Em notícia recente num periódico fiquei
deveras alertado pelo que ali se anunciava. Dizia a mesma, em título
de letra gorda, que “Sida veio de chimpanzés selvagens de remota
região dos Camarões”. E desenvolvia dizendo que “ vinte e cinco anos
depois do aparecimento dos primeiros casos de sida, cientistas
confirmaram que o vírus teve de facto origem em chimpanzés selvagens
numa região remota dos Camarões”. Mais à frente acrescentava a
notícia que “ a análise genética identificou comunidades de
chimpanzés perto do rio Sanaga, nos Camarões”. O primeiro ser humano
conhecido infectado pelo VIH era um homem de Kinshasa no vizinho
Congo. Presumivelmente alguém no interior dos Camarões foi mordido
por um chimpanzé ou ter-se-á cortado enquanto esquartejava um (
porque por aquelas bandas o macaco, não sei se todas das espécies,
era um petisco para os locais e até eu provei algumas espetadas com
carne de um deles certo sábado na praia de Kribi) ficou infectado
pelo vírus que depois o transmitiu. “ Foi então que pelo rio Sanaga,
uma importante via comercial para o transporte de madeiras”, alguém
infectado chegou a Kinshasa”, continua dizendo a mesma notícia.
Ao ler isto, estando em 2006, e recuando os
tais vinte e cinco anos até chegar ao aparecimento dos primeiros
casos de sida dá o ano de 1981. Ora nesse ano de 1981 andava eu em
Edea, cidade no interior dos Camarões, atravessada pelo rio Sanaga,
onde eu tomei banho algumas vezes e habitando em barracão situado a
dois passos, digamos dez a vinte metros, da margem do rio. O que eu
fazia ali era, como do conhecimento dos mais chegados, supervisão de
montagem e de arranque de uma fábrica de pasta para papel cuja
matéria prima eram madeiras tropicais vindas da floresta circundante
onde igualmente teriam o seu “habitat” os tais chimpanzés que terão
começado a infectar meio mundo.
Agora vejam, se não é de começar a pensar duas
vezes nas coincidências: em 1981 eu nos Camarões, junto ao rio
Sanaga (onde me banhei), a lidar com madeireiros que traziam a
madeira das florestas do interior, onde pelos vistos também andariam
os ditos chimpanzés e ainda a comer espetadas de macaco (quem sabe
de que espécie), o que não terei eu arriscado. E por ali estive
vários meses, entrando até por 1982, nestas circunstâncias.
Posso, agora à distância, dizer que me safei de boa...
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