Como seria de calcular, dadas as provas dadas no ano de 1989 pelo
atleta da Sanjoanense Hélio Reis, Aveiro não conseguiu escapar ao
desvio deste excelente velocista para Lisboa, desta feita para o
Benfica. Se já lá estavam tantos formados no distrito: Arnaldo
Abrantes, Mário Silva, Teresa Machado e vários outros!...
Entretanto, entrou-se no ano de 1990.
No
campeonato nacional de corta-mato feminino, disputado em Viana
do Castelo, de citar apenas um solitário brilharete com direito a
pódio: o 3º Lugar de Ilda Estrela, do Grecas, no escalão de juvenis,
que tem muito mais valor quando se trata de uma atleta ainda
iniciada. Estava-se longe de ter fundistas com igual categoria da
década anterior, nos escalões de juvenis, juniores e seniores.
No entanto havia em Aveiro boa “massa”, como costuma dizer-se.
Porque, em 11 de Fevereiro, em Vagos, a selecção de Aveiro
(infantis e iniciados) tornava a vencer, pela quarta vez
consecutiva, o DN/Jovem de Corta-mato. Realizado há apenas 4
anos, este campeonato para os dois escalões mais novos da modalidade
ainda só teve um vencedor: a A. A. Aveiro. Com maiores ou menores
dificuldades, Aveiro não tem perdido e, agora a correr em casa, em
Vagos, vence de novo (102 pontos), deixando a associação de Lisboa a
11 pontos e o Porto a 78. Apresentou uma equipa muito equilibrada
(dois primeiros e dois segundos lugares colectivos, nas 4 provas do
programa), apostando no colectivo em detrimento do individual (só
teve um atleta no pódio, que foi Ilda Estrela, atleta do Grecas, em
3ª no escalão de iniciados).
Verificava-se entretanto um ligeiro declínio na formação e assim, no
DN Jovem (provas de pista) deste ano de 1990, Aveiro foi apenas 3º, com 551,5
pontos, atrás de Lisboa (1º com 590) e de Setúbal (2º com 581,5). A
melhor classificação foi ainda de Ilda Estela, do Grecas.
Ainda no que respeita a atletas jovens (infantis, iniciados e
juvenis), disputou-se em 30 de Junho e 1 de Julho, a final do
torneio “Atleta Completo”. Ressarcindo-se da classificação
menos boa no DN Jovem, Aveiro colectivamente volta a afirmar
supremacia nos torneios para jovens. A selecção distrital ficou em
1º lugar, perfazendo 16.147 pontos, deixando Lisboa e Setúbal
a distância significativa. Cristina Morujão, do Estarreja,
voltaria uma vez mais a destacar-se em juvenis, com a melhor marca
do torneio. Rui Barros, do Beira-Mar, também juvenil,
venceria no seu escalão.
Estes dois atletas citados foram considerados os melhores do ano em
Aveiro, acompanhados de perto por César Campos, do Campismo, e por
Luís Morais, do ARCO.
Cristina Morujão seria mesmo considerada a revelação do mês de
Agosto, pela revista “Atletismo” (excelentes performances no
comprimento,
batendo o recorde regional de juvenis por duas vezes,
nos 100 metros sendo em 1989 campeã nacional dos juniores e nos 200
metros).
A
7 e 8 de Julho, na pista da Maia (Porto), disputou-se o Campeonato
Nacional da 1ª Divisão, no qual participou a equipa do Clube de
Campismo de S. João da Madeira. Defrontando os melhores clubes
nacionais da modalidade, Benfica, Sporting e Belenenses, de Lisboa,
CIPA, CDUP e Boavista, do Porto e Vitória de Setúbal, os “campistas”
desta vez não conseguiram suplantar qualquer dos outros conjuntos e
quedaram-se pela última posição. Os seus melhores atletas neste
campeonato foram ainda João Milheiro, Manuel Sousa e Álvaro Quelhas.
No campeonato nacional de juniores (Lisboa, 14 e 15 de
Julho), um surpreendente Luís Morais, a representar o
A.R.C. Oliveirinha, foi 2º nos 100 m , com o tempo de 11,12 s,
logo atrás de Hélio Reis, agora a representar o Benfica mas formado
em S. João da Madeira. Cristina Morujão, ainda juvenil,
continuava a mostrar as suas aptidões para a modalidade, vencendo o
salto em comprimento, com a marca de 5,98 m (recorde
nacional de juvenis) e foi ainda 4ª nos 100 m (12,53 s, a apenas
1 centésimo da 3ª classificada). Melhoraria o seu recorde do salto
em comprimento, a 20 de Julho no “meeting da Brooks” na Maia, onde
fez 6,07 m. Destaque ainda para Rui Barros, do Beira-Mar,
terceiro no salto em comprimento com 6,78 m; para Célia Cirineu, do
ARCO, no disco com 30,74 m e para Rita Silva, também do ARCO, 2ª nos
5.000 m marcha, com 24.59,9 (conseguindo a proeza de baixar dos 25
minutos, um resultado na linha da bela época que vinha fazendo).
Nos campeonatos de Portugal (27 a 29 de Julho), Luís Morais
voltava a mostrar a sua aptidão para velocista, sendo 5º nas provas
de 100 e 200 m, com os bons tempos de 11,04 e 22,25 s,
respectivamente. Paulo Rocha, do ARCO, foi um bom 5º no lançamento
do peso, com 13,67 m, tendo João Milheiro desta vez fracassado um
pouco, saltando apenas 6,88 m, o que dava apenas a décima posição no
comprimento. No comprimento esteve no entanto bem Cristina Morujão,
saltando 6,05 m; foi ainda 5ª nos 100 e nos 200 metros.
À
semelhança do ano transacto, Clube de Campismo e A.R.C. Oliveirinha,
sagraram-se campeões de Aveiro (campeonatos absolutos). Dominaram em
absoluto, tendo, em masculinos, o Campismo obtido a totalidade de
174 pontos (o segundo foi o NAC com apenas 103), e em femininos o
ARCO feito 144 pontos (a segunda equipa foi a J.A. Fornos com apenas
44 pontos). O Campismo, na máxima força a treinar para a 1ª divisão,
contou em especial com João Milheiro (2º nos 100 e 200, atrás do
imparável Luís Morais), Álvaro Quelhas, sem adversário nas barreiras
altas, Manuel de Sousa e ainda o regressado César Campos, bem
acompanhados por Paulo Rocha no peso e por Paulo Silva no dardo. O
ARCO, com destaque para Célia Cirineu, Ângela Oliveira e Rita Silva,
apresentou-se com muitas atletas iniciadas e juvenis (juniores e
seniores quase não existiam em Aveiro, nesta altura).
Tendo
recentemente voltado a competir, o atleta António Godinho, a
representar o Arada, que anos atrás se tinha distinguido em provas
de fundo e de estrada, surpreendeu tudo e todos ao vencer a «5ª
Maratona dos Descobrimentos» realizada em Lisboa no dia 21 de
Outubro. Fez o tempo de 2.15.25, batendo atletas consagrados de
vários países como polacos, russos, brasileiros e tanzanianos. A sua
marca ficava a ser a terceira melhor no ranking desta tão exigente
prova da maratona.
Como vinha sendo hábito, os bons atletas formados em Aveiro voltaram
a ser desviados para os clubes com maiores potencialidades; e assim,
Luís Morais, do Arco, Rui Barros, do Beira-Mar, Cristina Morujão, do
Estarreja, e ainda a marchadora do Arco, Rita Silva, transferiram-se
para o Sporting e a juvenil do Beira-Mar, Sandra Almeida, foi para o
Benfica.
Apesar destes bons atletas que vimos referindo, no conjunto o
atletismo, quer a nível distrital, quer mesmo a nível nacional,
vinha decaindo um pouco. Significativo um título da revista
“Atletismo” de Novembro deste ano de 1990, que afirmava: “Parámos
há quatro anos...”
De assinalar, neste ano
de 1990, que a Associação de Atletismo de Aveiro criou o que
designou por PACADA –
Programa de Apoio a Clubes e Atletas de Aveiro
–
com o objectivo de incentivar o desenvolvimento do atletismo,
nomeadamente nos domínios da formação, promoção e qualidade. O
mentor do programa foi o director técnico regional, José Santos, que
afirmava que «este programa é uma boa forma de apoiar os atletas
e clubes da região pelos resultados obtidos, mesmo a nível nacional;
no final do ano são somados pospontos atribuídos que definem as
verbas que serão entregues pela associação aos atletas e aos
clubes».
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