J. Pinto Loureiro, O senhorio de Vagos, Vol. V, pp. 81-96.

N.º 18 − Junho, 1939

ARQVIVO

DO DISTRITO DE AVEIRO

Directores e proprietários:

ANTÓNIO GOMES DA ROCHA MADAHIL

FRANCISCO FERREIRA NEVES

JOSÉ PEREIRA TAVARES

Editor:

FRANCISCO FERREIRA NEVES

Administração:

Estrada de Esgueira − AVEIRO


Composto e impresso na Tipografia da Gráfica de Coimbra − Largo da Feira, 38 − COIMBRA


O SENHORIO DE VAGOS

O rei D. Fernando doara a vila de Vagos, de juro e herdade, com todos os direitos, jurisdições e pertenças, a Alice Gregório, para si e seus sucessores, e fizera posteriormente doação da mesma vila e com igual amplitude a favor de Soeiro Anes de Parada.

Falecido aquele monarca e eleito o mestre de Avis regedor e defensor do reino, ou porque Soeiro Anes seguira o partido de Castela, ou porque se apresentou a necessidade de premiar dedicação e lealdade excepcionais, fez doação da mesma vila a João Gomes da Silva, em atenção aos serviços dele recebidos e a receber.

Mais tarde, passadas as dificuldades da guerra com Castela e consolidado D. João I no trono a que por eleição ascendera em 1385, entendeu o donatário que devia consolidar também a sua doação, fazendo-a renovar pelo rei ou diligenciando convertê-la de temporária em perpétua(1). E efectivamente, por carta régia de 26 de Fevereiro de 1412 (era de 1450), com a assistência da rainha D. Filipa e do príncipe herdeiro D. Duarte, foi / 82 / confirmada a doação a favor de João Gomes da Silva, então alferes-mor do reino, nos termos em que D. Fernando doara a vila a Soeiro Anes, de juro e herdade, para ele e seus herdeiros e sucessores, com seu termo, e com suas entradas e saídas e com suas jurisdições altas e baixas, mero e misto império, reservadas apenas as apelações e a correição.

Ao alferes-mór João Gomes da Silva, senhor de Vagos, sucedera seu filho Aires Gomes da Silva(2). A Aires Gomes da Silva, sucedeu seu irmão Diogo da Silva e a este, João da Silva, seu filho; a este, Aires da Silva, seu filho, regedor das justiças e camareiro mór de D. João II (3); e a este, seu filho João da Silva, regedor da Casa da Suplicação, por direito de primogenitura, como seus avós. E como a doação, naquelas sucessivas transmissões, não tivesse sido sujeita à confirmação régia, o regedor das justiças entendeu dever sanar a irregularidade e pediu a confirmação extemporânea, que lhe foi concedida por carta de 6 de Julho de 1540.

Ao regedor João da Silva, sucedeu o filho mais velho vivo, Jorge da Silva, pois que o primogénito Diogo da Silva falecera antes do pai. Devidamente abonado, porém, com o régio aprazimento, Jorge da Silva procurou trespassar o direito que herdara sobre a vila de Vagos a seu sobrinho Lourenço da Silva, filho do falecido Diogo da Silva, com a condição de ele lhe dar uma renda igual à representada pela vila de Vagos, trespasse que não teve efeito para D. Luísa, mulher de Jorge da Silva, por haver recusado para tanto o seu consentimento.

Isso levou a uma medida de violência como a de por Alvará de 3 de Dezembro de 1558 se segurar a vila de Vagos para vir, «por falecimento do dito Jorge da Silva a ele dito Lourenço da Silva», no caso de Jorge da Silva não deixar sucessor varão legítimo. E ainda que Lourenço da Silva falecesse antes de / 83 / Jorge da Silva, ao seu filho primogénito varão ficaria também seguro o direito de sucessão, como se seu pai sobrevivera ao tio.

Mas Lourenço da Silva partira para Alcácer-Quibir e lá morrera em combate, e Jorge da Silva falecera também sem deixar descendentes. Por esse motivo, e na conformidade do Alvará de 1558, Diogo da Silva, filho de Lourenço da Silva, como seu bisavô regedor da Casa da Suplicação, não se esqueceu de pedir a confirmação da doação, a qual veio a ser-lhe concedida por carta régia de 18 de Fevereiro de 1587(4).

Ao regedor Diogo da Silva sucedeu Lourenço da Silva, filho varão mais velho do casamento em primeiras núpcias com D. Brites de Mendonça. E pedida por ele a confirmação, foi-lhe outorgada por carta régia de 8 de Agosto de 1597.

Anos depois, por Alvará de 18 de Fevereiro de 1650, o senhorio de Vagos foi doado ao conde regedor João da Silva Telo de Menezes, irmão de Lourenço da Silva, passando-se a respectiva carta em 3 de Março do mesmo ano.

Por morte de João da Silva Telo de Menezes, devia suceder-lhe seu filho o regedor da justiça e Vice-Rei do Estado da Índia, Luís da Silva Telo de Menezes, 2.º Conde de Aveiras, que se esqueceu de pedir a confirmação da doação da vila de Vagos no prazo de um ano, assim perdendo o direito à sucessão. Foi-lhe todavia suprida a falta e feita a confirmação por carta régia de 14 de Setembro de 1659.

Falecido o 2.º conde de Aveiras, Luís da Silva Telo de Menezes, sucedeu-lhe o filho legítimo varão mais velho, João da Silva Telo de Menezes, Regedor da Casa da Suplicação, 3.º conde de Aveiras, que obteve a confirmação da doação de Vagos por Alvará de 2 de Setembro de 1729, passando-se a respectiva carta em 16 de Novembro do mesmo ano, não obstante ter-se esquecido, como seu pai, de requerer a confirmação no prazo legal.

Por morte de João da Silva Telo de Menezes, passou a doação para sua filha D. Inês Joaquina da Silva Telo de Menezes Côrte-Real, 5.ª condessa de Aveiras, que foi casada com D. Duarte da Câmara, ficando desse casamento Francisco da Silva Telo de Menezes Côrte-Real.

A requerer a confirmação da doação com dispensa da lei mental, aparece o marido, que consegue deferimento em carta de 14 de Dezembro de 1741.

Por morte de sua mãe, que enviuvara, veio Francisco da / 84 / Silva Telo de Menezes Côrte-Real, 6.º conde de Aveiras, pedir a confirmação por sucessão, a qual lhe foi concedida por Alvará de 3 de Julho de 1743, passando-se a respectiva carta de confirmação em 22 de Setembro do mesmo ano.

Tudo o que vem de dizer-se se contém no documento a seguir transcrito, e que se encontra registado nos livros do Arquivo Municipal de Coimbra, incorporado na Biblioteca Municipal da mesma cidade(5).

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Registo do Padraõ, ou confirmação, que Sua Mag.de que Deus guarde Concede o ao Il!.mo e Ex.mo Conde de Aveiras do Senhorio da V.ª de Vágos de juro, e herdade, como melhor consta do Seu theor, que hé o seguinte =
 

DOCUMENTO REFERENTE AO SENHORIO DE VAGOS
[FORMATO PDF 3 MB]

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Para melhor compreensão do senhorio de Vagos junta-se ao documento do Arquivo Municipal de Coimbra, acima transcrito, o que no Livro Segundo dos Brasões da Sala de Sintra ANSELMO BRANCAMP FREIRE escreveu a propósito e que no referido documento se não podia encontrar por lhe ser posterior no tempo.

A obra de BRANCAMP FREIRE não é vulgar, muitos dos leitores do Arquivo a não conhecerão e há sempre vantagem em deixar reunidos os elementos que ao mesmo assunto se referem. / 94 /


«XV − FRANCISCO DA SILVA TELO DE MENESES, filho único da 5.ª Condessa de Aveiras, nasceu em 1723, foi 6.º conde de Aveiras, em sua vida, por carta de 22 de Setembro de 1742 (Registo das Mercês de D. João V, liv. 20.º, fl 535, v.), e 15.º senhor de Vagos, em sucessão a sua mãe, por carta de confirmação de 22 de Setembro do ano seguinte (Registo das Mercês de D. João V, liv. 34.º, fl. 95, v.). Já era tenente general quando, por decreto de 20 de Novembro de 1783, entrou para conselheiro do Conselho de Guerra (Gazeta de Lisboa de 8 de Dezembro); serviu de mordomo mór da princesa D. Maria Benedita, por despacho de 5 de Abril de 1790 (Gazeta de Lisboa de 7 e 13 de Abril), e no ano seguinte foi promovido ao posto de tenente general efectivo por decreto de 13 de Maio (Gazeta de Lisboa de 10 de Junho de 1791). O Príncipe Regente concedeu-lhe, por despacho de 14 de Novembro de 1802 (Gazeta de Lisboa de 30 de Novembro), o título de marquês de Vagos, em duas vidas, sendo-lhe passada carta a 2 de Dezembro (Atendendo aos serviços do conde de Aveiras, Francisco da Silva Telo de Meneses, nos postos militares até ao de general de artilharia e conselheiro de Guerra, como no paço, no emprego de mordomo mór da princesa D. Maria Francisca Benedita, e também atendendo ao zelo, fidelidade e préstimo com que tem servido seu filho o conde de Aveiras, Nuno da Silva Telo, no exercício de meu gentil-homem da câmara, etc. Carta de marquês de Vagos, em, duas vidas. − Chancelaria de D. João VI, liv. 1.º, fl. 217). Teve as grã-cruzes de Avis, em Maio de 1793 (Gazeta de Lisboa de 7 de Maio) e de Cristo, no mesmo mês de 1804 (Gazeta de Lisboa de 2 de Junho). Faleceu, sendo governador das armas da corte e província da Estremadura, a 5 de Janeiro de 1808 (Gazeta de Lisboa de 12 de Janeiro), com oitenta e cinco anos de idade.

Havia casado a 22 de Outubro de 1743 com D. Bárbara da Gama, filha dos 4.os Marqueses de Nisa (Gazeta de Lisboa de 29 de Outubro) falecida com vinte e dois anos de idade, na noite de 26 para 27 de Fevereiro de 1753 (Gazeta de Lisboa de 8 de Março), deixando entre outros, a Nuno da Silva Telo e a D. Maria da Silva, condessa de Povolide, mulher do 3.º conde (Despacho de 17 de Dezembro de 1792. − Gazeta de 21) José da Cunha Grã Ataíde e Melo, falecido repentinamente na noite de 16 para 17 de Janeiro de 1792 (Gazeta de Lisboa de 21) e ela a 3 de Março de 1806.


XVI. − NUNO DA SILVA TELO foi 7.º conde de Aveiras de juro e herdade, por carta de 15 de Janeiro de 1772 (Registo das Mercês de D. José, liv. 25.º, fl. 110), 2.º marquês de Vagos, por despacho de 15 de Agosto (Gazeta de Lisboa, de 5 de Outubro) e carta de 26 de Novembro de 1805 (Chancelaria de D. João VI, liv. 2.º, fl. 368). Ambos estes títulos teve em vida de seu pai, a quem sucedeu no senhorio de Vagos, sem contudo lhe haver sido passada carta de confirmação. Foi gentil-homem da câmara de D. Maria I, seu estribeiro mór no Brasil, mordomo mór da princesa viúva D. Maria Benedita, grã-cruz das ordens de Cristo e Torre Espada, conselheiro do Supremo Conselho Militar e de Justiça, governador das armas da corte e do Rio de Janeiro, marechal do exército, etc.; morreu no Rio de Janeiro a 12 de Novembro de 1813 (JOÃO CARLOS FEO, Resenha das famílias titulares, pág. 249).

Casara em 1772 com D. Leonor da Câmara, filha dos 5.os Condes da Ribeira Grande (na carta de 15 de Janeiro de 1772 do título de conde de Aveiras a Nuno da Silva Telo declara-se estar ele então justo a casar), a qual já era falecida em 1798, deixando três filhas, que eu saiba: D. Joana da Silva Telo, adiante; D. Bárbara da Silva Telo, condessa dos Arcos, mulher do 9.º conde D. Manuel de Noronha e Brito; e D. Leonor Maria da Silva Telo, marquesa de Tancos, mulher do 4.º marquês D. Duarte Manuel de Noronha.


XVII − D. JOANA DA SILVA TELO foi 3.ª marquesa de Vagos, por despacho de 17 de Dezembro de 1813 (Gazeta de Lisboa de 12 de Março de 1814) e carta dada no Rio de Janeiro a 13 de Abril de 1818 (consta da
/ 95 / carta do assentamento, dada a 15 de Dezembro de 1818 e registada a fl. 48, V., do liv. 27.º da Chancelaria de D. João VI), e 17.ª senhora da mesma vila que foi confirmada por carta de 6 de Dezembro de 1825, em sucessão a seu pai, declarando-se haver sido seu avô o último donatário encartado (Chancelaria de D. João VI, Liv. 27, fl. 279). Morreu a 24 de Abril de 1828 (consta de uma apostila passada à Marquesa sua filha e registada a fl. 100, v., do liv. 12.º da Chancelaria de D. Pedro IV, aliás D. Miguel), tendo casado a 10 de Setembro de 1815, conforme dizem as Resenhas, com D. José de Noronha, irmão de seu cunhado o 9.º Conde dos Arcos. Foi D. José o 3.º marquês de Vagos, par do reino em 1826, e faleceu a 24 de Janeiro de 1834.


XVIII − D. MARIA JOSÉ DA SILVA TELO DE MENESES CÔRTE REAL, filha dos precedentes, sucedeu a sua mãe no titulo de marquesa de Vagos e no senhorio da mesma vila, o qual era de juro e herdade. Por provisão de 24 de Setembro de 1829 foi o Marquês seu pai autorizado a administrar o dito senhorio durante a sua menoridade, constando pelo mesmo documento ser ela já então a 4.ª marquesa de Vagos (Chancelaria de D. Pedro IV, aliás D. Miguel, liv. 13.º, fl. 175). Não lhe foi porém reconhecido o título pelo Governo Constitucional, o qual contudo posteriormente lho concedeu, de juro e herdade, por carta de 16 de Dezembro de 1836 (Chancelaria de D. Maria lI, liv. 7.º, fl. 61). Morreu a 14 de Março de 1854, tendo casado a 26 de Novembro de 1836 com D. Francisco António de Noronha, que foi 4.º marquês de Vagos e morreu a 29 de Outubro de 1883 (estas datas são das Resenhas).

Nesta senhora terminou a posse do Senhorio de Vagos, o qual esteve na mesma família durante quatro séculos e meio, com uma pequena interrupção entre o 9.º e o 10.º senhor.

Muitos destes Silvas foram regedores das justiças da Casa da Suplicação e, se algum interesse pode ter para a História a lista dos senhores de Vagos, muitíssimo maior o tem, sem dúvida nenhuma, o catálogo cronológico dos Regedores, por isso lá adiante, em apêndice a este artigo, deixarei para ele uns apontamentos (Encontra-se a referida lista de Pág. 149 a 167 do mesmo vol. lI).

Era o marquês de Vagos D. Francisco irmão de D. José António de Noronha Abranches de Castelo Branco, 9.º conde de Valadares, falecido sem sucessão em 1873, ambos filhos de D. Pedro António de Noronha, 8.º conde de Valadares, e da condessa D. Maria Helena da Cunha, irmã de António da Cunha Grã Ataíde e Melo, conde de Sintra e senhor da casa de Povolide, a qual, depois de ter estado algum tempo na posse de um seu irmão, passou a seu sobrinho o 9.º Conde de Valadares. Morreu este sem filhos e passaram ambas as casas, tanto a de Valadares, como a de Povolide, ou pelo menos a sua representação, ao último Marquês de Vagos.

Chamou-se ele D. José Telo da Silva de Meneses Côrte Real, foi 9.º conde de Aveiras (o 7.º conde de Aveiras havia sido Nuno da Silva Telo, acima mencionado; o 8.º foi seu filho primogénito por despacho de 6 de Maio de 1793 (Gazeta de 17); posteriormente só torno a encontrar menção deste titulo no documento apontado no texto), de juro e herdade, por decreto de 28 de Fevereiro de 1863, 5.º marquês de Vagos, também de juro e herdade, por outro decreto de 28 de Dezembro do mesmo ano. É já falecido.

Na casa de Valadares houve o titulo de marquês de Torres Novas concedido ao 7.º conde, D. Álvaro António de Noronha Abranches Castelo Branco, por despacho de 13 e carta de 22 de Maio de 1807 (Gazeta de Lisboa de 19 de Maio; Mercês do Príncipe Regente, liv. 8.º, fl. 385. − Na carta invoca-se o bom e continuo serviço do Conde de Valadares, do conselho e gentil-homem da câmara real, o seu sangue e os merecimentos e qualidades de sua pessoa e daqueles de que descende). Este titulo não se repetiu.

Acrescentaram os Silvas de Vagos ao escudo das suas armas dois ramos de silvas de verde, acompanhando em orla o leão heráldico.

/ 96 /

As armas dos Condes de Valadares eram: esquartelado o I e IV das armas do reino com um filete de negro sobreposto em barra; o II e III de vermelho, castelo de oiro, o campo mantelado de prata com dois leões batalhantes de púrpura, armados de vermelho, bordadura de escaques de oiro e veiros de dezoito peças (Noronha). Sobre o todo: cortado de um traço, partido de dois, o que faz seis quartéis: o I, III e V de oiro, dois lobos passantes, sotopostos de púrpura, armados e linguados de vermelho (Vilalobos)/ o II, IV e VI de oiro, quatro palas de vermelho (Lima); sobre o todo, de oiro liso (Meneses). Timbre: leão nascente de púrpura, armado e linguado de vermelho. São as armas dos Marqueses de Vila Real de quem os Valadares eram os representantes por linha não legitima; mas, apesar disso, por sua extinção reivindicaram a casa da Coroa, que, para com eles se compor, lhes deu o titulo de conde e umas rendas em Leiria.»

Daqui se vê, portanto, que o 6.º Conde de Aveiras foi feito marquês de Vagos em duas vidas por despacho de 14 de Novembro de 1802, casou com D. Leonor da Câmara, desse casamento nascendo Nuno da Silva Telo, 7.º Conde de Aveiras e 2.º marquês de Vagos, que veio a falecer no Rio de Janeiro em 12 de Novembro de 1813.

Do casamento de Nuno da Silva com D. Leonor da Câmara nasceu D. Joana da Silva Telo, 3.ª marquesa de Vagos que casou com D. José de Noronha, sucedendo-lhes sua filha D. Maria José da Silva Telo de Menezes Côrte Real, 4.ª marquesa de Vagos, que casou com D. Francisco António de Noronha e veio a falecer em 29 de Outubro de 1883, com ela terminando o senhorio de Vagos.

Coimbra, Junho de 1939.

J. PINTO LOUREIRO

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(1) − João Gomes da Silva tinha obtido carta de doação temporária da vila de Vagos em 23 de Abril de 1384. Tendo casado com Margarida Coelho, filha de Egas Coelho, mestre-sala de D. João I, veio a falecer, na situação de copeiro-mor e alferes-mor, em 1445.

O facto agora averiguado de ter havido outros donatários (pelo menos dois) antes de a vila de Vagos entrar na posse dos Silvas, faz alterar o número de ordem atribuído aos Senhores de Vagos, no qual se têm compreendido somente os membros daquela família, e que em BRAAMCAMP FREIRE (Livro Segundo dos Brasões da Sala de Sintra, Coimbra, Imp. da Universidade, 1927, pág. 46) se descrevem de I a XVIII.

Muitos destes Silvas encontraram a sua última morada em luxuosos mausoléus no Mosteiro de S. Marcos, subúrbios de Coimbra, onde ainda hoje se conservam (J. M. TEIXEIRA DE CARVALHO, O Mosteiro de S. Marcos, Coimbra, Imp. da Universidade, 1922).

(2)Casado em primeiras núpcias com D. Leonor de Miranda, filha do bispo de Coimbra, e em segundas núpcias com D. Beatriz ou Brites de Menezes, filha do primeiro senhor de Cantanhede, D. Martinho de Menezes, Aires Gomes da Silva teve em 1434 Vagos e outras terras em virtude de renúncia de seu pai.

Armado cavaleiro cm Ceuta pelo infante D. Pedro, após a conquista da cidade, foi em 1441 nomeado regedor da Casa do Cível de Lisboa. Ficando vencido na batalha de Alfarrobeira, foi demitido do lugar e sofreu confisco das terras. Em carta de 25 de Julho de 1453, porém, foi-lhe restituída a vila de Vagos, além de outras terras, que depois de confiscadas tinham sido dadas a seu irmão Diogo da Silva, que por sua vez e a pedido do rei a elas renunciara, para delas fazer presente à aia dos infantes e ao marido da mesma, Martim Mendes de Berredo.

Casado com D. Guiomar de Castro, faleceu em 1530 e tem o seu túmulo no Mosteiro de S. Marcos. . 

(3)João da Silva casou com D. Joana de Castro, e desse casamento nasceram dois filhos: Diogo da Silva que casara com D. Antónia de Vilhena e falecera antes do pai; e Jorge da Silva, com quem devia continuar a sucessão do senhorio de Vagos. 

(4)Diogo da Silva consorciou-se em primeiras núpcias com D. Beatriz de Mendonça e em segundas núpcias com D. Margarida de Menezes, segunda senhoria de Aveiras. Do primeiro casamento ficou Lourenço da Silva e do segundo João da Silva Telo de Menezes que, casando com D. Maria de Castro, foi primeiro conde de Aveiras.

Tendo Lourenço da Silva fugido para Castela em 1641, e perdendo por isso a vila de Vagos, foi esta doada ao Conde de Aveiras seu irmão, assim se reunindo sob o mesmo domínio Vagos e Aveiras .

(5)  À data em que se passou a certidão de que constam os documentos agora trazidos a lume (1743), Vagos pertencia à comarca ou correição de Coimbra, como ficou já dito nas páginas deste Arquivo (vol. II, pág. 199 e seg.), não havendo por isso reparos a fazer ao seu registo nos livros da Câmara de Coimbra.

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