1. SABER ESCUTAR. Os seus representantes deveriam ter
mais conversas informais com os fiéis – de diferente estatuto e tipo
de actividade e em circunstâncias diversas (sejam casamentos e
funerais ou simples cafés e passeios).Deste modo estarão mais
habilitados para proveitosas conferências e homilias. A diversidade
de estatutos convinha estar presente na organização de debates
públicos (não dar “maioria absoluta” a representantes políticos ou
figuras públicas e muito menos só a simpatizantes). Nos vários tipos
de encontros, não terem pressa de intervir, por vezes interrompendo
o pensamento dos outros, e muito menos tentarem arrumar as questões
debitando “infalíveis” expressões teológicas.
2. CELEBRAR A FÉ E A VIDA. Nos vários rituais, predomina o costume
social com as adequadas atitudes de alegria ou tristeza. Falta uma
reflexão bem preparada, com espiritualidade que aprofunde os
sentimentos humanos. Nos baptismos e casamentos, falta dar relevo à
responsabilidade não só de pais e padrinhos mas também de todos os
presentes: estes deviam-se sentir como testemunhas responsáveis pelo
melhor êxito desses actos quanto à realização pessoal e do bem
comum. Nos funerais, faltam palavras de profundo e positivo
sentimento, geradoras de uma natural visão e aceitação da morte, que
deve incluir a riqueza espiritual do cristianismo (e de outras
religiões). E lembrar que as flores na morte só têm sentido se as
damos também em vida.
3. PARTICIPAÇÃO. Por exemplo: que o celebrante proponha a toda a
assembleia projectos, discussões… E que os acólitos, como os
leitores, representem os dois sexos (casais ou não, catequistas,
«professores, empresários etc. católicos). Que saibam exercer bem a
sua função. NB: Os mancos ou em cadeira de rodas não podem ser bons
leitores? E os muito velhos têm que ficar na prateleira? Portanto,
que haja representação (rotativa) da comunidade.
4. DIÁLOGO. Cf. #1. O clero não perde demasiado tempo em reuniões
internas, que solidificam posições estranhas à realidade que os
cerca? Não podem ter medo de discussões do âmbito teológico,
axiológico e ideológico. Mas sem tomar posições absolutas. Será mais
bem visto um modo de questionar a comunidade, por exemplo: o bem
comum e o bem pessoal não serão mais protegidos por elevado número
de votos? A organização empresarial estará devidamente preocupada
com a justiça e junção de bem pessoal e comum? Nas várias situações
do dia-a-dia, que comportamentos achamos dever promover para
melhorar o nível de vida – do ponto de vista ecológico, relacional,
higiénico…
5. DISCERNIR E DECIDIR. Precisa do culto do silêncio, da
contemplação da natureza, da eliminação do ruído (também por motivos
higiénicos e sociais).Começando pela noção de Igreja: como se poderá
definir, tendo presente o concurso dos vários pontos de vista
desenvolvidos na cultura humana? Há demasiadas «leis» que impedem o
“sempre mais”. Nos vários modos de interacção, analisar honestamente
os problemas, «discernindo» o seu peso relativo bem como o peso das
respostas que vão surgindo.
6. TEMA LIVRE. É frequente as homilias deixarem muito a desejar. No
tempo presente, precisamos de saber enquadrar todos os «textos
sagrados», sem esquecer o contributo da história das religiões e da
Humanidade. Os textos sagrados são fonte de reflexões muito variadas
mas não de “mezinhas universais para todos tempos” e muito menos um
texto proferido por Deus. Muitos sacerdotes especialistas seguem um
texto ou esquema escrito, sendo breves e mais certeiros. E sem medo
de aplicações aos problemas reais da sociedade (seja no âmbito
político, económico, ecológico, educacional…- cf. #4). O que exige
preparação, ponderação e troca de ideias com os «fiéis».
7. Na minha tese de doutoramento (na Universidade de Aveiro), já
concluía que as aulas de religião deveriam ter lugar sobretudo no
ensino superior, pois necessitam de capacidade de discussão e
«discernimento». Teólogos actuais defendem o mesmo, com base na
importância da religião nos grandes problemas da humanidade
(política, moral, conflitos, axiologia…).
Aveiro, 26-01-2022 |