Luís Alves da Cunha, Homens de Mogofores, Vol. X, pp. 168-198.

HOMENS DE MOGOFORES

EXPLICAÇÃO PRELIMINAR

Durante anos entretive-me a coligir estas notas, vagarosamente, sem cuidados na forma nem preocupações de finalidade, só pelo prazer de revolver as cinzas do passado da minha terra. São simples rebusco de história e apontamentos biográficos incompletos que dormiram longo tempo no canto da gaveta; coisas insignificantes para outros, mas interessantes para nós, filhos de Mogofores.

Vêm agora a lume com o fim de evitar o declínio de velhas tradições locais que se vão apagando na memória do povo, e dar aos meus conterrâneos menos lidos o ensejo de conhecerem a nossa terra e os homens que a honraram legando-nos, em notáveis feitos e virtudes, um rico património espiritual.

Estes homens não podem ser esquecidos. Devemos respeitar a sua memória como relíquia veneranda dum passado em que refulgem nomes que são o brasão da nossa terra.

Desta aldeia de há 50 anos, que foi o fulcro da vida elegante bairradina, conservo ainda viva lembrança.

Vi-a enaltecida e prestigiada pelas recepções das salas do Dr. Acácio de Seabra, que se tornaram famosas, e por mil divertimentos ruidosos promovidos pelos rapazes da terra. Numerosa e brilhante concorrência de forasteiros produzia um bulício contínuo e festivo que eu olhava encantado, apesar de viver à margem dele.

Foi sob o influxo destas gratas recordações que me dei ao presente trabalho.

É superficial e deficiente como as minhas luzes, mas representa o tributo sincero dum patrício humilde.

Curia, 1944.

LUÍS ALVES DA CUNHA

Página anterior

Índice

Página seguinte