DOIS
anos completos de vida já tem o ARQVIVO DO DISTRITO DE AVEIRO; o que a
muitos se afigurou uma utopia, é hoje uma realidade visível.
Com infinita satisfação vêem os fundadores e directores desta revista os
seus esforços premiados e reconhecidos como úteis aos povos do Distrito
de Aveiro e à Nação.
Não merece esta revista apenas pelos estudos e documentação que em suas
Páginas arquiva; merece também pelo estímulo que está dando à formação
de investigadores e historiadores da região.
É já notável o número de pessoas ilustres que a ela estão prestando a
sua colaboração e auxílio, sinal certo do apreço em que a têm, e do alto
valor dos seus objectivos.
Se a nossa dedicação e sacrifícios pelo ARQVIVO são grandes, muito maior
é a nossa gratidão por todos aqueles que connosco colaboram, e
desinteressadamente, justo é confessá-lo.
Homens notáveis nas letras e nas ciências trazem-nos o fruto dos seus
estudos e investigações, outros trazem-nos palavras de louvor e
entusiasmo pela obra a que metemos ombros; outros, finalmente, de mui
diversa maneira concorrem para o triunfo da empresa.
Faltas tem havido e terá de haver na nossa obra; muitas são, no entanto,
estranhas à nossa vontade.
Procuraremos, porém, remediar essas faltas; tentaremos melhorar a obra
quanto nos for possível, e assim havemos de ir correspondendo à
confiança e amizade daqueles que de perto e de longe acarinham o nosso
plano e protegem e auxiliam o ARQVIVO, guarda de relíquias sagradas das
nossas terras, das nossas
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tradições, e dos nossos desejos. E o ARQUIVO, obra independente, e
profundamente nacionalista que merece já os aplausos dos contemporâneos,
merecerá mais tarde as bênçãos dos vindouros, ele produzirá os seus
frutos e benefícios; ele dará alguma tranquilidade e prazer a muitos
espíritos cansados das inglórias lutas humanas e atormentados por
dúvidas dolorosas.
Temos sempre bem presentes as maravilhosas palavras com que o saudoso
Dr. Jaime de Magalhães Lima, talentoso e santo, honrou esta publicação
no seu início. Fecundidade das relíquias foi o título expressivo do seu
artigo, e nele disse: «Eis que agora as relíquias vivem, aquecem e
iluminam como a luz de uma lâmpada imperecível, e dos seus jazigos se
desentranha uma insondável profusão de riquezas».
Nós desejamos ardentemente que estas palavras correspondam a uma
realidade, e por isso, sempre cheios de fé ardente nos altos destinos da
nossa Pátria, continuaremos a coligir materiais onde o futuro possa
fixar as suas raízes.
O terceiro ano de publicação do ARQUIVO DO DISTRITO DE AVEIRO vai
começar.
Aveiro, 2 de Março de 1937.
ANTÓNIO GOMES DA ROCHA MADAHIL
FRANCISCO FERREIRA NEVES
JOSÉ PEREIRA TAVARES
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