Quando eu um dia voltar
P’ra ti, minha terra amada,
Vou pelas ruas cantar
Às quatro da madrugada.
Vou percorrer cada rua,
Vou parar em cada esquina,
Vou cantar-te à luz da Lua,
Ò menina florentina!
Se acaso me vires chorar
Podes crer, não é de mágoa
Se me quiseres consolar,
Dá-me uma gotinha de água.
E tu que sabes cantar,
Se te agradar o meu cante,
Vem à janela espreitar
E chama-me extravagante…
Eu e outros extravagantes
Iremos por aí fora
E não recolhemos antes
Do romper da bela aurora…
Quando o Sol se levantar,
As tuas casas caiadas
Por certo me vão lembrar
Rosas brancas desmaiadas
E para teres a certeza
Do amor que o meu peito encerra
Canto-te, como quem reza,
Serpa,
que és minha terra!