O «ARQUIVO», A IMPRENSA

E O PÚBLICO

 [Vol. I N.º 2 1935]
Antes de se iniciar a publicação desta revista, tiveram os seus fundadores o cuidado de averiguar, por meio de circulares que largamente espalharam, como seria recebida a ideia e se, portanto, conseguiriam um número de assinantes que garantisse à projectada publicação uma vida desafogada. As respostas recebidas de muitas pessoas a quem se dirigiram habilitaram-nos a lançar afoitamente o «Arquivo» e a traçar, no artigo de abertura, algumas palavras de confiança.

Hoje, é-lhes gratíssimo frisar que foi apreciado e aplaudido o seu esforço e que também não deixou de agradar a orientação que entenderam dever dar à revista. Mas, se são motivo de grande satisfação as palavras de apreço e carinho e incitamento que na redacção se receberam, de filhos do Distrito capazes de compreender o largo alcance do «Arquivo», e o relativamente avultado número doutros que espontaneamente se inscreveram como assinantes o que tornará possível a promessa de a revista ir sucessivamente melhorando de aspecto e aumentando o número de páginas dos seus fascículos , muito penhoram e orgulham os directores do «Arquivo» as apreciações dos jornais do Distrito, que, na sua quase totalidade, se referiram ao aparecimento da nova revista.

Agradecendo aos amigos do «Arquivo» as suas palavras de carinho e incitamento, e as suas promessas de colaboração, e à Imprensa a maneira carinhosa e entusiástica como a ele se referiu, aqui se faz a solene promessa de que os directores da revista procurarão sempre corresponder às manifestações amigas duns e doutros, sem se esquecerem de que a sua obra só poderá atingir a grandeza que já a partir do primeiro momento lhe sonharam, desde que os naturais do Distrito, em geral, e a Imprensa, em particular, lhes não faltem com o seu permanente apoio e colaboração.

/ 82 / Seja-lhes, porém, lícito que neste lugar agradeçam particularmente as apreciações que ao «Arquivo» foram feitas por jornais estranhos ao Distrito de Aveiro, em especial as «Novidades», que do «Arquivo» se ocuparam duas vezes e lhe deram valiosíssimas sugestões, o «Diário de Coimbra» e «A Voz da Justiça» da Figueira da Foz.

Àqueles jornais que manifestaram o desejo de que o «Arquivo» se ocupe da sua região, declara-se que irão sendo publicados todos os documentos dignos disso, sem a preocupação de primazias.

O Sr. coronel Strecht de Vasconcelos, escrevendo no «Correio do Vouga» a propósito do aparecimento do «Arquivo», refere-se à portaria de 8 de Novembro de 1847, que «impôs a todas as Câmaras Municipais o encargo de consignar, em livro especial, os factos mais importantes que se dessem nos seus respectivos concelhos, a fim de que a posteridade tivesse à mão os documentos necessários para fazer a história da nação», e lembra que «por acordo entre as Câmaras do Distrito poderia o Arquivo do Distrito de Aveiro transformar-se no realizador desse encargo, para cuja efectivação contribuiriam as Câmaras do Distrito com a respectiva verba, e todos os investigadores de cada concelho com a quota parte da sua acção informativa, de modo que todos os concelhos usufruíssem igualmente da publicidade dos seus anais».

Agradecendo a S. Ex.ª a criteriosa lembrança, bem como todas as palavras que o aparecimento do «Arquivo» lhe mereceu, a Direcção da revista declara que veria com todo o prazer tornada realidade a sugestão. Seria, mesmo, em seu entender, um acto de largo alcance, e de seguros resultados práticos para o Distrito. Somente... não é a ela que compete consegui-lo...

A DIRECÇÃO

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