Desmentindo a proverbial aridez do Baixo
Alentejo, o verde negro dos olivais de Alvito, a vegetação exuberante
das suas numerosas quintas e o maravilhoso colorido dos seus laranjais
surpreendem agradavelmente o turista que depois de fatigante viagem pela
província, queira passar aqui uns dias de repouso. À beleza da sua
paisagem e à riqueza do seu solo, Alvito reúne, como testemunhas de um
honroso passado histórico, vários monumentos interessantes, alguns dos
quais mereceram a classificação de nacionais.
A povoação de Alvito, fundada no ano de
1250, teve a sua origem numa herdade denominada de S. Romão, ainda
existente, e que nesse tempo pertencia ao Senado de Évora e aos Pestanas
da mesma cidade, descendentes de Geraldo Geraldes (o Sem Pavor). Foi D.
Afonso III quem lhe deu foral e a elevou à categoria de vila, dando-a a
D. Estêvão Anes, que, além de seu privado e colaço, era também seu genro
por seu casamento com D. Leonor Afonso, filha bastarda do mesmo rei. Por
morte de D. Estêvão, a vila e terrenos passaram para os frades trinos,
que trataram de aforar terrenos a quem quisesse construir, concorrendo
assim para aumentar a população.
Alvito foi o primeiro baronato que houve em
Portugal, dado a D. João Fernandes da Silveira, escrivão da puridade de
D. João II e seu amigo íntimo.
O castelo de Alvito, que é o monumento mais
notável da vila e dos melhores do Alentejo, ergue-se no meio da
planície, dominando ampla paisagem, e data de 1454, ano em que D. João
II o mandou edificar, doando-o depois ao primeiro barão, o citado João
Fernandes da Silveira, que também foi chanceler-mor do reino, vedor da
fazenda e por duas vezes
/
191 / embaixador de Portugal
em cortes da Europa.
Em Alvito nasceram o príncipe D. Manuel,
filho de D. João Ill, a célebre poetisa D. Constança Freire de Sousa e o
poeta António Matos Fragoso.
Concelho essencialmente agrícola, Alvito
emprega na agricultura a maioria da sua população, repartindo-a pela
produção de trigo, cevada, aveia, fava, azeite, frutas e hortaliças. Em
anos de razoáveis colheitas, o concelho exporta azeite, cortiça, carnes
de porco, cereais e ainda milhares de cabazes de excelente laranja, que
vão abastecer os mercados de Lisboa.
Não tem o concelho grande importância
industrial. Todavia existem em Alvito algumas fábricas de curtumes e
lagares de azeite de sistema moderno, encontrando-se também junto à
estação de caminho de ferro uma grande refinaria de azeite e extracção
de óleo de bagaço.
Sob o ponto de vista turístico, Alvito é uma
das primeiras povoações do Alentejo digna de ser visitada e detidamente
observada. O castelo, a igreja matriz, sumptuosa como uma catedral, a
igreja da Misericórdia são monumentos interessantíssimos, cuja
grandiosidade e imponência nos dão uma ideia bem nítida da importância
desta vila em épocas passadas. Os sítios da Serra, da Ribeira e dezenas
de aprazíveis quintas que rodeiam a vila oferecem lindas paisagens,
muito apreciadas por quantos nos visitam.
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Legendas eternas
Os deuses de nada necessitam; e os homens
quanto menos necessitam mais se parecem com os deuses. – ARISTINES |