[VoI. lI - N.º 8 - 1936]
O Tumulo do Bispo ocupa o vão todo da Capella Môr da parte da
Epistola, e he hum Soberbo Mauziolo que tem por baze quatro Leoes
rapantes de g.de Vulto Com Medonha Veroçid.e Sobre que
descarrega a Arca do tumullo a que formão de Columnas duas figuras de m.er
chorando, e no meyo Se vee hum escudo redondo partido ao Comprido pello,
ao Lado dir.º 7 Castellos em 3 palas ficando tres pello Meyo Armas de
Mouras; da p.te esquerda do escudo he esquartelado ao p.ro
hum Coto da Aguia Com hüa Mão e hüa espada nella, ao S.do o
Leão dos Syluas, e os outros dous aSim mesmo, mas Contrarios, Armas dos
Manueis: Sobre a Arca do tumulo a Verdad.ra efigie do Illmo
M.el de Moura Bispo e fundador, Com a porporcão do Seo Corpo
Como Se estiuera uestido em habitos pontificaes agonizando com os olhos
em hüa Imagem da Virgë N. S.ª de penha de frança que esta na mesma p.te
interior do mesmo tumulo e detras das Almofadas a figura de hum Anjo Com
hum relogio e nos pees outro Com hüa Cau.ra e huma Aguia
guarnece a parede Interior do uão hum Saturno ou empreza do tempo Com g.de
artefiçio descubrindo hum a roupa, a que ajudão a fig.ra de
dous Mançebos, e o teto do Arco he deuedido em Seis coartellas, Com Seis
Cau.ras e ossos as tres da p.te dir.ta
reprezentando o estado eCleziastico a Supperior Com thiara, outra Com
chapeo, e a inferior Com Mithara: as'da p.te esquerda
reprezentando o estado Secular, a de Sima Com Coroa jmperial, a do meyo
Com Coronel e a infima Com elmo, e plumajens: e Sobre o escudo das Armas
que esta no meyo do tumulo esta hum Coronel, e dentro delle hüa Crux
episcopal, a dir.ta hüa Mithara, a esquerda hum Bago e em
Sima hum Chapeo Com Cordois e São guarnecidos De folhajem de que tirão
dous Mancebos reprezentando Sustentar por hum e outro Lado o tal escudo.
Sobre o Arco Se uai ainda eleuando esta Sumptuoza obra Com folhajes
da mesma pedraria formãdo hüa fenis batendo as azas entre as chamas=a
que fica mais eminente hum releuo como fig.ra da Morte e por
Sima deste hüa Letra em que Se Le.
Memento homo.
Remata junto ao frizo Com hüa Crux Guarneçendo toda esta obra duas
Statuas a do Lado dirto figrª. da fortaleza, e a do esquerdo figura da Just.ª
/ 294 /
Segue çe o Arco Cruzr.º de pedraria bem Labrada bem proporcionado e
vistozo e em Sima delle hum nicho Com façe pª o Corpo da Capella, no
qual esta hüa Imagem de Christo Senhor N. de g.de Statura, e
ao pée deste hum escudo Com as Armas de Mouras e Manueis.
No Corpo deste templo ao Lado dir.to ha hüa Capella o
retabolo de talha dourada e nella as Imagens Seg.tes ao meyo
N. S. da Concejpssão de g.de Statura de estofo a p.te
dir.ta S.ta Joanna Prinseza de Portugal, e a
esquerda S. João Euangelista.
|
Aspecto da sacristia da Capela de Nossa Senhora da Penha de França,
na Vista Alegre, concelho de Ílhavo |
Em Comrespondenda a esta, ha outra da p.te da epistola
da mesma talha e tem as Imagens Seg.tes no Meyo N. S. do
Rozario de estofo e g.de Statura e da p.te dir.ta
S. Fernando Rey de CastelIa 3.º no Nome e a esquerda S.ta
Izabel Rajnha de Portugal.
Tem dous pulpitos em Comrespondencia junto as portas traueças o da
p.te esquerda esta de Vago e no da p.te dir.ta
esta S. Caetano Como pregãdo Com hüa Crux na mão dirta; e hum
Livro na mão esquerda, e todas estas Imagens q aSima Se referem e outras
q ha na S. Crestia forão feita em ValledoLit e em Roma por artifesses
InSignes, e Com tanto primor que não he façil exçeder çe o Teto do Corpo
desta Capella he de estuque e nelle pintada Com tintas m.to
finas a Aruore de jessé a que Seruem de orlam.tos quadros da
mesma pintura Com passos dos Cantares de Salamão e aos quatro Cantos as
emprezas dos Coatro EuangeListas; Sobre o Coro hüa Rica pintura de N. S.
e aos dous Lados hüa figura da feé e outra da esperanssa e a da Carid.e
esta na parede da S. Crestia na p.te q ueste Com a Capella
Môr o azulejo he finissimo em que Se ué debuxados os misterios da Vida
da Virgem N. S. de q o Ill.mo Fundador foi deuotissimo de
Sorte q das portas a dentro deste templo athe a S. Chrestia Se Contão
Vinte e quatro Imagens da S.ra que São 7 em Vulto e dezaSete
em estampa.
/ 295 /
Ha no Citio da dita Capella feira franca no dia da Mesma S.ra
e aos treze dias de todos os mezes, e nas Costas da Capella a falda do
monte a Margem do Rio esta hüa fonte de bom arteficio em que Se Le o
Seg.te romançe.
Romance
1
Esta fonte o Navegante,
Cuja Liquida Corrente,
Cristais prodiga dezata,
Attençois vistoza
prende.
2
Esta Nimpha que ao Vouga,
Só em Legoas mais de Sette,
Adoça as aguas
Salgadas,
Feita Nayde ou Nereyde.
3
Esta Agoa que o bem Comúm
A vára Liberal deve,
de hum Aulico Pastor Sacro,
Militar, Juis, Regente.
4
Esta vea Cuja Origem
A do Paraizo excede,
pois da Caza da Senhora,
Mais bem nascida descende.
5
Comtem todas as Vertudes
das fontes mais excelentes,
e dá remedios a
vida,
depois de dar morte a Sede.
6
Se a frequentas por Aggrado,
Sendo aos Narcizos enfeite,
hé das Graças
Accidalia,
e das Muzas Hypocrene.
7
He Arethuza de Alfeo,
Mas com modo diferente,
pois de hum rio a Outro rio,
aquella foge, esta
segue.
8
Egeria de Milhor Numa,
que magnífico e prudente,
na Arca o Numen Invoca,
no tanque a prata dispende
9
Biblis que Sem Culpa ao rio
Irman por parte de thetis
mormurando a
Esquivança
vay abraçar docemente.
10
Fonte emfim do Sol Contigua,
que ao Templo do Deos dos Deoses,
Contra a Calma fonte fria,
para o frio fonte quente.
|
11
Se a buscas por Medecina,
hé qual a de Cice, ou Elis,
fonte que as doenças Cura,
Cristal que a Vista esclarece.
12
Iguala a Fonte de Marcias,
Com benefica anthytesi,
pois se aquella
pedras Cria
estoutra pedra derrete.
13
Nam se turba Com as Vozes,
mas para que a Celebrem,
Sarando as Como a
de Zame
as Louva Como a de Eleussis.
14
Ao que estuda em suas Margëns
aviva a memoria Sempre,
Como a fonte de Leocia,
opposta ao Curço do Lethes.
15
A quem da fonte Salmacis
bebeo as agoas ardentes
esta agoa banhando as fontes
Livra do Amor,
qual Semele.
16
E quando perdido a brindes
aches no Vouga o Lyncesthes
esta qual fonte
ELictoria
faz Com que o vinho aborrece.
17
Se por devaçam visitas,
sua afLuencia perene,
hé choro Com que olhos pios,
na Capella a Virgem Servem.
18
Hé fonte de Jericó
que as pLantas da roza Vestem
que outro Elizeo Com MOURA
fás suave,
benta, e fertil.
19
Hé fonte prophetizada
(Se tanto pode dizer sse)
po s Sahe do Templo Santo,
e vay regando a
Torrente.
20
Do Mar de Graças Maria
o rio, e fonte procedem
mas Lá junto a Lapa Mana
Cá da mesma Penha
desce.
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21
Bebe pois, bebe a Vontade.
acharás que hé muntas Vezes
tam vtil para a Saude
quanto para a Vista alegre.
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Ao 2º. Item Se na Igreja da Freygª. ou Capellas ha algüa reliquia
inSigne de S.ta ou S.to eu a não achei nem
desCubri:
Ao 3º. Item Sobre o num.ro dos freguezes: tem esta minha
freyg.ª 1182. e freguezes de Comunhão 3239. e de Confissão Som te
menores de 10. annos e mayores de 7: 742. e de 7. an.s p.ª
bayxo Serão 1200. Com poucas deferença e por todos 5.000 almas pouco
mais ou menos, e não ha nesta freygª. Most.ro Caza de Miz.dia
nem recolhim.to algum.
Ao qüarto Item Sobre os Letreiros das Sepulturas Capellas e Armas,
q tem não achei mais Couza algüa mais que o q aSima vai notado no tt.º
da Igreja e Capellas.
Ao 5.º Item das Memorias antiguas q ouvesse no Cartorio desta
Igreja de quaesqr. perogatiuas q lhe fossem Concedidas, ou Suçedidas não
achei Clareza alguma no ditto Cartorio por q Conste q esta Igreja tenha
mais especialid.e q as outras Parochiaes.
Ao 6º. Item declaro que esta Igreja não he Collegiada e aSim não
tem Beneficios nem Coadjutores, e Só dous Curas que aprezento por Serem
ness.os p.ª me ajudarem na admenistração dos Sacramt.os
Ao 7.º Item Sobre os Liuros dos Baptizados Cazados, e defuntos,
declaro que todos que pode descobrir a minha delig.cia estão
em meo poder e São os Seg.tes
1 hum de 22 de 7.bro de 1558. the 21 de 7.bro
de 1573 de Baptizados
2 outro de 4 de M.co de 1573. the 12 de Julho de 16I7.
de Baptizados Cazados e
defuntos.
/ 297 /
3 outro de 11 de Janr.º de 1624 the 24 de Ag.to de 1612.
Baptizados Cazados e defuntos
4 outro de 23 de 9.bro de 1642.
the 21 de 9.bro de 1656 de Baptizados
5 outro de 22 de 8.bro de 1644.
the 15 de Julho de 1663
Baptizados Cazados e defuntos.
6 outro de 10 de M.co de 1665.
the 21 de Dz.bro de 1673 Baptizados
7 outro de 3 de Jan.ro de 1674.
the 16 de julho de 1683 de defuntos
8 outro de 24 de 8.bro de 1666. the 9 de jan.ro
de 1679
de Cazados.
9 outro de 24 de 7.bro de 1673.
the 20 de 9.bro de 1690 de Baptizados
10 outro de 24 de 9.bro de 680 lhe 21 de 7.bro de 1692 de Baptizados.
11 outro de 29 de Jan.ro de 1679
the 20 de 8.bro de 1703 de Cazados.
12 outro de 21 de 7.bro de 1692
the 25 de julho de 1699 de Baptiz.dos
13 outro de 29 de julho de 1683.
the 23 de 7.bro de 1701 defuntos e abz.tes
14 outro de 27 de julho de 1699.
the 16. de jan.ro de 1707. de Baptiz.dos
15 outro de 16 de jan.ro de 1707.
the 13. de Mayo de 1713. de Baptiz.dos
16 outro de 14 de Mayo de 1713.
the 6 dAg.to de 1619. de Baptizados.
17 outro de 6 de Ag.to de 1619:
the o prez.te de Baptizados.
18 outro de Cazados de 27 de 8.bro cte 1703 lhe o prez.te e Continua de Cazados.
19 outro de defuntos de 13 de feur.º de 1619. e uai Correndo.
20 outro de defuntos de 27. d 7.bro de 1701 the 10 de feu.ro de 1719.
Ao 8.º Item Sobre a memoria dos Varoes InSignes não achei que nesta
minha freyg.ª ouuesse algum tão aSinalado em uirtude ou Letras de que
possa fazer especial Comemoração, mais que a do lll.mo e R.mo
M.el de Moura Manoel Bispo de Miranda Cujos ossos estão no
tumulo da d.ª Sua Capella de N.ª S.ra de Penha de franca p.ª
onde vierão tresladados, da Colegiada do Castello de ferr.ª daue aonde
faleseo e foi Sepultado.
E todo o Sobreditto aSim e na forma que vay escripto hé o q. achey
na Verdade aSerca da ordem junta Segd.º as informaçoins q. tomey, e
delig.cias q. tis, o q tudo juro in verbo Sacerdotis:
e me aSigney Ilhavo 30 de Mayo de 1721. ã.
JOZEPH MONTEIRO DE BASTOS
/ 298 /
*
* *
ADITAMENTO: AS INFORMAÇOES PAROQUIAIS DE ÍLHAVO DE 1758
A par das informações paroquiais de 1721 que revelámos, e das quais
algumas temos publicado já − tarefa de evidente utilidade que não
abandonaremos − existem, como é sabido de todos os investigadores
portugueses, e como deixámos dito no 1.º volume do Arquivo do
Distrito de Aveiro, outras informações, paroquiais também, mas de
1758.
Encontram-se, em manuscrito, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Está igualmente no nosso programa publicarem-se, pois de toda a
documentação do distrito tencionamos ir dando conhecimento; a
oportunidade respectiva depende apenas da facilidade, maior ou menor,
que se nos apresentar para a obtenção das indispensáveis cópias.
Desejando, em consequência, registar desde já nas páginas do
Arquivo algum exemplar dessas informações paroquiais de 1758, a fim
de fornecermos aos nossos leitores completo conhecimento do que foram,
na investigação do século XVIII, as informações paroquiais, e do amplo
noticiário, precioso ainda hoje, que estes documentos fornecem, a seguir
se publicam as relativas a Ílhavo, das quais extractos. apenas,
dispersos, têm vindo a lume.
Comparando as de 1721 com as de 1758, facilmente se depreende que
foi diverso o critério a que obedeceram, como deixámos registado no
citado volume desta revista; eram muito diferentes os questionários
respectivos; o Arquivo transcreveu já o de 1721 (pág. 39, 1.º vol.),
desconhecido até então; publica-se agora o de 1758, tal como no
Arqueólogo Português (voI. 1.º pág. 268) GABRIEL PEREIRA o
transcreveu.
Avalie-se, por este breve exemplo das informações paroquiais de
1758 que publicamos, que tesouros de documentação se conservam inéditos,
e que notável serviço se prestaria à História Loca! imprimindo e
facultando a todos essa colecção magnífica de informações do século
XVIII, conservada manuscrita há perto de dois séculos e inacessível ao
leitor da Província que não disponha de meios com que pague a respectiva
cópia, sempre muitíssimo mais cara do que um livro, de elevado preço que
ele fosse.
É este um pequeno aspecto do grave problema dos inéditos
/ 299 / em Portugal,
assustador para quem deseje conscientemente ocupar-se de História em
qualquer das suas modalidades.
Torna-se absolutamente urgente e imprescindível a publicação das
nossas grandes massas documentais, cartulários, inquirições, censuais,
memórias, tudo quanto exista e tenha préstimo.
Só depois, e sobre esse material insubstituível, se poderá escrever
a História Local Portuguesa definitiva, célula basilar da História
Geral.
Até então, tudo o que se fizer não passará de episódios e meras
tentativas escassamente concludentes.
O problema é vasto e prende com a deficientíssima organização dos
nossos arquivos, pouco menos do que abandonados pelos Poderes Públicos.
Profissional dum arquivo, possuo infelizmente elementos de sobra para
verificar, com sincera mágoa, esse grande e lamentável desinteresse.
Contra ele tenho pessoalmente reagido, recolhendo e organizando quanto
posso, e publicando constantemente o que as circunstâncias permitem,
nunca recusando a minha colaboração de documentos a quantas solicitações
me são dirigidas. Há, infelizmente − eu sei − quem assim não pense,
mesmo dentro da classe; para simples arrelia do próximo, talvez, ou para
que os bibliómanos ocultadores de livros raros não fiquem sem um símile
nos domínios da Arquivística...
Muito embora: quanto a mim, continuo pensando que a doutrina que
ponho em prática corresponde ao indeclinável dever de todo o arquivista;
com sacrifício de comodidades várias tenho mantido essa inalterável
orientação, de que me não afastarei, por muito que pese a
monopolizadores da investigação.
Deixando o incidente, que noutro lugar receberá o desenvolvimento
exigido pela própria acuidade do problema, volvamos às informações
paroquiais de Ílhavo, de 1758, que desenvolvem e completam as de 1721.
Segue o questionário do P.e Luís Cardoso, da Congregação
do Oratório de Lisboa, que provocou o depoimento do pároco de Ílhavo,
Reverendo JOÃO MARTlNS DOS SANTOS:
Interrogatórios para a organização
do «Diccionario Geographico»
do P.e Luiz Cardoso
(Mandados pelo Governo aos párocos depois do terremoto de
1755)
O QUE SE PROCURA SABER D'ESSA TERRA
É O SEGUINTE
Venha tudo escrito em
letra legível, e sem breves
1. Em que província fica, a que bispado, comarca, termo e
freguesia pertence?
2. Se é d'el-rei, ou de donatério, e quem o é ao presente?
/ 300 /
3. Quantos vizinhos tem [e o número das pessoas]?
4. Se está situada em campina, vale, ou monte, e que povoações se descobrem dela e quanto dista?
5. Se tem termo seu, que lugares, ou aldeias compreende, como se chamam, e quantos vizinhos tem?
6. Se a paróquia está fora do lugar, ou dentro dele, e quantos
lugares, ou aldeias tem a freguesia, todos pelos seus nomes?
7. Qual é o seu orago, quantos altares tem, e de que santos, quantas naves tem, se tem irmandades, quantas, e de que santos?
8. Se o pároco é cura, vigário, ou reitor, ou prior, ou abade, e de que apresentação é, e que renda tem?
9. Se tem beneficiados, quantos, e que renda tem, e quem os apresenta?
10. Se tem conventos, e de que religiosos, ou religiosas, e quem são os seus padroeiros?
11. Se tem hospital, quem o administra, e que renda tem?
12. Se tem casa de misericórdia, e qual foi a sua origem, e que renda tem; e o que houver notável em qualquer destas coisas?
13. Se tem algumas ermidas, e de que santos, e se estão dentro, ou fora do lugar, e a quem pertencem?
14. Se acode a elas romagem, sempre, ou em alguns dias do ano, e quais são estes?
15. Quais são os frutos da terra, que os moradores recolhem em maior abundância?
16. Se tem juiz ordinário, etc., câmara, ou se está sujeita ao governo das justiças de outra terra, e qual é esta?
17. Se é couto, cabeça de concelho, honra, ou behetria?
18. Se há memoria de que florescessem, ou dela saíssem, alguns homens insignes por virtudes, letras, ou armas?
19. Se tem feira, e em que dias, e quantos dura, se é franca ou cativa?
20. Se tem correio, e em que dias da semana chega, e parte; e, se o não tem, de que correio se serve, e quanto dista a terra aonde
ele chega?
21. Quanto dista da cidade capital do bispado, e quanto de Lisboa, capital do reino?
22. Se tem alguns privilégios, antiguidades, ou outras
coisas dignas de memoria?
23. Se há na terra, ou
perto dela alguma fonte, ou lagoa célebre, e se as suas águas têm alguma especial qualidade?
24. Se for porto de mar, descreva-se o sítio que tem por arte ou por natureza, as embarcações que o frequentam e que pode admitir?
25. Se a terra for murada, diga-se a qualidade de seus muros; se for praça de armas, descreva-se a sua fortificação. Se
/ 301 / há nela, ou no seu distrito algum castelo, ou torre antiga, e em que
estado se acha ao presente?
26. Se padeceu alguma ruína no terramoto de 1755, e em quê,
e se está reparada?
27. E tudo o mais, que houver digno de memória, de que não faça menção o presente interrogatório.
O QUE SE PROCURA SABER DESSA SERRA É O SEGUINTE
1. Como se chama?
2. Quantas léguas tem de comprimento, e quantas de largura; onde principia e onde acaba?
3. Os nomes dos principais braços della?
4. Que rios nascem dentro do seu sítio e algumas propriedades mais notáveis deles; as partes para onde correm, e onde
fenecem?
5. Que vilas e lugares estão assim na serra, como ao longo
dela?
6. Se há no seu distrito algumas fontes de propriedades
raras?
7. Se há na serra minas de metais, ou canteiras de pedras, ou de outros materiais de estimação?
8. De que plantas ou ervas medicinais é a serra povoada, e se se
cultiva em algumas partes, e de que géneros de frutos é mais abundante?
9. Se há na serra alguns mosteiros, igrejas de romagem, ou imagens
milagrosas?
10. A qualidade do seu temperamento?
11. Se há nela criações de gados, ou de outros animais, ou caça?
12. Se tem alguma lagoa, ou fojos notáveis?
13. E tudo o mais que houver digno de memória?
O QUE SE PROCURA SABER DO RIO DESSA TERRA É O SEGUINTE
1. Como se chama, assim o rio, como o sitio onde nasce?
2. Se nasce
logo caudaloso, e se corre todo o ano?
3. Que outros rios entram nele, e em que sítio?
4. Se é navegável, e de que embarcações é capaz?
5. Se é de curso arrebatado, ou quieto, em toda a sua distância, ou em alguma parte dela?
6. Se corre de norte a sul, se de sul a norte, se de poente
a nascente, se de nascente a poente?
7. Se cria peixes, e de que espécie são os que traz em maior abundância?
8. Se há nele pescarias, e em que tempo do ano?
9. Se as pescarias são livres, ou de algum senhor particular, em todo o rio,
ou em alguma parte dele?
/ 302 /
10. Se se cultivam as suas margens, e se tem muito arvoredo, de fruto ou silvestre?
11. Se têm alguma virtude particular as suas
águas?
12 Se conserva sempre o mesmo nome, ou o começa a ter diferente em algumas partes, e como se chamam estas, ou se
há memória de que em outro tempo tivesse outro nome?
13. Se morre no mar, ou em outro rio, e como se chama este, e o sítio em que entra nele?
14. Se tem alguma cachoeira, represa, levada, ou açudes que lhe embaracem o ser navegável?
15. Se tem pontes de
cantaria, ou de pau, quantas, e em que sítio?
16. Se tem moinhos, lagares de azeite, pisões, noras, ou
outro algum engenho?
17. Se em algum tempo, ou no presente, se tirou ouro das suas areias?
18. Se os povos usam livremente das suas
águas para a cultura dos campos, ou com alguma pensão?
19. Quantas léguas tem o rio, e as povoações por onde passa, desde o seu nascimento até onde acaba?
20. E qualquer outra coisa notável que não vá neste interrogatório.
(Copiados de um exemplar impresso, existente na Biblioteca Nacional de Lisboa)
DESCRIPSAO DA VILLA, E FREGUEZIA DE
ILHAVO
1 |
Na Prouincia da Beyra, Bispado de Coimbra, Comarca de Esgueyra fica a
grande, e populosa villa e freguezia de Ilhavo, huma legoa ao sul da
villa de Aveyro, ao longo de hum Caudaloso braço do seu famoso rio, que
correndo quasi de Norte a Sul, a cinge, e abraça pella parte do Poente.
Está (a villa) cituada em terreno plano, hum tanto bayxo, e
bastantemente humido, o que juncto com os vapores, ou escaleres das
pescarias, de que os mais de seus moradores vivem, a torna pouco
saudavel, particularmente no Estio, e outono, em que ordinariamente
há muytas doenças, e alguns annos tantas, que parescem epidémicas; de
sorte que o Reverendo Parrocho com tres curas não podem muytas vezes accodir com os sacramentos a todos os enfermos, e lhe hé preciso
valer-se do favor de outros Sacerdotes, de que na freguezia há bastante
copia, mas todavia ainda menos dos necessarios ao serviço de Deos, e da
sua Igreja.
|
2 |
Hé de Donatario da Coroa
desde o Reynado do Senhor Rey Dom Manoel, que lhe deo foraI no anno
de mil e quinhentos, e quatorze, no qual em o fim do paragrafo, que
tracta dos direytos da Portagem se dis=E asy aprouve a Antonio
Borges que ora tem de nós os ditos direytos Reais=Do qual Antonio
Borges se foy derivando, e continuando por /
303 / varias successoens, e allianças athé se introduzir, e entroncar na
casa dos Almadas da Boavista de Lixboa, aonde hã annos se acha, e ao
presente he senhor Donatario Bernardo de Almada, Castro Noronha
Provedor da Casa da India; por mercê do senhor Rey Dom Joain quimto,
de vinte de Desembro de mil e sete centos, e trinta e dous; com toda
a jurisdiçaõ civel, e crime, méro, e mixto imperio, poder depor
ouvidor, e Almoxarife, confirmar justiças, e apresentar Taballiaens,
como largamente consta das doaçoens, que se acham registadas em hum
Liuro da Camara desde folhas cincoenta e cinco, athe folhas secenta
e nove, exceptuando toda via a correyçaõ e alçada, e nesta ultima
doaçaõ, os Padroados das Igrejas, que nas antecedentes se
comprehendiaõ. Nam obstante hã no destricto desta villa alguns
cazaes de diferentes e diversos senhorios de que jã no se faz tal e
qual mençaõ, e com o titulo de cazaes das ordens a quem unicamente
reconhecem os seus respectivos Inquilinos, colonos e Emphyteutas com
foros, reçoens, e ainda laudemios, como saõ alguns chamados de Santa
Cruz, que pertencem ao Convento da Serra de villa nova do Porto,
outros da Comenda de Ancenil, pertencentes ã sagrada Religiaõ de
Malta, e outros ã Capelli de Santa Catharina cita na Igreja de S.
Miguel da villa de Aveyro, de que ao presente he administrador
Fernando Antonio de Moraes e Mayres, vulgo o Bolaco, das mais
nobres, e antigas casas, e familias da dita villa.
|
3 |
Tem a villa de Ilhavo vezinhos,
ou Fogos, que andam no Rol dos Confessados mil e vinte e trez.
Pessoas ou Almas que andaõ no mesmo rol dous mil e nove centos e
quarenta e sete.
|
4 |
Está a villa cituada, como
já se disse, em planicie, mas como o
terreno, e citio he algum tanto bayxo se naõ descobrem della lugares alguns de
nome, excepto desta, ou daquella parte, alguns edificios mais altos da
villa de Aveyro.
|
5 |
Tem esta villa hum grande Termo, que comprehende muytos lugares, porem alguns destes pertencem a outras freguezias, por onde só
trataremos dos que pertencem á nossa, deyxando a descripsaõ dos outros a
seus respectivos Parrochos, pelo que respeyta ao numero dos vezinhos de
cada hum delles. Dos lugares do Termo que ficam fóra da freguezia, o mayor he uerdemilho, que no Foral se chama villa de milho, aonde está o grande seleyro, em que os Rendeyros do Senhor Donatario recolhem
os fructos da venda, e os lavradores do Termo lhos vão levar. Aly
costuma algumas vezes vir o Ouvidor do Donatario fazer audiencias, e
deferir ás cobranças como Almoxarife, sendo aliás a sua rezidencia
ordinaria em Carvalhaes, Cabeça de Morgado nos Passos do mesmo senhorio. Pertence o dito lugar de uerdemilho
á freguezia de Sam Pedro
das Aradas, e á mesma pertencem tambem os lugares da quinta do Picado, e
Bom successo, que saõ do Termo de Ilhavo. He mais annexo a Ilhavo (como
no Foral se diz) na jurisdicçam o lugar de sã que he hum troço e pedaço
da villa de Aveyro, aonde há Juiz pedaneo, e os Juizes ordinarios de
Ilhavo, e officiais da Camara, e Juiz dos orphaons vão Exercitar todos
os actos das suas respectivas jurisdicçoens. Advirtindo, que este lugar
hé totalmente separado de todo o mais termo da villa de Ilhavo, e fica
entre os termos das villas de Aveyro, e Esgueyra. Nelle se acha hum
Nobre, e Magestoso Convento de Religiosas Terceyras com o titulo da
Madre de Deos, subjeitas ao Provincial dos Terceyros do Covento de
Jesus de Lixboa. Nelle se acha tambem o sumptuoso Templo do Senhor das
Barrocas, ou dos Milagres com huma competente casa de Novena de que deve
fazer descripção o Reverendo Parrocho de Santo André de Esgueyra, a cuja
freguezia pertence, e todo o mais resto do dito lugar á freguezia da véra Cruz da villa de Aveyro.
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A Parrochia, ou Matriz está dentro da villa, O seu orago he
S. Salvador; he de Naves com seis Colunas por cada banda. Haverá vinte e
cinco annos, que a capelIa Mór se reedificou, e amplificou, por ser a
antiga muyto pequena, e imporporcionada ao Corpo da Igreja. Tem seu retabulo,
e tribuna de talha á moderna, e de bom gosto, que o Reverendo Prior
actual manda pintar, e dourar á sua custa, como tambem o forro da mesma
capelIa mór, que he apainelado, e consta de vinte paineis; cuja obra
está ajustada em duzentos mil reis, e actualmente se trabalha nelIa.
Tem duas sacristias, huma da parte do evangelho que he a antiga, e de
pouco serve; outra da parte da epistola, ambas junctas, e acostadas á
Capella Mor. A da parte da epistola se fez quando se reedificou a
capella Mór, e he aonde está o cayxam dos ornamentos, e a que
actualmente serve, Esta tem porta, e communicaçaõ para o quintal, ou
jardim das Casas da rezidencia dos Reverendos Priores (que sam sumptuosas com bastantes apartamentos, quartos, e accommodaçoens de sobrado) O
arco da Capella Mór he de pedra de Ansãa lavrada, e o pavimento da
mesma, ainda athé as primeyras duas Colunas he lagiado da mesma pedra
laurada, destribuido em campas, e sepulturas, destinadas
principalmente para defunctos sacerdotes. Fóra do arco, nos dous
angulos tem dous altares, em hum delles da parte do Norte está o
sacrario do Santissimo, e juncto delIe sobre a banqueta da parte do
Evangelho, huma Imagem do N. P. S. Francisco, e da parte da Epistola a
Imagem de S. Salvador. Tem sua talha á antiga, dourada. O outro altar,
que fica em correspondencia deste, he de N. Senhora do Rosario, cuja
Imagem está no meyo, e dos lados da parte da Epistola huma de Sam
Sebastião, e da parte do evangelho outra de S. Bras; ambas estas em egual altura com a da Senhora sobre a banqueta, da parte da Epistola está huma Imagem de
Santo Amaro, e da parte do Evangelho huma de Santa Luzia; Ambos estes
Altares ColIacteraes são de talha á antiga dourada com suas Colúnas
Salonomicas da folhagem. Ha mais abayxo dos lados em correspondencia,
dous altares, ou Capellas, huma da parte do sul chamada do Senhor Jesus,
a causa de estar nella huma Imagem do Senhor Ecce Homo, outra do Senhor com a Cruz ás Costas, e outra do senhor crucificado, debayxo de cortinas de damasco carmezim com galam de ouro para os tempos de festa, e para o mais de tafetá roxo. Outra chamada de S. Joam Baptista, a cauza de nella estar huma Imagem do mesmo Santo, a qual se
chama tambem Capella do Sylva, por nella se dizerem certas missas
deyxadas por hum N. da Sylva. Tem a Igreja seu pulpito de pedra
arrimado a huma Colúna com grades de pau de Jacarenda preto. As mesmas
tem o Coro, e huma janella rasgada com grades de ferro no frontespicio
sobre a porta principal, que aberta dá lúz ao Coro, e á Igreja. O tecto
desta he bem forrado, e pintado. As columnas são bastantemente
grossas, redondas, de pedra, e de peças grandes. A porta principal fica para o poente. Tem huma só traveça para a parte do sul, e juncto della da parte de fora fica a porta da escada por onde se sobe para o Coro,
e para a torre, que he algum tanto bayxa, Como tambem a Igreja, e por
esta causa bastantemente funebre. Tem dous sinos grandes da parte do
frontespicio, e álem destas huma garrida para outra parte. Tem hum grande, e espaçozo adro quasi em quadro cercado de muro de pedra, e
cal, em competente altura com trez entradas, com grades ou pontes de
ferro. Sobre a banqueta do Cayxão da sacristia Nova se achão
interinamente tres grandes Imagens huma de S. Christovão, outra de S.
Joam Baptista, e outra de Santo André, as quais estavão no Altar-Mór no
tempo da tribuna antiga; e como a moderna tem diversa arquitectura, não
tem hoje nella lugar acommodado, e destina o Reverendo Prior actual
destribuil las pellos mais altares, e expol las á veneração que merecem. Nam tem Irmandades mais do que huma chamada do Bendito Louvado
com breve de sua santidade Clemente Duodecimo, Concedido em quinze
/ 305 / de setembro do anno de mil é sete centos e trinta e dous, com cinco Jubileos cada anno, e seis centos, e cincoenta Irmaons.
Tem com tudo oito confrarias a saber do Santissimo, da Senhora do Rosario, da Senhora do Pranto, do Senhor Jesus que chamão Mayores; do Espirito Santo; Samthiago, Santo Antonio, e Sam Sebastião, cujos respectivos mordomos se elegem nas oitavas do Natal na Igreja presidindo o Reverendo Parrocho. Alem das ditas confrarias ha mais outra das Almas que successivamente vão servindo os Mordamos que acabam de servir a confraria do Santissimo. A todas ellas toma conta o Provedor da comarca.
Antes que façamos o detalhe, e descripção dos Lugares da Freguesia, pede a razão e boa ordem, que primeyro a façamos da villa. Consta esta
de huma grande, e Principal rua, que principia no citio, ou bayrro chamado cimo de villa, e se estende, e discorre por quasi meyo quarto de legoa
athe a malhada, ou posto geral dos barcos. Em toda esta extensão tem infinitos becos de hum e outro lado, que chamão Carris, e viellas, com innumeraveis
casas, e cazinhas, quanto baste limpas, e asseadas á maneyra de células de abelhas, habitaçam da plebe. Tem alguns edificios, e casas de sobrado com distinção, mas poucos. Ao longo das casas, que fazem face para o Poente corre a calsada por onde a gente ordinariamente se serve com bastante largueza; e por bayxo he o resto da serventia de carros, que vulgarmente chamam o rego, a cauza da agoa, que por elle continuadamente corre, násce, e transpira dos lados por
ser o centro humido, e por essa razão menos saudavel. Tem mais outra grande rua chamada de Espinheyro, que corre de nascente a poente e vay acabar pouco distante do rio, em hum porto chamado o Juncalancho.
Quasi no meyo da villa fica a praça publica bastantemente pequena para o trafico das gentes, e comerciantes, que a ella concorrem.
He comtudo muyto bem provida de todos os viveres assim da terra, como de fóra. Aly mesmo estão as casas da camara, e Paços do Concelho, tudo muyto sufficiente, e capás principalmente depois que se lhe accrescentou hum quarto novo pella parte de tráz. Nas lages ficam as enxovias; excepto a do quarto novo que se destinou para açougues. Parescia proprio da historia que no principio desta descripçaõ se desse noticia da origem, e etymologia deste nome=Ilhavo=Como tambem do anno em que foy criada a villa; porem de nada disto hã memoria. No foral se tracta por
terra de Ilhavo, e no fim delle se acha por letra gótica, hum termo que paresce feyto em
camara, ou vereança, e de acceytação do dito foral, aonde se achaõ asignados dous Juizes, dous vereadores, e outros signaes, que apenas se podem ler, e no corpo do termo paresce que se le. Fernam Gonçalves Almoxarife de Antonio Borges=e he mais que verosimil ser este o mesmo de que no Foral se faz mençaõ e acima nos lembramos.
Adverte-se que o nome=Ilhavo=se deve pronunciar esdruxolo, isto hé com accento na primeyra, e naõ na penultima, como alguns menos advertidos na corte, e outros lugares distantes, erradamente
pronunciam.
Quanto á etymologia do nome
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Ilhavo, pouca attenção merece a noticia
que agora, sucintamente, daremos.
Hum celebre Domingos da Cruz Sacristão que foy da Matriz que se gastava
bom humor fleumatico, costumava, e aproprio cerebro, formar, e fingir etymologias dos nomes das terras, e chegando a Ilhavo dizia elle que a origem, e razam de assim se chamar fora; porque sendo a Chouza velha (lugar vezinho de que em seu lugar trataremos) Povoação mais
antiga, era nesse tempo IIhavo, Ilha, ou terra apaúlada, e pantanosa
(nisto hia coherente, e verosimd; porque o terreno por bayxo, e humido assim o
inculca) e que na tal Ilha, ou paúl criavão muytas aves, ou ades e costumavam os moradores da Chouza velha ir tirar-lhe os ovos. Sucedia pois que huma velha costumava ir com hum netto que tinha a mesma diligencia, e que quando se descuydava, o netto costumado
áquella golozina lho lembrava, dizendo: vamos á ilha, avó; e que daqui,
corrupto
/ 306 / vocabulo, ficára llhavo. Fides penez Authorem que certamente era
apocryfo Diota, e homem sem letras simples sangrador de profissam.
Passemos já á descripção dos Lugares da Freguesia, e seja o primeyro,
assim como he o principal e mais vezinho da villa.
ALQUEYDÃO
He Alqueydão o mayor, e mais importante lugar desta freguesia por ser a mayor parte delle de lavradores ricos, segundo o estado da terra;
fica pella parte do Norte quazi contíguo á villa, e a cinge, e acompanha em
Linha quazi parallella com huma grande rua que principia no citio
chamado cazal, e vem acabar perto do Porto, ou Malhada comunica-se com a villa por tres partes principaes a saber pella Barróca que vem ter á
rua da Fontoura e esta á principal da villa. Por huma calsada que
atravessa, e vem ter por detráz das Casas da Camara; e por outra calsada
que attravessa, e vem ter á Igreja Matris.
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A. G. DA ROCHA MADAHIL |