VIANA DO ALENTEJO

A vila de Viana do Alentejo é uma terra fértil e aprazível que prende quem a visita

A vila de Viana do Alentejo, que antigamente se disse de Fossim e mais tarde – a par de Alvito, possui como quase todas as povoações alentejanas, origem antiquíssima.

Diz-se que alguns séculos antes da era cristã os galos e celtas a fundaram e em memória da cidade de Viena, sua pátria, lhe deram igual nome.

Sabe-se que Viana encontrando-se abandonada e derruída, teve alguém que a mandou reconstruir e povoar – D. Gil Martins, dos princípios do século XII e reinado de D. Afonso II.

D. Dinis, cerca de 1313, a fez vila e lhe deu foral.

Cita-se a reunião ali de côrtes em 1841 e 1842, no tempo de D. João II que dez anos depois, estando a côrte em Évora a festejar o consórcio do primogénito D. Afonso com a filha dos reis católicos Fernando e Isabel, de Évora, retirou com o seu séquito para Viana fugindo à peste.

D. José de Menezes, estribeiro-mor de D. Pedro lI, o alcaide-mor da vila foi intitulado conde de Viana, mas a mercê com ele findou por falta, de descendência.

O castelo onde demora a igreja Matriz, foi começado a 2de Junho de 1300 e concluído cinco anos depois.

O portal desse castelo é talhado em granito da região. De admiráveis proporções é a fachada lateral Norte com arcos-botantes e ameias chanfradas.

O interior obedece na sua quase totalidade aos motivos que aparecem no exterior.

Da igreja Matriz diz um antigo escritor: «que o pórtico principal é de pedrada lavrada com admirável corte e engenho, pedra que parece na dureza pederneira, que é muito para admirar e ver o que abriu o picão em uma pedra tão dura, e em dois arcos divididos com uma cruz, como a do hábito de Cristo; e a cada um dos lados uma esfera, é todo o mais pórtico de vários lavores e figuras da mesma pedra, e sobre o arco que cobre o dito pórtico se acha elevado um campanário com sinos e por cima das abóbadas na divisão das naves, e corredor delas com várias torrinhas e ameias».

A igreja Matriz foi elevada à categoria de monumento Nacional em 5 de Agosto de 1888, por iniciativa de Luciano Cordeiro.

Viana ufana-se dos seus institutos / 303 / de bem fazer e tem razão porque constituem estabelecimentos de muito merecimento.

Joana da Gama, notável escritora da escola quinhentista, autora da obra – Ditos de Freira – que em Évora se publicou em 1555, era natural de Viana. Aqui nasceu. Fernão Cardim, autor duma narrativa de viagens de que se fez em 1847 nova edição.

Nos arredores de Viana do Alentejo devem ver-se o típico Solar de Água de Peixes, da Casa Cadaval (a 6 quilómetros) com ressaibos mouriscos, uma porta ogival encimada por brasão da família em azulejos policromos. Todo o palácio está povoado de elementos de arquitectura quatrocentista e quinhentista. A pequena distância, de Viana em planície fértil e aprazível, pode-se admirar o majestoso Santuário de Nossa Senhora de Aires, de grande devoção, com duas torres, um zimbório e um portal barrocos. As obras deste santuário começaram em 1743.

Viana do Alentejo é, actualmente, uma excelente afirmação de trabalho e de ordem – de labor perseverante e de disciplina consciente Bem merece dos poderes públicos o maior carinho.

 

 

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