A
revista “Atletismo”, ao fazer a análise do atletismo jovem em 1988,
no escalão de infantis, referia um “Jeremias de luxo”.
Tratava-se de “Jeremias Mavale, o longilíneo negro de
Oliveirinha”, que “merece as principais honras, pois, só à sua
conta, conseguiu três máximos da categoria: no salto em altura
superou o recorde de Mário Aníbal, fazendo 1,62 m; nos 60 m igualou o
anterior, com 7,6 s; e no tetratlo totalizou 1594 pontos.
Referia ainda: “Nos 60 m barreiras, a recordista de serviço foi
Solange Santos, com 10,1 s. O seu pai é, nem mais nem menos, o
técnico regional de Aveiro, o prof. José Santos, também ele atleta
de bons recursos, no seu tempo, com boas marcas na velocidade e
saltos”.
Rui Barros detinha a melhor marca nos 60 m barreiras, com 9,6 s e a
selecção de Aveiro feminina de 4x60 m tinha a melhor marca nacional
de infantis, com 33,0 s.
Em 16 de Janeiro de 1989, o iniciado Rui Barros, em provas de
pista coberta em Aveiro, no decorrer do campeonato regional, bateu o
recorde nacional do salto em comprimento do seu escalão,
pulando 6,25 m, marca deveras auspiciosa para um jovem de 14 anos.
Fez ainda 7,2 s nos 60 metros, melhor que o campeão aveirense.
No II “meeting” de pista coberta, organização do Beira-Mar, ainda no
pavilhão das feiras em Aveiro, voltaria a bater o seu próprio
recorde de iniciados no comprimento, fazendo agora 6,36 m.
Nos dois primeiros meses deste ano de 1989, Rui Barros tinha já
batido os recordes nacionais de iniciados. Comprimento (por três
vezes), 60 m, 60 m barreiras e triplo-salto.
Cristina Morujão
viria a destacar-se logo no início da época, mais precisamente em 4
e 5 de Fevereiro, em Braga, no decorrer do Campeonato de Portugal
de pista coberta, ao bater dois recordes nacionais do seu
escalão etário-juvenis. Tais recordes foram nos 60 metros, no
tempo de 7,80 s e no salto em comprimento, com a marca de 5,49 m.
Cristina Morujão começou bem e dias depois passava a marca do
comprimento para 5,61 m, em prova de pista coberta. Aparecia no
“ranking” do atletismo jovem escalão de juvenis, em primeiro lugar
no salto em comprimento e nos 100 metros, sendo ainda 5ª nos 200
metros. Outras atletas deste “ranking”: Carla Ruela, do Beira-Mar,
3ª nos 300 m barreiras; Ângela Oliveira, também do Beira-Mar, 4ª no
lançamento do peso; Carla Silva, do Lourocoope, 4ª no lançamento do
disco.
Em Vila Nova de Gaia, em 12 de Fevereiro, a Federação, com o já
habitual "Diário de Notícias", fez disputar a terceira edição do DN/Jovem
de corta-mato. Embora com mais dificuldades que em anos
anteriores, a Associação de Aveiro voltou a vencer. Embora com o
título de “Aveiro soma e segue”
a revista "Atletismo"
dizia depois:
“O terceiro triunfo de Aveiro é facto a salientar pelo que
representa de bom trabalho que ali se vem realizando, mas há que
chamar a atenção para os escassos frutos que aquela Associação vem
colhendo da promoção realizada, já que, a nível de juvenis, tanto em
pista como em corta-mato, os resultados não têm correspondido aos
êxitos anteriores”. O alerta era bastante válido, pois já o mesmo
vínhamos verificando nestes apontamentos. Aveiro somou 143 pontos,
contra 148 do Porto e 181 de Braga, as associações classificadas a
seguir. Individualmente, apenas Ilídio Silva arrebatou o 1º lugar
nos iniciados masculinos. Continuava a valer pelo colectivo.
Nos campeonatos de Portugal de corta-mato, disputados na
Amadora em 26 de Fevereiro, um único nome merece menção pelo
resultado alcançado. Foi ele o juvenil António Ferreira, do
Beira-Mar, que se classificou num razoável 4º lugar. Não aparecer
mais nenhum atleta de Aveiro nos lugares até aos vinte primeiros,
mostrava um declínio
no distrito
em atletas de meio-fundo e fundo.
O
DN/Jovem 89, realizado a 6 e 7 de Maio, uma vez mais em
Lisboa, desta feita foi para a equipa da casa. Lisboa apostou neste
ano numa equipa de qualidade e ganhou folgadamente. A selecção de
Aveiro, que vinha conquistando o troféu há quatro
anos consecutivos,
teve agora que se contentar com o segundo lugar, mesmo assim à
frente das restantes dezoito selecções distritais. A classificação
dos primeiros seis deste ano ficou como segue:
|
1º |
Lisboa |
631 pontos |
2º |
Aveiro |
545 pontos |
3º |
Braga |
535 pontos |
4º |
Setúbal |
509 pontos |
5º |
Santarém |
477 pontos |
6º |
Porto |
475 pontos |
|
|
O
grande destaque individual vai para o “veterano” Rui Barros,
no seu 6º DN, ao vencer a prova de 80 m barreiras com 11,24
s, que constituía novo máximo nacional de iniciados. Venceria
ainda o salto em comprimento, pulando 6,22 m. Outro aveirense em
destaque foi Ilídio Silva, vencendo as provas de 800 m
(2.00,95) e de 1.500 m (4.11,12).
Em femininos não houve vencedores individuais, mas uns bons 2ºs
lugares para Solange Santos, nos 60 m barreiras (seria ainda 3ª na
altura) e de Ilda Estrela na prova de 1.000 m.
Rui Barros e Solange Santos representavam o Beira-Mar, Ilídio Silva
a Sanjoanense e Ilda Estrela o Grecas.
Com alguma surpresa, Aveiro, que vencera esta competição em anos
anteriores, deixou-se ultrapassar por Santarém, no Torneio
Inter-associações Aveiro-Coimbra-Guarda-Leiria-Santarem-Viseu,
que se disputou em Viseu a 13 de Maio. Seis pontos apenas separaram
as duas primeiras equipas (89 de Santarém para 83 de Aveiro),
ficando as restantes a alguma distância. Vitórias individuais para
Fernando Adrião nos 5.000 m; Álvaro Quelhas nos 110 m barreiras e de
José Silva no lançamento do dardo.
Em 27 deste mesmo mês de Maio a Federação fez disputar em Lisboa um
torneio Inter-associações de juvenis, agora com 18
associações presentes. Aveiro, em consequência da quebra neste
escalão que vimos divulgando, ficou atrás de Porto e Lisboa, que
foram as primeiras duas selecções classificadas. O terceiro lugar
foi ainda assim razoável, para o que terá contribuído um atleta da
Sanjoanense, Hélio Reis, que venceu categoricamente as
duas provas de velocidade pura, os 100 e os 200 metros
planos. Estava-se em presença de um excelente velocista treinado por
Armando Silva, que impressionou muito bem os
críticos da modalidade. Em femininos, a única saliência foi o
triunfo no salto em comprimento, com 5,70 m, pela atleta do
Estarreja, Cristina Morujão.
Para o “Meeting Internacional de St. António de Lisboa”, que
a Federação organizou em 13 de Junho, com atletas de vários países
(França, Rep. Fed. Alemã, Angola, Grã Bretanha, Polónia, EUA,
Jugoslávia), três atletas de Aveiro foram convidados: João Milheiro,
Cristina Morujão e Hélio Reis. O primeiro seria 5º no salto em
comprimento, a segunda ainda no salto em comprimento foi 2ª, e o
jovem Hélio Reis, ainda juvenil, participou na segunda série dos 200
m.
Aveiro
voltaria às vitórias colectivas em torneio inter-associações
(estiveram presentes as 20 associações existentes no momento), agora
no II Torneio “Atleta Completo”, disputado a 24 e 25 de Junho
no Funchal.
A
classificação das primeiras três selecções neste torneio foi a
seguinte:
|
1º |
Aveiro |
16.961 pontos |
2º |
Lisboa |
16.563 pontos |
3º |
Setúbal |
16.529 pontos |
|
|
As restantes associações ficaram muito distantes em pontuação.
A
vitória de Aveiro foi por quase 400 pontos e deveu-se sobretudo a
tês atletas, com idas ao pódio: Rui Barros, vencedor do
pentatlo de iniciados (3.222 pontos – recorde nacional da
categoria, (com cerca de 250 pontos mais que o segundo); Cristina
Morujão, segunda no hexatlo de juvenis (3.844 pontos), estes
dois já conhecidos e referidos por várias vezes, e de um
surpreendente infantil de primeiro ano, João Nunes, que foi
segundo no tetratlo de infantis (1.760 pontos). Este jovem
representava a E. P. de Anadia.
O
Clube de Campismo, no sector masculino, totalizando 116 pontos, e o
A.R.C. Oliveirinha, com 104 pontos, sagraram-se campeões de Aveiro,
em uns muito disputados campeonatos distritais absolutos, com o
Beira-Mar a 13 pontos em masculinos e a Lourocoope a 6 pontos em
femininos.
Entretanto, em prova do II Torneio Cidade de Aveiro, em 12 de Maio,
dia da cidade, José Paulo Silva, do CAIO de Ovar, batia largamente o
recorde de Aveiro no lançamento do dardo, fazendo a boa marca de
57,02 m (mais de dois metros que o anterior).
A
8 e 9 de Julho, em Lisboa, a federação faz disputar o campeonato
nacional de juvenis. Naturalmente, e já por provas dadas, os
melhores intervenientes foram Hélio Reis (Sanjoanense), Cristina
Morujão (Estarreja), Rui Barros (Beira-Mar). Hélio Reis,
venceu os 100 m com 10,99 s e ficou em 2º nos 200 m com 22,37 s (o
primeiro foi um atleta de Macau), Cristina Morujão, venceu o
salto em comprimento e foi 2ª nos 100 m; Rui Barros, agora a
dedicar-se mais aos saltos, foi 3º na altura (1,83 m) e 5º no
comprimento (6,41 m). No salto em altura seria bem secundado por
outro atleta do Beira-Mar, Rui Cabral (?!), que se classificou logo
a seguir, com igual marca.
Outros nomes a efectuarem boas performances: João Lousado, do
Beira-Mar, 2º no peso e 3º no disco; Fátima Cabral, individual, 3ª
nos 800 m; Ângela Oliveira, do Beira-Mar, 4ª no peso e Rita Silva,
do ARCO, 2ª nos 3.000 m marcha.
No campeonato nacional da 1ª divisão, a 15 e 16 de Julho, o
Clube de Campismo de S. João da Madeira (CSJM, na sigla da
Federação), participou de acordo com a classificação obtida no ano
anterior. Desta vez ficaria em 5º colectivamente, com 78 pontos (o
vencedor foi o Benfica com 166). Mas o destaque maior desta
participação foi o título de campeão no salto em comprimento
obtido por João Milheiro, com a excelente marca (a melhor do
ano) de 7,42 m. Este eclético atleta seria ainda 3º no salto
em altura (1,95 m), 5º no triplo-salto (14,51 m) e 5º nos 100 m
(11,19 s). Foi bem secundado por Manuel Sousa, Álvaro Quelhas,
António Beça, César Campos, Dinis Ferreira, Paulo Carteiro, António
Silva, António Matos e João Resende.
No campeonato nacional de juniores (22 e 23 de Julho, na
pista da Maia), “juvenis aveirenses dominam a velocidade”,
subtítulo da revista Atletismo. Efectivamente as provas de
velocidade foram dominadas por atletas, ainda juvenis, da Associação
de Aveiro. “Hélio Reis, está a cotar-se mesmo como o melhor
juvenil português (depois de Luís Barroso) vencendo com grande
à-vontade os 100 e os 200 m, com performances de muita qualidade
(10,88 s e 21,89 s respectivamente)”, continuava a mesma revista
no seu número de Agosto. “Quanto a Cristina Morujão... ela não se
limitou a ganhar os 100 metros (12,25 s) pois bateu o seu
recorde pessoal por 12 centésimos... A jovem de Estarreja perdeu o
outro título em que esteve empenhada, o do comprimento, apenas no
último ensaio. Fez três saltos nulos, por uma unha negra, de muito
bom recorte.
Neste campeonato, uma menção
ainda para o título de campeão nacional para o atleta de “Os
Ílhavos” Mário Cardoso, no peso com um lançamento a 13,38
m (um metro e meio mais que o segundo classificado). Este atleta
havia lançado no regional de juniores a 13,41m. César Campos, do
Campismo, foi também um bom terceiro no disco e no dardo.
Campeonatos
de Portugal (12 e 13 de Agosto em Lisboa). O melhor aveirense
nestes campeonatos acabaria por ser um atleta que ainda aqui não foi
falado: Paulo Rocha, do Beira-Mar, que foi ao pódio no lançamento do
peso, arremessando 13,52 m, o que lhe proporcionaria o 3º lugar. Dos
consagrados, João Milheiro não esteve tão bem como em campeonatos
anteriores e ficou-se pelo 6º lugar no comprimento (com apenas 6,94,
ele que pouco tempo antes obtivera 7,42 m e no triplo-salto ficou em
5º lugar; Manuel Sousa, também do Clube de Campismo, arrancaria um
razoável 5º lugar nos 1.500 m, ficando ainda em 6º nos 800; Paulo
Silva, do CAIO de Ovar, teve um bom arremesso no dardo (54,58 m) que
lhe valeria o 5º lugar. O ainda juvenil Hélio Reis confirmava a
excelente época que vinha fazendo, obtendo um crono muito bom para o
seu escalão etário nos 200 metros (21,83 s).
Nos femininos, apenas a confirmação de ter sido considerada a
revelação da época, por parte de Cristina Morujão, que arrecadou
dois excelentes terceiros lugares, com um recorde pessoal de 5,86 m
no comprimento e fazendo 12,06 s na prova de 100 metros. Uma
referência ainda para uma marchadora do ARC Oliveirinha, Rita Silva,
com um terceiro lugar na difícil prova de 10.000 m.
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