| 
             
            Nas viagens que tive que efectuar a quando da 
            implementação do projecto Siaf, para o qual havia sido desviado a 
            convite da Sonae, várias vezes tive que “aterrar” na cidade 
            finlandesa de Lahti, já que uma das empresas a quem se adjudicou 
            equipamento para a fábrica de Mdf, a que o citado projecto dizia 
            respeito, aí se encontrava instalada, mais propriamente a Raumatic. 
            
            Por norma a equipa técnica, de que fazia 
            parte, quando ali se deslocava para reuniões do projecto em questão, 
            ficava instalada no hotel “Lahden Seurahuone”, implantado na 
            Aleksanterinkatu 14. Uma dessas permanências neste hotel de Lahti 
            foi em 26 e 27 de Abril de 1988. No dia 27, depois de uma reunião 
            estafante (como quase todas nesta fase), com os responsáveis da 
            Raumatic, regressámos ao hotel para o devido repouso. No dia 
            seguinte seguiríamos para a Alemanha para outra “maratona”, com 
            outro dos fornecedores de equipamento. 
            
            Só que de repouso nesse fim de dia pouco 
            houve!... O hotel tinha em anexo várias “solicitações”, para 
            entreter os clientes. Uma delas era o Alfa Night Club onde em 26, 
            dia de chegada, alguns do grupo haviam estado a “beber um copo”. 
            Outro atractivo era o “Amoroso dancing restaurant”, onde nesse dia 
            27 resolvemos jantar. Como o próprio nome indica, o restaurante 
            tinha um conjunto musical que animava os hóspedes enquanto 
            degustavam o nórdico menu. Era uma quarta-feira, que coincidia com o 
            “ladies night”, habitual neste dia da semana nestas frias paragens. 
            Para quem desconheça este hábito deste país (e dos outros 
            escandinavos), diga-se que se trata de um dia especial para as 
            finlandesas, no qual têm autorização dos respectivos companheiros 
            para uma saída nocturna a fim de se distraírem como lhes der na 
            gana. A tão apregoada “abertura” desta gente. 
            
            Estava eu com os três “J’s” da equipa, o João 
            José, o Jorge e o Joaquim. Só já no restaurante nos apercebemos no 
            que estávamos metidos. A sala, com uma pista de dança como se 
            impunha, regurgitava de presenças femininas, de todas as idades, 
            credos e feitios. Ainda não havíamos acabado de jantar já estávamos 
            a ser convidados a ir para a pista “dar à perna”. Dado o estatuto de 
            visitantes, e para mais estrangeiros, não podíamos recusar, ainda 
            que a algumas das interessadas bem apetecesse “dar uma nega”. Os 
            mais solicitados para a dança foram os cinquentões, eu e o Jorge, 
            não tendo os da casa dos trinta (ou talvez nem isso), tanta saída, 
            não me perguntem porquê. 
            
            Após meia dúzia de voltinhas com umas tantas 
            matronas acabei por “acertar” com a Marjukka, assim se chamava a 
            senhora que acabou engraçando com a minha pessoa. De tal maneira que 
            já não me largou o resto da noite. Não vou negar que me agradou a 
            companhia, senão tinha arranjado desculpa para me safar, o que 
            acabaram por fazer os meus colegas ao fim de certo tempo, ou porque 
            não “acertaram” como eu, ou porque não eram tão solicitados, ou 
            porque preferiram ir dormir. Também simpatizei com a senhora pois 
            era agradável a sua conversa e o aspecto físico bastante 
            interessante. Dançámos animadamente até às tantas, intervalado com 
            uns “drinques” nas pausas das musicatas. Não demos pela passagem do 
            tempo. Ao anunciarem o fim da “performance” musical, e já passava um 
            pouco da meia-noite, sugeri à Marjukka um último “copo” no meu 
            quarto do hotel. Porque estivesse “esquentada”, pela bebida ou pela 
            companhia, acedeu ao convite e aí vamos nós até ao “room 622”. Do 
            minibar do quarto retirei duas bebidas que foram alimentando a 
            conversa. A Marjukka sentada numa cadeira, eu na borda da cama, não 
            porque estivesse tentado a pender para a mesma, mas porque 
            simplesmente não havia mais assentos no aposento. A convergência de 
            gostos e de simpatias indiciava que daria para “mergulhar”, mas ao 
            fim de quase duas horas de “vai, não vai” acabámos por chegar à 
            conclusão, como pessoas civilizadas que éramos, que seria preferível 
            não chegar a vias de facto. Era improvável, senão mesmo impossível, 
            um reencontro, dado as circunstâncias. Embora com muita pena de 
            ambos resolvemos não prosseguir com o “aquecimento”, porque só 
            traria problemas futuros de consciência (possivelmente haverá quem 
            nos ache tolos!). Seria cerca das duas horas quando a Marjukka 
            telefona ao marido para a ir buscar ao hotel. E por aqui ficaria 
            este breve “afaire”. 
            
            Semanas mais tarde recebo uma missiva da 
            Marjukka, afirmando o quanto tinha apreciado a minha companhia e 
            lamentando (palavras suas) não ter ido mais além. À distância 
            continuo a pensar que foi melhor assim... 
             |