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1- O HOMEM
1. 1- Origem e formação
Alguns dos visitantes desta exposição conhecerão muito melhor do que
eu, e de há mais longa data, o actual Presidente de AVEIRO-ARTE,
Pessoalmente, só o conheço há bem poucos anos, tendo-me sido
apresentado pelo saudoso Cândido Teles, Porém, os mais novos e os de
memória mais fraca, ou os mais distraídos, carecerão de dados que
lhes permitam identificar quem lhes vem apresentar o resultado da
sua última faina plástica. Socorro-me, por isso, de alguns dados do
extenso currículo que Gaspar Albino pôs à minha disposição para
apresentar sumariamente o autor dos trabalhos que agora se
patenteiam.
Filho de mãe ceboleira e de pai cagaréu,
Gaspar Albino expõe na Gafanha da Nazaré, pela primeira vez, óleos
com temática piscatória, Pretende homenagear, a justo título, de uma
maneira geral, todos os marítimos e bacalhoeiros, e especialmente, o
seu pai, que por duas vezes naufragou no Atlântico: a primeira, ao
largo da Terra Nova, quando trabalhava na pesca do bacalhau; a
segunda, no Golfo da Biscaia, num navio da marinha mercante. Seu pai
perdeu a saúde, ficando impedido de trabalhar para todo o sempre e
de prover, definitivamente, ao sustento da família, que passou a
viver em condições precárias.
Seu filho conseguiu tirar o Curso Geral de Comércio e foi
distinguido com o
Prémio do Grémio do Comércio de Aveiro para o melhor aluno do seu
curso, Durante a frequência do curso, como estudante-trabalhador,
obteve vários prémios de jornalismo e artes plásticas em actividades
circum-escolares, Fundou
e dirigiu o jornal de estudantes-trabalhadores Prà-Frente, Gaspar
Albino não pôde prosseguir os estudos, por carências económicas,
Depois de ter atingido os dezoito anos de idade, como
trabalhador-estudante, conseguiu fazer, com êxito, os exames do 22,
e 52, anos do ensino liceal, no Liceu Nacional de Aveiro, na mesma
época de exames, tendo sido o aluno mais bem classificado a Desenho.
Sempre como trabalhador-estudante, no ano
seguinte, fez o 72, Ano dos Liceus e galgou para a Faculdade de
Direito como aluno "voluntário", tendo chegado a estar inscrito no
42, Ano do Curso de Direito, mas foi obrigado a inter-romper os seus
estudos por razões profissionais.
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1 . 2 - Vida profissional e empresarial
O Curso Geral do Comércio facultou-lhe a obtenção de um lugar de
praticante de escritório numa empresa de pesca de bacalhau. Pouco
depois foi promovido a ajudante de guarda-livros. Sempre subindo
degraus, atingida a maioridade, consegue ser nomeado guarda-livros
e chefe da contabilidade de duas empresas dum grupo económico
aveirense. Quase em falência técnica a empresa de pescas onde
trabalhava, a Assembleia Geral dos sócios empresariais delegou-lhe
tarefas de gerência com o objectivo de recuperar a situação
económica e financeira da firma. Gaspar Albino obtém então a
possibilidade de ser sócio
da empresa piscatória. A recuperação da empresa foi levada a cabo
com êxito, permitindo a diversificação da sua actividade e
transformando-a numa das maiores empresas nacionais de arrasto
costeiro. Nessa senda, Gaspar Albino fundou em Casablanca uma das primeiras sociedades luso-marroquinas de
pesca e
dirigiu a actividade da empresa aveirense para a construção naval;
introduziu
inovações tecnológicas no arrasto costeiro, tendo igualmente
promovido a construção de dois arrastões costeiros nos estaleiros
franceses de Boulogne-Sur-Mer, segundo protótipo da CEE de então,
que viriam a servir de modelo para a renovação da frota costeira
portuguesa, fazendo neles as adaptações sugeri das por um gabinete
técnico que dirigia naquela altura.
Como armador de navios de pesca, Gaspar Albino chegou a ser Director
do antigo Grémio dos Armadores de Navios da Pesca do Bacalhau,
Presidente das Assembleias Gerais da Mútua dos Navios Bacalhoeiros,
da Cooperativa
Abastecedora de Navios, da Associação dos Armadores da Pesca
Longínqua, da
Cooperativa dos Armadores da Pesca de Arrasto e da Mútua dos
Armadores da Pesca de Arrasto. Foi também Director e Presidente do
Conselho Directivo da Associação dos Armadores das Pescas
Industriais e Vogal da Direcção da antiga
Corporação das Pescas e das Conservas. Representando os operadores
da pesca longínqua, fez parte de várias delegações portuguesas em
reuniões da
International Commission for the Northwest Atlantic Fisheries e da
Northeast
Atlantic Fisheries Commission, em Inglaterra, Escócia, Irlanda,
Canadá, Espanha e
Itália. Colaborou com o grupo interministerial para as negociações
tendentes à integração do sector das pescas de Portugal na CEE.
Durante largos anos, foi membro do Plenário da Junta Autónoma do
Porto de Aveiro.
1 . 3 - Actividades cívicas e culturais
Gaspar Albino exerceu durante dois mandatos as funções de vereador
do
Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Aveiro, sendo actualmente
Vogal da Assembleia Municipal da mesma cidade. De 1986 a 1989 foi
1Q. Secretário do Conselho Municipal de Aveiro. No Clube dos Galitos
da cidade lagunar também dirigiu o Pelouro Cultural da agremiação,
tendo promovido a criação de um Círculo de Artes Plásticas que
esteve na origem de Aveiro-Arte.
Participou na fundação do Círculo Experimental de Teatro de Aveiro.
Durante mais de dez anos, manteve-se como Presidente da Direcção dos
Bombeiros Novos de Aveiro. O novo quartel desta companhia de
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voluntários foi construído sob a sua presidência. Presidiu ainda à
Mesa de Encontros de Direcções da Federação de Bombeiros do
Distrito de Aveiro, tendo
batalhado para que fosse instaurado um adequado regime de seguro de
vida, e outras protecções, em benefício dos bombeiros distritais.
Foi Presidente fundador do Lions Clube de Aveiro e também fez parte
do elenco de sócios fundadores do Lions Clube de Santa Joana
Princesa. Actualmente, exerce o cargo de Vice-Governador do
Distrito 115 - Centro Norte de Lions Clubes ( 2000 - 2001).
Tem publicado frequentemente crónicas e críticas de artes plásticas
em jornais regionais, e até de âmbito nacional. e mais particular e
regularmente nos semanários Correio do Vouga, Litoral e ainda no
Diário de Aveiro. Os auditores da Rádio Moliceiro puderam ouvir
semanalmente crónicas suas consagradas a temática variada, que ia da
arte à economia regional.
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