
A região de Oliveira de Azeméis está incorporada na província metalogenética estanífera e tungsténica do maciço Hespérico definida pelo Doutor COTELO NEIVA (10) que acentua a interdependência dos jazigos daquela província, particularmente os de volframite e cassiterite, com a tectónica hercínica.

Os dobramentos hercínicos no Norte do nosso País orientam-se segundo as direcções NNW-SSE ou às vezes N-S.

Na região de Oliveira de Azeméis é certo que os movimentos hercínicos operaram segundo aquelas direcções.

As falhas e fracturas resultantes foram, posteriormente ou simultaneamente com os movimentos, preenchidas com produtos pegmatítico-pneumatolíticos e hidrotermais, os quais em certos pontos apresentam notável metalização.

Os movimentos alpídicos devem ter deslocado os filões de direcção hercínica impondo-lhes a direcção que hoje apresentam.

A direcção NNE-SSW, segundo a qual a maior parte dos filões da região de Oliveira de Azeméis se orientam, deve ser uma consequência da acção destes movimentos.


8
Um esquema de um corte transversal dos filões das minas do Pintor, já publicado (4), mostra que, parece ser muito provável terem os movimentos hercínicos originado na região de Oliveira de Azeméis, pelo menos, dois sistemas principais de falhas, que foram preenchidos pelos produtos de diferenciação magmática que hoje constituem filões.

Ao primeiro sistema, o mais velho, pertencem as falhas correspondentes aos filões 6 e 7 do esquema. Uma vez consolidados os produtos que constituem estes filões, movimentos tectónicos fracturam-nos originando as falhas correspondentes aos filões 3, 4, 5 do esquema.


9
Escrevi já (4), ao referir-me ao «filão grande:» das minas do Pintor, que o tecto deste filão é ocupado por uma argila plástica, a que os mineiros dão o nome de «borracha».

CARLOS RIBEIRO pôde observar numa galeria de pesquisa aberta acima do leito da ribeira do Pintor uma «argila cinzenta, húmida e muito plástica com grãos arenáceos.» / 319 /

Aquele geólogo observou, numa galeria aberta entre o rio Antuã e a Ladeira do Pindelo «argila mole cinzenta, imperfeitamente xistóide com grãos de quartzo» que nalguns pontos é substituída por argila plástica muito fina.

Argila de aspecto análogo foi observada por CARLOS RIBEIRO em Barreiros Negros e Silveira.

Pude observar, nos cortes da estrada Oliveira de Azeméis-Vale de Cambra, entre o Covo e a Banda de Além, o mesmo tipo de argila cinzenta e plástica com grãos e fragmentos de quartzito com pequeno grau de esfericidade.

Esta massa de argila está incorporada na espessa brecha que encosta ao lado oriental dos quartzitos desta série ocidental.

Esta argila deve ser o resultado de uma caulinização hipogénica que ocorreu durante os movimentos tectónicos, que originaram aquela brecha.

A acção de factores endogénicos, que contribuíram para a caulinização de alguns dos nossos jazigos metalizados, tem sido posta em evidência (10).


10
Escrevi já que CARLOS RIBEIRO atribui a direcção N-S mg, ao eixo longitudinal do jazigo a que me tenho referido, desde as Caldas de S. Jorge até à ribeira do Pintor, mais ou menos.

Para o Sul daquelas minas «desce para SSO, aproximando-se cada vez mais das quartzites da faixa ocidental, até encontrá-las no ponto onde a ribeira do Caima corta a serra... próximo de Nespereira».

As minhas observações têm-me mostrado que o contacto dos filões do jazigo com os quartzitos da série ocidental se faz entre a ribeira de Cavaleiros e Pindelo de Baixo, por tanto, mais ao Norte do ponto que CARLOS RIBEIRO assinala para esse contacto.

A brecha que denuncia esse contacto foi já demarcada, noutros estudos (3, 5).


11
NERY DELGADO, que substituiu CARLOS RIBEIRO na direcção da Comissão do Serviço Geológico, no seu estudo «Contribuições para o estudo dos terrenos paleozóicos» faz algumas referências às rochas da região de Oliveira de Azeméis (6).

Num corte E-W, segundo o paralelo da Vila da Feira, N. DELGADO incluiu algumas referências aos xistos luzentes e quartzitos da região em estudo.

Aos quartzitos, postos em evidência pela primeira vez por CARLOS RIBEIRO, refere-se N. DELGADO considerando-os subordinados a micaxistos e xistos luzentes nos arredores de Romariz. / 320 /

NERY DELGADO nos arredores de Romariz observou a repetição das camadas de quartzitos, intercaladas nos micaxistos, facto que atribui aos efeitos de um dobramento.


12
Outro geólogo que também dedicou a sua atenção à região de Oliveira de Azeméis, foi SOUSA-BRANDÃO.

VICENTE CARLOS DE SOUSA-BRANDÃO, ilustre cristalógrafo, que trabalhou na Comissão do Serviço Geológico de Portugal, pôs em evidência algumas formações petrográficas daquela região.

Aquele ilustre investigador viveu em Carregosa, aldeia do concelho de Oliveira de Azeméis, onde possuía uma quinta a Casa do Souto da Ínsua e na qual faleceu no dia 8 de Setembro de 1916 (7).

Naquela quinta, vivem actualmente a esposa e uma filha daquele ilustre homem de ciência.

 

Fig. 1

 

Fig. 2

Dois aspectos da casa em que viveu e morreu SOUSA-BRANDÃO. Casa do Souto da Ínsua. Carregosa


1.3
No precâmbrico do Distrito de Aveiro, a que SOUSA-BRANDÃO dedicou um estudo (2), segundo a sua opinião existe «uma sella ou prega anticlinal» cujo eixo tem aproximadamente a direcção N-32-W.

A faixa de filites porfiroblásticas, assim como os quartzitos são, para SOUSA-BRANDÃO, traços tectónicos proeminentes do precâmbrico da região.

Aquele geólogo admite que o anticlinal dividiu os quartzitos, que constituíam uma única «assentada», em «duas pernadas aprumadas». / 321 /


14
As conclusões sobre a metalização do subsolo da, região em estudo, a que chegou SOUSA-BRANDÃO, diferem parcialmente das de CARLOS RIBEIRO.

SOUSA-BRANDÃO não nega a existência do «grande filão metalífero» intimamente relacionado com a série ocidental dos quartzitos.

Admite, contudo, a existência de outro filão que acompanha e penetra a série oriental dos quartzitos.

Baseia esta suposição no facto de ter observado «quartzo de filão recoberto de óxido de ferro» para sul da Pedra Má de Pindelo.

Observações que tenho realizado na Pedra Má de Pindelo mostraram-me, encaixados nos próprios quartzitos, pequenos filões assim como brechas de falha, mas sem características que me levem a concordar com SOUSA-BRANDÃO, isto é, aceitar um outro «grande filão metalífero» associado com a série oriental dos quartzitos.

Na parte oriental do corte nos quartzitos da série oriental (Pedra-Má) aberto pela estrada Oliveira de Azeméis-Carregosa, observei a existência de um filão de quartzo, associado a massa xistosa, com 18 cm de espessura, atravessado por uma microfalha, assim como massas quartzosas associadas a pirite e arsenopirite.

Estes factos, assim como os apontados por SOUSA-BRANDÃO, são simples vestígios comparados com as espessas brechas encostadas à série ocidental dos quartzitos ou jazendo a curta distância.

Segundo a minha actual opinião, aqueles filões não indicam a existência de um filão que acompanha os quartzitos da série oriental, mas de pequenas fissuras e fracturas preenchidas pelos produtos de consolidação de soluções hidrotermais e pneumatolíticas contemporâneas das que metalizaram a brecha associada à série ocidental.

O «grande filão metalífero» de CARLOS RIBEIRO deve corresponder à espessa massa brechóide de extensão contínua que já reconheci desde Nogueira do Cravo até ao Sul da Banda de Além e sem dúvida se deve prolongar até ao rio Caima, sempre encostada à série ocidental dos quartzitos.

Suponho, como já tenho acentuado, ser o «filão grande das minas do Pintor, a continuação setentrional daquela brecha quartzítica.

Para oriente do «filão grande» existem outros filões de natureza hidrotermal e pegmatítica-pneumatolítica que são constituídos pelos produtos de consolidação de soluções magmáticas que foram injectadas entre lábios de falhas. / 322 /

É provável que tenham sido ramificações destes filões que atingiram os quartzitos da série oriental e que ficaram a constituir os vestígios que, para SOUSA-BRANDÃO, denunciavam o «grande filão» de E, paralelo ao de W, reconhecido por CARLOS RIBEIRO.

Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra. Setembro de 1946

GASPAR SOARES DE CARVALHO
Assistente da Universidade de Coimbra
Bolseiro do Instituto para a Alta Cultura


NOTA BIBLIOGRÁFICA

1 ANDRADE (C. F.) Algumas considerações sobre a geologia dos arredores de Espinho e das Caldas de S. Jorge. Bol. do Museu e Laboratório Min. e Geol. da Universidade de Lisboa., n.os 7-8; 3.ª série, 1938,1940, Lisboa.

2 BRANDÃO (V. S.) A faixa occidental das phyllites porphyroblásticas do precambrico do Distrito de Aveiro. «Com. Serv. Geol. de Portugal., tomo X, 1914, Lisboa.

3 CARVALHO (G. S.) Observações para a interpretação da tectónica da região de Oliveira de Azeméis. «Rev. da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, vol. XI lI, n.º 2, 1945, Coimbra.

4 CARVALHO (G. S.) Algumas considerações sobre os aspectos petrográficos da região de Oliveira de Azemeis. Rev. da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra., vol. XIII, n.º 1, 1944, Coimbra.

5 CARVALHO (G. S.) Considerações sobre dois perfis geológicos da região de Oliveira de Azeméis. «Arquivo do Distrito de Aveiro, n.º  46, 1946, Aveiro.

'6 DELGADO (J F. N.) Contribuições para o estudo dos terrenos paleozóicos. «Com. Serv. Geol. de Portugal», tomo VI, 1904-1907, Lisboa.

7 FORJAZ (A. P.) Vida de um cristalógrafo português. «Anais da Academia Polytechnica do Porto», tomo XIII, 1919. Porto.

8 RIBEIRO (C.) Memória sobre o grande filão metalífero que passa ao nascente de Albergaria-a-Velha e Oliveira de Azeméis. «Mem. da Academia Real das Ciências de Lisboa», nova série, tomo II, parte lI, 1861, Lisboa.

9 NEIVA (J. M. C.) Granitos e jazigos minerais de diferenciação magmática das Beiras e Norte de Portugal, «Estudos, Notas e Trabalhos do Serviço de Fomento Mineiro» fascs. I-II, Vol. I, 1945, Porto.

10 NEIVA (J. M. C.) Jazigos portugueses de cassiterite e de volframite. «Com. Serv. Geol. de Portugal», tomo XXV, 1944, Lisboa.

 

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