A segunda, porque neste momento acumulo a direcção do Clube dos
Galitos com a de presidente da Assembleia da Freguesia da Glória,
onde nasci e vivi toda a minha juventude.
O Clube dos Galitos nasceu e cresceu em Aveiro.
Embora a sede social se encontre desde 1970 na
Vera Cruz, a sua maior actividade é hoje feita na Glória, onde ficam
o pavilhão desportivo, as piscinas e o posto náutico dedicado à
iniciação do remo. Estes lugares concentram o maior número de
atletas aveirenses da cidade. Mas, durante muitos anos, mais de 60,
a sede social esteve na outra margem do canal central, na freguesia
da Glória. Talvez, e com certeza de forma inconsciente, esta
«itinerância» da sede pertença também ao movimento de aproximação e
aglutinação da cidade, dividida desde a sua nascença, entre a cidade
que vivia dentro muros da muralha, mais fidalga, e a cidade que
crescia na actividade piscícola da beira-mar. Hoje a distinção entre
ceboleiros e cagaréus é pouco mais que metafórica, embora vivida com
orgulho pelos naturais de cada margem do canal central. A entrada na
era moderna dos cidadãos de Aveiro, o advento da República, o
desenvolvimento económico com o crescimento dos serviços, da
indústria e da exploração agrícola, coincidem com o extraordinário
expansionismo que a Freguesia da Glória conheceu no século XX. A
melhor forma que os Galitos têm de homenagear a Freguesia é saber
perceber e integrar no seu activo histórico, que o seu próprio
incremento e enraizamento na cidade só foi possível neste dinâmico
caldo de inovação, criatividade e de serviço à comunidade que a
Freguesia da Glória sempre soube fomentar.
Por isso, foi com entusiasmo e carinho que os
muitos sócios do nosso Clube receberam, em cerimónia pública
realizada em Janeiro deste ano, o mais alto galardão da nossa
freguesia concedido ao Clube dos Galitos: a Medalha de Ouro da
Freguesia da Glória.