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Pensar Aveiro... - I

(Onde se fala num Porto de Aveiro projectado para o Canal de São Roque…)

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Foi com estas palavras - PENSAR AVEIRO - que o Dr. Luís Miguel Capão Filipe, vereador do Pelouro da Preservação do Património Cultural, encerrou um pequeno texto de apresentação de uma série de exposições sob a genérica designação de “mostra de arquitectura e urbanismo de Aveiro” que se iniciou em Junho de 2006 e irá acabar em Dezembro com a entrega do prémio de arquitectura e urbanismo do Município de Aveiro. Foi para ajudar a pensar Aveiro que a primeira exposição “Aveiro, 1900-2006 — o território e os transportes” esteve patente ao público de 30 de Junho a 27 de Agosto, no já então chamado Museu da Cidade. Como não podia deixar de ser, fui visitá-la. Foi uma mostra de “memorabilia”, composta por fotografias, plantas, cartazes, tudo documentação carrejada para o local mercê da “conjugação de esforços entre a Câmara Municipal de Aveiro e a Direcção-Geral dos Transportes Terrestres e Fluviais”. E ainda com a prestimosa colaboração da Administração do Porto de Aveiro, da Aveiro Polis e da MoveAveiro, entre outras entidades. Pretendeu-se, assim, “explorar a relação entre o território e a evolução dos meios de transporte, ao longo do século XX. E “a partir do contexto nacional, dar-se destaque à região de Aveiro e às mutações e ajustes do espaço urbano aí registados, face às exigências impostas pelas novas formas de mobilidade de pessoas e bens”. Senti que, para atingir o objectivo desejado pelos promotores, faltou à mostra a explicitação de um fio condutor que permitisse a um leigo, como eu, entender mais facilmente “as mutações e ajustes do espaço urbano” lá considerado. No entanto, gostei. Gostei acima de tudo de rever imagens de uma Aveiro que eu fui conhecendo ao longo da minha vida e que me moldaram como aveirense empedernido. Mas mais contente fiquei quando há dias, ao inscrever-me para assistir às conferências do encontro “Arte Nova - porta para o futuro”, da documentação que me foi entregue constava um livrinho que, por certo, terá sido congeminado para catálogo da exposição “Aveiro 1900-2006, O Território e os Transportes”. E nesse livro lá estava o tal fio condutor que me faltou quando visitei a exposição. Não resisto a transcrever parte do texto introdutório da responsabilidade da Divisão de Museus e Património Histórico da Câmara Municipal de Aveiro. Assim: “A peculiar localização geográfica de Aveiro junto da laguna implica uma abordagem mais cuidada e diversificada face às várias tipologias de transportes e de redes de comunicação possíveis. Neste sentido, a exposição explora, a par da importância dos transportes e meios de comunicação terrestres, os meios marítimos e fluviais, cujo papel foi determinante no desenvolvimento e definição da estrutura urbana colectiva”.
 

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E continuava: “Fazendo prova destes pressupostos, a exposição é composta por “/…/ processos da cidade e da Barra e Porto de Aveiro /…/. Consignava-se como grande objectivo da mostra “Percepcionar a relação de desenvolvimento urbano em torno do surgimento e evolução dos transportes e das vias de comunicação; reflectir sobre problemática das mobilidades e seus reflexos (eixos e fluxos); fomentar o debate sobre a importância dos transportes e dos meios de comunicação num contexto de comportamentos urbanos; identificar especificidades da região de Aveiro e de que forma elas condicionam as sua linhas evolutivas /…/. Destaquei intencionalmente fomentar o debate. É que dessa exposição constava uma planta, não reproduzida no catálogo, anodinamente colocada num painel, que nos mostrava o projecto de implantação do PORTO DE AVEIRO, compreendendo um porto comercial e um porto de pesca, na margem norte do nosso Canal de São Roque, exactamente no maravilhoso local que hoje nós podemos desfrutar mercê da Polis-Aveiro. Foi “um anteprojecto traçado primeiramente em 1925 pelo Engenheiro António Craveiro Lopes e depois melhorado, completado e apresentado pelo Engenheiro Von Hafe. Homem Cristo fê-lo subir às instâncias superiores e conseguiu a sua aprovação”, conforme nos conta o saudoso Engenheiro Coutinho de Lima, em precioso texto publicado no “Correio do Vouga” de 24 de Dezembro de 1955. Felizmente, o projecto, de que se reproduz uma das suas plantas, apesar de superiormente aprovado, nunca passou do papel. É história a que voltaremos em próximo escrito. Para ajudar a pensar Aveiro… >>>
 

Gaspar Albino,  29 de Outubro de 2006
 

 

04-05-2018