Vol.
VI − N.º 24 − 1940
MACIEIRA DE ALCÔBA, DO CONCELHO DE ÁGUEDA
SUA CARTA DE FORO DE EL REI D. DENIZ.
− FORAL DE EL REI D. MANUEL I
CONCEDENDO PRIVILÉGIOS AO PRÉSTIMO E TERRAS DO SEU TERMO. − CASA DA
APOSENTADORIA DA ANTIGA VILA E CONCELHO DO PRÉSTIMO. − SENHORIO DO
PRÉSTIMO E TERRAS DO SEU TERMO − MACIEIRA DE ALCOBA E TALHADAS EM POSSE
DE DONATÁRIOS.
SITUADA
a 25 quilómetros de Águeda, Macieira de Alcôba confina pelo
norte com Destriz e Campia, ao nascente com Paranho de Arca, ao sul com
São João do Monte e ao poente com o Préstimo.
É terra de aspecto agradável e alegre, muito saudável e abundante de
boas águas.
Foi reguengo a terra de Macieira de Alcôba desde os princípios da
Monarquia até os fins do século XV.
E nos fins do século XV o senhorio de Macieira de Alcôba passou a
pertencer a diferentes donatários por mercês graciosas dos Reis.
I
CARTA DE FÔRO DE EL REI D. DENIZ
Esta mesma Carta, que é documento autêntico, prova ter sido reguengo a
terra de Macieira de Alcôba.
É do teor seguinte:
«Carta de fforo duum monte regaengo que e no logar que chamam molha pam
na aldeya de macieeira.
Dom Denis pela graça de deus Rey de Portugal e do Algarue. A quantos
esta carta viren: faço saber que eu dou e outorgo a fforo pera todo
/
246 / sempre a uos joham gonçaluez a uossa molher maria dominguez e a
uos pero tome e a uossa molher amjga martinz e a uoz martjm martjnz e a
uossa molher Tareya martinz e a uos pero tome e a uossa molher giralda
martjnz e a uos joham gonçalues e a uossa molher Ermesenda ioannes e a
uos joham perez e a uossa molher maria dominguez a uos steuam perez e a
uossa molher Elujra dominguez E a todos uossos sucessores o meu monte
regueengo por arromper: que eu ey no logar que chamam molha pam e
lauadojro que jaz no termho da aldeia de Maceeira do monte dalcobar e
todo o outro herdamento que he por arromper que ias no termho desa
aldeya de maceeira assi como parte pelo Couto e pela agua do fumo e desi
como uay afondo ao ual da Carmaam e desi per esse vaI affesto e uay
dereitamente aas uias dos ferreiros e dalj uay a defeito aa Cabeça do
ual da
corça e dali como uay uertente agua da lama aa foz de ffernando e dali
como uay pela uea Geda partindo com sancta crux e uay defeito aa foz de
mata degas e daly ao porto da madejra e desi como parte com o termho do
junceiro e uay dereitamente ao outeyro do rressayo e dali como uay ao
ffoio e dali como uay a dereito per essa serra uertente agua
dereitamente ao conto sobredicto per tal perito que uos e todos uossos
sucessores arrompadees e lauredees e fruitiuiguedees o dito monte todo
assi como he deuisado pelos termhos sobredictos. E dedees ende a mjm e a
todos meus sucessores en cada huum ano conpridamente a quinta parte do
pam e do vjnho e da legumha e do linho que deus hi der aa eira e aa bica
do lagar. E cada que quisserdees debulhar des dia de santiago adeante e
deuedes achamar hi o meu mordomo
ou aquem essa terra por mjm teuer debulhardes com ele ou per seu mandado
dardes ende a mjm conpridamente o meu defeito e outrossi deuedes a
trazer quando quisserdes uendimhar. Item deuedees por foros hüde trygo
de paam do monte e sex alquejres de segunda dou tono qual hy ouuer e sex
alquejres de milho. Item por dia de ssam migel de setembro dons capeens
e por corrazil huum soldo e duas estiuas de linho se o hy ouuer. E uos
nem uossos sucessores nom deuedees uender nem dair nem enpenhar nem em
nenhúa manejra en alhear o dicto monte e herdamento rregueengo nem parte
dele e ordjm nem a caualeiro nem a escudeiro nem
a clerigo nem a dona nem a nenhúa pessoa rreligiosa. Mais se uender ou
dair ou enpenhar quisserdes o dito herdamento ou parte dele fazedeo aa
tal pessoa, que faça ende a mjm e ai todos meus sucessores em cada huum
ano conpridamente os dictos foros. En testemunhyo desta cousa dey ende a
uos esta carta. Dada en a Guarda dez e sete dias de junhyo. El Rey o
mandou pelo chanceler pero perez a ffez. Era mjl cccxxxvj.anos.» (17 de
junho de 1298 anos de Cristo). − ( V. Arq. Nacional da Torre do Tombo.
Chancel.ª de D. Deniz − Lº 4.º fl. 9).
Tradução da mesma Carta com a actualização e explicação de algumas
expressões nela contidas:
«Carta de Foro de um Monte Reguengo que é no sítio da Malhada do
Pousadouro, na aldeia de Macieira.
Dom Deniz, pela Graça de Deus, Rei de Portugal e do Algarve. A quantos
esta Carta virem faço saber que Eu dou e outorgo a foro (prazo) para
todo sempre a vós João Gonçalves e a vossa mulher Maria Domingues, e a
vós Pero Tomé e a vossa mulher Amica.Martins, e a vós Martim Martins e a
vossa mulher Tereza Martins, e a vós Pero (Pedro) Tomé e a vossa mulher
Geralda Martins, e a vós João Gonçalves e a vossa mulher Ermesinda
Joanes, e a vós João Peres e a vossa mulher Maria Domingues, e a vós
Estevão Peres e a vossa mulher Elvira Domingues − E − a todos os vossos
sucessores, o meu Monte Reguengo por arrotear, que eu possuo no lugar
que chamam Malhada do Pousadouro, e Lavadouro que é sito no
/ 247 /
termo da aldeia de Macieira de Alcôba, e toda a outra herdade que é por
arrotear, que é sita no limite dessa aldeia de Macieira: assim como
parte
pelo Couto, a) e pela Água do Fumo, b) e daí descendo até o Vale da
Carmoa, c) e daí, por esse Vale a direito; e vai direitamente aos
caminhos de A-dos-ferreiros (hoje estrada), e dali, a direito, à Cabeça
do Vale da Côrça, d) dali como vai, vertente água da Lama, à Foz de
Fernando, e) e dali como
vai pelo Rio Águeda, f) partindo com Santa Cruz, g) e vai direito à Foz
de Matadegas (carga do Vale Trapa), e dali ao Porto da Madeira (Cambeiros
a
sul da Quinta Amarela), e daí como parte com o limite do Junqueiro
(monte), e vai direitamente ao outeiro do Roçairo (serra da Urgueira que
fica a sueste e leste da mesma povoação da Urgueira), e dali como vai ao
fôjo
(próximo do Vale das Loendreiras), e dali como vai a direito por essa
serra − vertente água (Monte Pedrogo), direitamente ao Couto sobredito, com
tal condição que vós e todos os sucessores arroteareis, lavrareis e
afrutareis o dito Monte, todo assim como é demarcado pelos limites
sobreditos.
E dareis, todavia, a mim e a todos os meus sucessores em cada um ano,
pontualmente, a quinta parte do pão e do vinho, e de legumes, h) e do
linho, que Deus aí der à eira e à bica do lagar. E cada um de vós que
queira debulhar, desde o dia de Santiago em diante, deveis chamar aí o
meu Mordomo, ou a quem essa terra por mim tiver, debulhardes com ele ou,
por seu mandado, dardes todavia a mim, pontualmente, o meu direito, e
outro sim deveis fazer quando quiserdes vindimar.
Item − deveis (pagar) por foros uma teiga i) de trigo de pão do Monte e
seis alqueires de segunda de Outono, j) qual aí houver, e seis alqueires
de milho.
Item − por dia de São Miguel de Setembro dois capões, por corazil um
soldo, I) e duas estivas de linho, m) se o ai houver. E vós, nem vossos
sucessores, não deveis vender, nem dar, nem empenhar, nem, em nenhuma
maneira, alhear o dito Monte e herdade reguengo, nem parte dele a Ordem,
nem Cavaleiro, nem Escudeiro, nem a Clérigo, nem a Dona, nem a nenhuma
pessoa religiosa. n) Mas, se vender, ou dar, ou empenhar quiserdes a
dita herdade, ou parte dela, fazei-o a tal pessoa que faça todavia a mim
e a todos
os meus sucessores em cada ano, pontualmente, os ditos foros. Em testemunho
desta coisa, dei todavia a vós esta Carta. Dada em Guarda. 17 de Junho.
El-rei o mandou pelo Chanceler. Pero Peres a fez. Era − mil trezentos e
trinta e seis anos» − Ano de Cristo − 1298. − (Chanc.ª de D. Deniz,
L.º 4 afl. 9).
a) Couto. − Monte limítrofe da freguesia de Destriz, terra confinante,
do lado norte, com Macieira de Alcôba. Couto, pelo local indicado na
Carta, acima referida, − significa − outeiro, monte pequeno, que não
terreno privilegiado, equivalendo a côto − sitio alto e vistoso. Côto e
Couto, por vezes, confundiram-se na onomástica portuguesa. (V. Tent.
Etymologico-Toponymica do Dr. PEDRO AUGUSTO FERREIRA. VoI. 2.º, págs.
277 e 278).
b) Água do Fumo. − A parte da demarcação, com o nome de Água do
Fumo, é a Corga do Caselho, de Destriz. No sítio, que tem nascentes de
água em abundância, cresce erva moleirinha, tenra e de verde escuro,
conhecida por fumo da terra, da família fumaridea, série das
bipartidas − dicotiledóneas. Daqui − a razão do nome − Água do fumo.
c) Carmôa. − Vale que fica a
nascente do Salgueiro, do Préstimo.
d) Cabeça do Vale da Corça.
− Cume do Monte do Vale do Grilo.
e) Foz de Fernando. − Boca da Corga do Caldeirão por onde as águas
correm para o Rio Águeda (no sítio − Rio de Macieira). Do lado direito
desta Corga está metido um marco de pedra lousinha sem inscrição alguma.
f) Rio Águeda. − Rio que é a linha de demarcação entre Macieira de Alcôba e S. João do Monte, que segue da Foz de Fernando (Corga do
Caldeirão) à Foz de Matadegas (Corga do Vale Trapa). Este Rio, no
sitio,
tem o nome de Rio de Macieira de Alcôba.
g) Santa Cruz. − São João do Monte, ao tempo, Couto do Mosteiro de
Santa Cruz de Coimbra. Este privilégio do couto foi dado a São João
/
248 / do Monte por D. Afonso Henriques é sua mulher a Rainha D. Mafalda,
em Setembro de 1142 (anos de Cristo).
h) Legumes. − Feijão, fava,
ervilha, etc.
i) Teiga. − Antiga medida
para sólidos.
j) De segunda de Outono. − Pão de segunda é o milho e painço que é a
segunda espécie de pão, sendo o da primeira − trigo, cevada e centeio,
segundo VITERBO.
I) Sôldo. − Valia um real e mais 4/5 do real e, sendo de ouro
− 320
réis.
m) Estiva de linho. − Estiva
− diz Fr. DOMINGOS VIEIRA − é um
manipulo ou porção que se abrange entre os dedos polegar e index. Na
região caramulana, a mesma porção tem o nome de − estriga.
n) Dom Dinis proibiu às Ordens, às Igrejas, aos Eclesiásticos e aos
Nobres possuírem o Monte reguengo e herdade, em Macieira de Alcôba, por
serem territórios na maior parte incultos, e ainda por ser contra o bem
estar da classe trabalhadora e produtiva. Com esta proibição houve por
bem D. Dinis não seguir o exemplo dos primeiros Reis, seus antecessores,
que fizeram imensas Doações às Ordens, Catedrais, Mosteiros e Nobres.
*
Pela Carta de Foro, acima transcrita, com a sua versão e
anotações, se verifica:
1º − Que Macieira de Alcôba, no tempo de EI Rei D. Dinis,
já era reguengo da Coroa.
2.º − Que os limites de Macieira de Alcôba, mencionados na referida
Carta, estavam já estabelecidos no reinado de
D. Dinis.
Nota. − Próximo da Foz de Matadegas, a montante do Rio
Águeda (no sítio − Rio de S. João do Monte), em a Pena da
Firma, está uma pedra no meio do mesmo Rio, conhecida por
Pedra do Ar. Tem a dita Pedra um buraco redondo que a
atravessa de lado a lado e, por ele, pessoas supersticiosas costumam ir
passar as crianças nuas por três vezes, e outras três em
sentido contrário, para ficarem curadas do mal do ar. Na ocasião e depois, há rezas apropriadas ao acto. E isto à meia noite.
3.º − Que os sete casais, de que fala a citada Carta, eram
parentes por afinidade do sangue, como se justifica pela identidade dos apelidos das mesmas famílias de que eram constituídos.
4.º - O quantitativo dos direitos e dos foros a pagar à
Coroa e a sua forma de pagamento, tendo sido os foros em quantidades
determinadas e sabidas, e os direitos em proporção dos frutos colhidos.
5.º − Quais os termos da Licença concedida aos casais
possuidores do Monte reguengo e Herdade, já referidos.
Observação − A descendência dos supramencionados casais
acabou em Macieira de Alcôba com o decorrer dos séculos,
restando, no tempo presente, apenas duas famílias com o apelido de «Domingues», sendo uma a do autor deste artigo, de
/ 249 /
nome − JOÃO DOMINGUES AREDE, nascido em Macieira de Alcôba no dia 11 de
Dezembro de 1869, actualmente abade aposentado da Vila do Couto de
Cucujães.
II
FORAL DE EL REI D. MANUEL I
CONCEDENDO PRIVILÉGIOS AO PRÉSTIMO
E TERRAS DO SEU TERMO − MACIEIRA DE ALCÔBA E TALHADAS
Este Foral, datado de 6 de Fevereiro de 1514, é mais outro
documento autêntico a provar que Macieira de Alcôba continuava reguengo da Coroa nos princípios do reinado de
El Rei
D. Manuel l e que, ainda no mesmo reinado, fora dado em fôro
a diferentes Senhorios Directos Donatários da Real Coroa.
E isto, por certo, desde os fins do século XV em diante.
Pela leitura do Foral do Préstimo se vê que certos e especificados casais eram reguengos,
isto é, tinham a Coroa como
donatária, e os seus possuidores pagavam um determinado fôro.
Há a considerar, porém, que essa Terra do Préstimo, além dos
casais citados tinha muitos outros não reguengos, que podiam ser doutro
Senhorio ou até alodiais, pertencendo ao proprietário.
Como nos interessa, para
este estudo, só a terra de Macieira
de Alcôba, do mesmo Foral transcrevemos o seguinte:
« Foral da terra de préstimo per jnquiricoões.»
«Dom Manuel per graça de Deos Rei de Portugal e dos Algarues
daquem e dalem maar em Africa Senhor da Guiné e da Conquista Navegacão e
comercio de Ethiopia Arabia Persia e da Jndia. A quantos esta nossa
Carta de Foral dado á terra do Prestimo virem fazemos saber que per bem
das diligencias e isames que em nossos Reinos e Senhorios mandamos
geralmente fazer pera justificaçam e decraração dos Foraes delles: E per
algumas Sentenças e Determinações que com os do nosso Conselho e
Leterados fezemos: Acordamos que as rendas e direitos se devem hy
darecadar na forma seguinte.
Mostrasse pellas ditas jnquirições a dita terra seer foreira e
tributaria aa coroa Real per bem do que os moradores da terra foram
sempre em posse e sam de pagar os direitos e foros seguintes. S. (scilicet)
de vinte casaaes que na dita auya repartidos nestes limites se pagam
desta maneira.
S. seis casaaes de Macieira paga cada hú pella medida sangalheza huú
quarteiro de pam que fazë desta medida dez alqueires . S . tres
alqueires e tres quartas de triguo desta medida corrente coymbraã e
outro tanto de çenteio e dous e meo de milho e huú capam e çinquo ouos
cada huú. E mais seis dinheiros antigos
(1) e por elles huú real. E mais
medem ou partem todos das noujdades que laurã e colhe de seis huü. E
porque huú
/ 250 /
casal amda morto e as terras amdam antre estes repartidas elles pagam os
sobreditos juntamente per repartiçam antre elles feita. E ha mais na
Vrgeyra dous casaaes e paga cada huú de triguo huú alqueire e outro de
milho e
huú capam e çinquo ouos. E medem as noujdades de seis huú»
Pelo sobredito Foral se verifica:
1º − Que Macieira de Alcôba fora foreira e tributária à
Coroa, como se provou pelas Inquirições mandadas tirar por
D. Manuel I, e que os limites de Macieira de Alcôba eram os
mesmos do tempo de EI Rei D. Dinis.
2º − Que dos sete casais, mencionados na Carta de Fôro
de EI Rei D. Dinis, um já era morto e, por isso, os possuidores
das terras, herdeiros dos outros seis casais, eram obrigados a
pagar a contribuição que pagara o casal morto em sua vida, por
repartição entre eles feita, visto possuírem, também por
repartição, as terras que haviam sido do casal morto.
3º − Que o lugar da Urgueira, de Macieira de
Alcôba, no
tempo de EI Rei D. Manuel I, já era habitado por dois casais.
4º − Que, em as renovações dos prazos, foram aumentados os foros e tributos.
5º − Que as contribuições, em cereais, eram pagas
− umas
pela medida sangalhesa, e outras pela medida coimbrã.
6º - Que era de 40 alqueires o moio
da medida sangalhesa, e que este equivalia a 15 alqueires (moia) da medida
coimbrã
(2).
Observação. − No fim do Foral estão estabelecidas as obrigações dos mordomos ou
rendeiros, e as fórmulas sobre montados, gado do vento (perdido), pena de arma e de sangue.
III
CASA DA APOSENTADORIA
DA ANTIGA VILA E CONCELHO DO PRÉSTIMO
No Préstimo, de que Macieira de
Alcôba e Talhadas foram
termo, há uma propriedade denominada − «Quinta da Serrascosa», ladeada ao norte e poente pelo Rio Alfusqueiro e, no
centro da mesma, uma aprazível e pacata vivenda com duas
salas e uma varanda, casa de casinha, várias lojas e mais anexos.
As duas referidas salas, com a varanda, constituíram a
Casa da Aposentadoria da antiga vila e concelho do Préstimo.
/ 251 /
E assim:
a) Em a primeira sala depara-se uma porta de entrada, do norte, e uma
outra interior que dá para a sala contígua, do lado
sul. Vêem-se mais duas portas, de par, uma que dá para a varanda e outra
para a sala e que ambas assentam numa só abertura feita na parede da
banda do nascente ou da dita varanda − abertura que forma um corredor do
comprimento da largura da parede que é de 1,5 m. As duas portas abrem
para o corredor com a curiosa particularidade de, quando aberta
a que dá para a varanda, ocultar dois esconderijos − um de cada lado nos
vãos da mesma parede. Entre estas duas portas
havia um alçapão para descer para os fundos que tinham três portas de saída para todos os lados da Quinta e sua mata. Desde há bastante
tempo que duas destas portas estão tapadas com pedra. Também pelo mesmo
alçapão se descia para duas lojas.
Isto explica-se, talvez, atendendo a que esta
sala se destinava ao
público, como sala de espera; e as suas portas, na abertura referida,
serviriam então para esconder alguns malfeitores categorizados, e até rapazes, quando agarrados e acompanhados à
Casa da Aposentadoria, com o fim de assentar praça
forçadamente, para, em seguida, se evadirem pelo alçapão, descendo aos fundos (passagem secreta), e daí a sua saída pela
primeira porta que lobrigassem para assim evitar mais outros incómodos.
b) A segunda sala, que é quadrangular, e contígua à primeira, serviu para
Casa da Aposentadoria − a Domus Municipalis da antiga
vila e concelho do Préstimo. Tem dois armários para arquivo, um
interessante tecto, de castanho, em maceira, octogonal com ângulos
subdivididos em duas partes, e uma porta interior para comunicação com
um pequeno compartimento
que teria sido o gabinete do magistrado. Esta sala tem porta
de entrada pelo lado da varanda; e, por debaixo da mesma, era a cadeia
com porta a poente, conservando a padieira da mesma porta a era de 1619.
Nota. − Em a sobredita vivenda nasceu Maria Ludovina
Soares de Oliveira e Melo, a 3 de Setembro de 1842. Era filha
de António Soares de Albergaria e Melo, de Arrancada, e de sua mulher D.
Ana Rita de Oliveira, de Assequins, casados no
Préstimo, neta paterna do capitão José António de Melo, professor no Préstimo, e de D. Josefa Rosa Gomes Soares que
foram residir, na Quinta da Serrascosa, em o ano de 1808.
Órfã de Pai e Mãe, da idade de
10 anos, foi levada para
Assequins para casa de seus Tios maternos − os «Oliveira-Escada», donde saiu a 22 de Agosto de 1868 para casar em
Arrancada com João Baptista Fernandes de Sousa, ali professor, e onde fixou residência.
Foi boa filha e boa
sobrinha, tendo procurado, já desde
/ 252 /
menina, dar gosto aos seus Pais e Tios e ajudá-los no governo
da casa, e também Esposa fiel e Mãe exemplar.
Do seu consórcio com João Baptista Fernandes de Sousa, acima referido,
teve numerosa descendência e, como dotada de sentimentos nobres e
cristãos, muitas vezes, de joelhos e mergulhada na mais profunda devoção, invocava a protecção de
S. António, na sua capelinha de Arrancada, para que intercedesse junto
do Altíssimo pela felicidade dos seus filhos.
E Deus ouviu as fervorosas orações desta carinhosa Mãe,
porquanto seus filhos deram provas de verdadeiro amor filial e o
edificante exemplo da fraternidade − razão porque esta piedosa Senhora,
com o seu Marido, mandou reedificar, na medida das suas
possibilidades, a mesma capelinha no terceiro quartel do século XIX.
Dos filhos deste abençoado casal apenas conhecemos pessoalmente
o Sr. Joaquim Soares de Sousa Baptista, de Arrancada, cidadão verdadeiramente exemplar, e amigo do progresso
da sua terra e do seu concelho.
Haja em vista algumas das muitas benemerências por
S. Ex.ª praticadas, não esquecendo de aplicar grande atenção
aos edifícios consagrados a Deus e ao seu culto.
E assim:
− Reformou o Altar-mor da Igreja da sua freguesia, revestindo-o
de mármore e pintura.
− Reconstruiu a Capela de S. António, de Arrancada, e também a de Nª
Senhora da Conceição, ficando esta um templo amplo e elegante, com torre,
dois sinos e relógio, e dotando-as ainda com todos os paramentos
necessários para a celebração da Santa Missa e outras cerimónias
religiosas. Esta foi benzida e inaugurada, em 1939, pelo Venerando Bispo
de Aveiro − Dom João Evangelista de Lima Vidal, e tem capelão.
sustentado pelo mesmo benemérito.
− Conseguiu da Companhia do Vale do Vouga um apeadeiro em Valongo, com
uma linha de desvio para carregamento de mercadorias, tendo, para esse
fim e à sua custa, de mandar
preparar o terreno (terraplanagem em pedreira).
Isto sem mencionar outros melhoramentos em beneficiação
da sua terra em que tem dispendido algumas centenas de contos.
− Comprou grandes propriedades para poder acudir à triste miséria dós
desempregados, dando-lhes trabalho, e também tem socorrido os
impossibilitados.
Os factos citados mostram o traço mais característico do Sr. Joaquim
Soares de Sousa Baptista, modelo exemplar dê amigo da sua terra, e de
homem generoso e bom.
Daqui a admiração e respeito do modesto autor desta Nota
pelo ilustre benemérito − Sr. Joaquim Soares de Sousa Baptista, e também
a maior veneração pela memória de sua santa Mãe, D. Maria Ludovina Soares
de Oliveira e Melo, a excelente educadora dos seus filhos!
/ 253 /
IV
SENHORIO DO PRÉSTIMO E TERRAS DO SEU TÊRMO
MACIEIRA DE ALCÔBA E TALHADAS
EM POSSE DE DONATÁRIOS
Desde os fins do século XV até cerca do ano de 1879, o
Préstimo, com as terras do seu termo, passou a ser de diferentes
donatários. Registemos alguns deles:
− D. Fernam de Miranda.
Este emprazou o senhorio da Quinta da Serrascosa, já
referida no capítulo anterior, no ano de 1502, em fateusim
perpétuo, a Fernam Vas e sua mulher Beatris Annes
(3).
− D. Brites do Rio, mulher de D. Jorge de Menezes.
Esta doou o Senhorio do Préstimo ao seu genro
− D. António da Silva Saldanha, casado com D. Joana da Silva,
filha de D. Brites do Rio. Esta D. Joana da Silva e sua
mãe D. Brites do Rio venderam, mais tarde, o Senhorio a
− Diogo Soares, secretário do conselho dos despachos em Lisboa, ausente em Madrid, que o possuiu de 12 de Fevereiro
de 1633 a Dezembro de 1640, mês em que lhe foram
sequestrados os bens por ser partidário dos Filipes. Daí
a reversão do Senhorio para a Coroa até ao princípio do ano de 1643.
− D. Fernando de Mascarenhas, filho de D. Jorge de Mascarenhas, Marquês de
Montalvão, nomeado Conde de Serém
por D. João IV. Este tomou posse a 4 de Maio de 1643,
posse que continuou até 1649.
− D. Jorge de Mascarenhas, conhecido também por D. Jorge
Luís de Menezes Pereira de Lima (Conde), filho do sobre
dito, D. Fernando de Mascarenhas, que tomou posse do
Senhorio a 2 de Novembro de 1666. Faleceu sem herdeiros, e daí a
reversão do senhorio para a Coroa.
− D. Miguel Soares de Vasconcelos, filho do referido Diogo
Soares, a quem foi restituído o Senhorio por sentença.
Casado com D. Joana Maria Pacheco de Melo, possuiu o
Senhorio desde 1681 a 1704.
− D. João de Melo e Abreu, casado com D. Isabel Bernarda
Soares, filha dos anteriores, entrou na posse do Senhorio
em 1705, e ainda era donatário em 1723.
/ 254 /
− D. João Domingues de Melo.
− Joaquim Pedro Quintela, nomeado donatário a 13 de Dezembro de 1802. Foi
este − 1º Barão de Quintela, Senhor da Vila do
Préstimo, etc. Para rectificar os limites das terras do seu Senhorio
mandou assenar tmarcos de pedra,
em 1806, com a inscrição « BRQ » − Reguengo Barão de
Quintela
(4). Sucedeu-lhe no Senhorio seu filho
− Joaquim Pedro Quintela do Farrobo
− 1º Conde do Farrobo,
Senhor do Préstimo, etc.
− D. José Maria de Melo Castro Abreu.
− D.
Manuel de Melo Ribeiro Soares de Albergaria Vilafonte
Cascais, neto do capitão − Manuel Fernando Cascais, de Oliveira de
Frades, e de D. Inocência Maria de S: José, de Campia. Faleceu em
Oliveira de Frades a 11 de Janeiro
de 1879, com 62 anos de idade. Foi o último donatário.
Nota. − O direito de Padroado, em Macieira de Alcôba, foi exercido pela
Coroa, por alguns donatários e prior das
Talhadas.
E assim:
D. Brites do Rio e sua filha D. Joana da Silva apresentaram
o Rev.º Padre Baltazar Teixeira, como prior, em 1633.
D. Jorge de Mascarenhas, também conhecido por D. Jorge
Luís de Menezes Pereira de Lima, possuiu o mesmo direito.
O Príncipe D. Pedro, irmão de D. Afonso VI, apresentou
prior em 1666; e o prior das Talhadas, igualmente, em 1799
e 1802.
Em seguida passou o mesmo direito para o Rei, que o
exerceu até à sua extinção, em 5 de Outubro de 1910.
(V. «Estudos Regionais», por J. D. AREDE; «Resenha das Famílias
Titulares do Reino de Portugal»; «Tombo das Colacções da Cam. Ecl. de
Coimbra», citado por SERAFIM GABRIEL (Dr.) na "Soberania de Águeda",
e alguns documentos de particulares, do Préstimo, incluindo uma
Sentença de Destrinça e Encabeçamento do Prazo de Serrascosa,
de 1807, em poder de JOSÉ AREDE RIBElRO).
/ 255 /
ADITAMENTO
Macieira de Alcôba é terra antiga e cercada de montes com
largas e lindas vistas.
Matriz. A sua Igreja,
que é antiga, assenta no meio da
povoação de Macieira. Foi reconstruída em 1880 sob a inteligente
direcção do Prior José Luís Monteiro e, no mesmo tempo, edificada a
torre, a expensas do referido Prior, depois de demolido o velho
campanário. Não mostra a igreja ornatos de cantaria, e interiormente tem
altar-mor com Sacrário, e do lado direito a imagem do Padroeiro − São
Martinho, e do esquerdo a de S. Caetano. Possui ainda dois altares
laterais, de talha
muito antiga, um com a imagem de S. Sebastião e outro com a
de Nª Sª do Rosário.
Capelas públicas. Há nesta freguesia duas muito modestas
− uma no lugar
da Urgueira que tem por orago S. Domingos de Gusmão, onde costumam ir
as procissões das Ladainhas de Maio, e outra na povoação de Macieira,
dedicada a Nª Sª de Fátima, mandada edificar pelo mesmo Prior José Luís
Monteiro, em 1931, em outeiro bastante elevado e de largo horizonte. Tem
está uma torre, cuja construção foi paga com o produto
da venda de um terreno baldio, no Chão do Ribeiro, e também um relógio,
de força constante, que dá horas que repete, e meias horas, com todos os
carretes de aço fundido, temperados e polidos cuidadosamente, e rodagem
e aparelhos acessórios de bronze, roda de escape de meias cavilhas
(sistema de Amaut) que segue rigorosamente o movimento isócrono da
pêndula, âncora guarnecida com pedras finas, e as cavilhas da sonância
engastadas com um ajustamento admirável na circunferência da roda.
Este melhoramento é devido
ao patriotismo honesto de
Abílio Domingues Arede que, para aquisição do mesmo, promoveu uma
subscrição pelos filhos de Macieira, como ele, seus amigos e conhecidos,
residentes em S. Paulo − Brasil.
Casas de habitação. Há algumas importantes, e todas construídas de
granito, da freguesia.
indústrias. Sete moinhos
no Rio, já citado, e cinco na Corga que desce
do Ribeiro. Cada um com uma só mó. Além destes, há nos Porões, à beira
da mesma Corga, um lagar para moer e espremer a azeitona afim de
produzir o azeite.
Há também à beira do referido Rio, na sua margem direita, um pisão
−
engenho para pisoar o pano de lã depois de tecido. O mesmo ainda hoje
conserva o seu tipo original dos primeiros tempos da sua construção.
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Assim:
Na parte exterior, uma grande roda de madeira, movida
por água, faz levantar, com o seu eixo prolongado horizontalmente para o
interior do pisão, dois maços que, alternadamente, vão zurzindo o pano
que se vai revoluteando dentro de um maceirão,
onde é humedecido com água aquecida em caldeira com lenha.
Passado algum tempo, é posto ao sol para secar.
O esboço que segue reproduz o rudimentar engenho do
pisão, suas peças constitutivas e respectivos nomes e designação
numérica.
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PISÃO
(Desenho de ALÍPIO
BRANDÃO sobre um esboço tirado por ERNESTO MARQUES, estudante no
Seminário de Viseu) |
a) − Fornalha.
b) − Caldeira.
c) − Porca.
d) − Esteiral − espécie de eixo,
onde andam fixas as hastes.
e, e) − Hastes.
f) − Banca, sobre a qual se dão as
caldas às teias.
g, g ) − Virgens, que estão colocadas debaixo da banca, passando entre elas as hastes. h)
− Bailão − que, colocado debaixo da banca,
separa as hastes.
i, i) − Maços.
j) − Maceira ou maceirão.
I, I) − Línguas, onde dão as cravelhas para levantar os maços.
m, m, m, m) − Dobadoiras.
n, n, n, n) − Cravelhas que, colocadas nas extremidades das
dobadoiras, levantam os maços.
o) − Eixo.
p,p) −Veios.
q) − Roda.
r) − Entrada.
s) − Pano dentro da maceira posto
sob a acção combinada dos maços.
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Escola. É um bom edifício que foi construído, em 1928,
com o produto da venda, de pinheiros em terreno baldio. E escola mista e
assenta no centro da povoação de Macieira.
Baldios. Macieira de Alcôba possuiu largos, baldios que,
em 1932, foram repartidos; mediante autorização superior concedida à
Junta de Paróquia. A Junta, no exercício da sua função, não soube
comportar-se no cálculo da partilha, como era
necessário, a bem da terra.
Senão, vejamos:
A Junta devia ter repartido os baldios à guisa de ter cabido
a cada fogo três lotes, tirados à sorte, sendo um − de terreno magro e
acidentado, outro − de terreno fresco e fundo, e o terceiro − de terreno
granítico e xistoso, para maior estimação e valor das partes quinhoadas.
Porém, na repartição efectuada, em vez de três foram
distribuídos catorze lotes de terreno para cada fogo.
Resultado:
Ficarem bastante desvalorizados os lotes por pequenos demais em superfície, e muito mais trabalhosos por distanciados
uns dos outros, sem falar de passagens e servidões!
Arvores florestais. Domina o pinheiro. Carvalhos e sobreiros, com a divisão dos baldios, foram derribados.
Corgas. Três corgas nativas que fecundam os vales por
onde correm e vão depositar as suas águas no Rio já referido:
− Corga do Caldeirão (Foz de Fernando) com o seu princípio
no Vale do Grilo.
− Corga do Freixêdo − com o seu principio na Balança,
em Macieira, e no lugar do Carvalho, também de Macieira.
− Corga do Vale Trapa (Foz de Matadegas) com o seu principio nas Hortas,
da Urgueira. Desde a Quinta Amarela ao Rio serve de linha de divisão
entre Macieira e S. João do Monte.
Águas. Tem a povoação de Macieira uma fonte (a de Além)
arqueada de cantaria a expensas da Câmara, e mais dois fontenários − um
na Portela da Selada, construído em 1935, e outro em o Neiro, abaixo
da Igreja Matriz, também construído em 1935.
Viação. Tem hoje Macieira de Alcôba estrada camarária
que a liga a Águeda − melhoramento de alta importância para a vida da
terra, sob a égide do Estado Novo. Esta nova estrada é a sucedânea da
velha estrada de Aveiro a Viseu, com pequenas variantes, que seguia para
Arrancada, onde cruzava com
a estrada romana, e daí para A-dos-Ferreiros, Ponte do Alfusqueiro,
Cabeça do Cão, Urgueira, Pedra de Arca, Monte Teso, Serra de S. Marcos,
Muna, Gandra do Fial, Torre de Eita, Figueiró, Orgens e Viseu.
A condução das mercadorias de Aveiro para Viseu, até o ano de 1882, foi
feita pela velha estrada em bestas de carga, de campainhas ao pescoço, e
de corda segura pelo almocreve com a fronte tostada pelo sol, no tempo
do calor, ou inteiriçada
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de frio, no inverno, carapuça dupla caída sobre a orelha esquerda, barba
aos caramanchões, camisa de linho e estôpa
com botões de linha e desabotoada na pescoceira, calça de
burel de pisão inteiro com alçapão e botões do mesmo burel,
sartum e véstia que não passavam da cintura, sapatos grossos e
besuntados com sebo de cabra ou de carneiro, e fartos de sola bem
defendida com pregos de cabeça chata.
E, para despertar as bestas em sua andadura, o almocreve
proferia, com má catadura, o calão do Costume − Arre, burro!
Esta estrada veio facilitar as comunicações do povo da Beira Alta,
alargar e desenvolver a riqueza e prosperidade das
terras que atravessa, explorando em proveito da colectividade
os recursos do seu solo.
Para terminar:
Apraz-nos registar aqui o nome do Ex.mo Presidente da
Câmara de Águeda, Senhor Joaquim de Melo, que tem sido
grande impulsionador das grandiosas e benéficas realizações
materiais do concelho de Águeda.
A sua administração municipal muitíssimo tem contribuído
para o progresso do concelho, cujos interesses sempre tem zelado com o maior escrúpulo e rectidão. Não é sem razão,
portanto, a unânime simpatia que dedica a Sua Ex.ª o povo do concelho.
Macieira de Alcôba, sobre que versa
este modesto artigo, muito deve a S.
Ex.ª pelos relevantes serviços que acaba de
lhe prestar − quer na construção dos seus fontenários, quer na da nova estrada
− melhoramentos que conseguiu ver realizados com o seu
valor pessoal e político no desejo sincero de ver
engrandecida e valorizada a terra mais distante de Águeda, sede
do concelho.
Honra lhe seja feita pela sua acção honesta, justa e patriótica!
Cucujães, Outubro de 1940.
JOÃO DOMINGUES AREDE
(Abade aposentado e filho de Macieira
de Alcoba).
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