Dourados fios da existência incerta,
Onde passais, na complicada trama,
Que aqui nos prende entre a comédia e o drama,
Lançando a todos na cruel referta?
Vós existis; porém a mão que aperta
A teia imensa que um a um nos chama,
E o próprio sangue ao coração reclama,
É feita doutros – dos que a Dor desperta…
E assim debalde, visionários, loucos,
Vamos seguindo pela estrada, aos poucos,
À vossa busca, apetecidos fios!
Vai-se a frescura, e tu, Outono, avanças,
Mas ai, até aos que inda são crianças,
Se sois dourados, só par’ceis sombrios…
Afonso Vargas |