Pouco mais de
um ano é decorrido desde o dia em que nós procuramos em Eixo o Dr. Jaime
de Magalhães Lima, para lhe solicitar um artigo destinado ao primeiro
número desta revista. Recebeu-nos com o maior carinho, e logo nos
prometeu, com aquela sua nunca desmentida generosidade, o artigo
preambular. Acentuou, porém, nessa ocasião, que só com grande
dificuldade podia escrever, tão trémulo se encontrava já; e acrescentou
que pouco tempo lhe restaria de vida. Retirámo-nos contristados pela
decadência física em que víamos o robusto Pensador
− tão
diferente do homem que ainda poucos anos antes fazia a pé as suas
excursões ao Caramulo; não o julgávamos, contudo, tão próximo do fim. Em
carta particular, de Agosto de 1935, dizia ele a um dos directores do
ARQUIVO:
− «Estou morto
de todo e. já não sirvo senão para flagelar os que me amam». Não se
enganou, infelizmente: a morte, embora suavemente, acaba de o arrebatar.
Prestando aqui
a nossa comovida homenagem à memória do ilustre escritor e pensador
aveirense, glória da sua terra e glória da sua Pátria, choramos muito
especialmente o bondoso amigo
− o Homem
que acarinhou a nossa iniciativa de bem servir o Distrito de Aveiro e o
país, e que, precisamente um ano antes de falecer, pedia a «todos
quantos amam a pátria, a pátria pequenina, a do seu torrão, como a maior,
a
/ 46 / que se
expandiu e enraizou por todas as latitudes» a coadjuvação de que
carecíamos para levar de vencida esta empresa.
Aqui fica, pois, a expressão, embora descolorida, do nosso
reconhecimento e da nossa imperecível saudade.
Março de 1936.
A. G. DA ROCHA
MADAHIL
F. FERREIRA NEVES
JOSÉ PEREIRA TAVARES
|