Falámos em parágrafo anterior de atletas aveirenses transferidos
para a capital. Pois a imprensa da modalidade (revista "Atletismo")
dizia já no seu número de Janeiro de 1991 “Aveirenses do Sporting
já em foco”. E destacava os resultados de três dos juniores
transferidos. Rui Barros passou 1,95 em altura; o mesmo e Luís
Morais fizeram 6,9 s. nos 60 metros e Cristina Morujão, também nos 60
metros, fez o bom tempo de 7,7 s. Refira-se que se tratava de provas
de pista coberta realizadas em tempo de inverno.
Rui
Barros bateu inclusivamente o recorde de juvenis no salto em
comprimento, primeiro a 18 de Maio com 7,19 m. e depois a 25 do mesmo
mês com 7,24 m. É verdade que já era atleta do Sporting, mas foi
formado em Aveiro...
Em 13 de Abril deste ano de 1991, Aveiro inaugurou uma pista
mais. Não era naturalmente o desejado, tratava-se de uma pista em
pó de tijolo, mas, dada a proximidade da capital do distrito, servia
perfeitamente aos desejos e necessidades dos atletas aqui sediados.
Na inauguração da pista da Gafanha o destaque nas provas que
compunham o programa foi para atletas formados em Aveiro: Teresa
Machado, Hélio Reis, Luís Morais e Cristina Morujão. Para que
conste...
Pouco tempo depois, a 5 de Maio, nova inauguração,
desta feita do Complexo de S. Jacinto, onde era possível
realizar a contento saltos e lançamentos. Uma vez mais Teresa
Machado, Rui Barros e Cristina Morujão festejaram neste novo espaço
para a prática da modalidade. Fula Gomes, da ADO, António Pinho, do
NAC e António Matos, do CSJM, foram os lançadores de Aveiro que
estrearam o novo complexo com marcas razoáveis para o distrito.
Confirmando-se o que se havia dito anteriormente sobre o retrocesso
do atletismo jovem no distrito, na edição de 1991 do DN Jovem
(infantis e iniciados), a selecção representativa de Aveiro foi
parar ao 7º lugar, nada condizente com resultados de anos
anteriores. À sua frente ficaram Lisboa, Braga, Porto, Leiria,
Açores (?!) e Coimbra. A única atleta que se distinguiu nesta edição
do DN Jovem foi Ilda Estrela, que venceu, em iniciados, as
provas de 800 e 1.500 m.
Já no Torneio Inter-Associações que serviu de ensaio para a final do
DN Jovem, Aveiro tinha sido suplantada pela sua congénere de
Coimbra.
Também nos escalões de seniores se verificava notório retrocesso. O
Clube de Campismo de S. João da Madeira, entretanto despromovido
para a 2ª divisão, no respectivo campeonato foi apenas 4º. A
Associação Desportiva Ovarense, encaminhada para a 3ª divisão,
conseguiu vencer o campeonato respectivo. Mas bastante longe do que
haviam feito os clubes de Aveiro em anos anteriores.
No Campeonato nacional de juvenis, disputado a 15 e 16 de Junho,
poucas referências para atletas de Aveiro. Ilda Estrela, do Grecas,
seria 2ª nos 800 e nos 1.500 metros. Curiosamente, duas atletas do recém clube União da Tocha, Sónia Grácio era campeã juvenil nos
lançamentos do peso e do disco, sendo ainda terceira no dardo, e
Karina Carvalho venceria o salto em altura, com a razoável marca de
1,60 m. A União da Tocha, devido aos resultados destas suas
duas atletas, conseguiu classificar-se colectivamente na segunda
posição.
No Inter-Associações de Juvenis, disputado em Lisboa a 29 e
30 de Junho, Aveiro foi apenas 4º, a razoável distância de Porto,
Lisboa e Braga. Aveiro estava a deixar para outros a posição que
adquirira até então de “terceira maior associação” do país.
É
com muita pena que encerro o ano de 1991 sem mais nada de
significante no registo de façanhas de atletas do distrito. Também é
verdade que os melhores tinham procurado novos clubes, que lhes
dessem mais “sapatilhas”... como afirmava um deles.
Em 20 e 21 de Junho de 1992, disputou-se em Lisboa um
“Inter-Associações em Juvenis” (registe-se que a Federação da
modalidade continuava a apostar na formação, face ao declínio
verificado nas últimas épocas). A equipa representativa de Aveiro
ficou em 4º lugar. Entre 19 associações presentes no torneio, a
quarta posição não seria má, mas já se estava habituado a melhor. De
qualquer modo, ficou apenas a 1 ponto de Setúbal, que foi terceira
classificada. Individualmente, apenas (ainda) Ilda Estrela, que
venceu a prova de 800 m, ficando em 2ª nos 1.500 m, e para os novatos
Pedro Santos, que venceu a sempre difícil especialidade dos 100 m.
barreiras, tendo também obtido um excelente 2º lugar no triplo-salto;
Rosário Gestosa, 2ª nos 80 m. barreiras e 3ª nos 200 m. e Carla
Paiva, 2ª no lançamento do dardo.
O
complexo de S. Jacinto tornava-se a “meca” dos lançadores. No
torneio em que a Associação entendeu dar o nome da ex-atleta aveirense
(formada como atrás dissemos, no Clube dos Galitos) Teresa Machado,
esta internacional fez 16,90 m. no peso e passou dos 60 metros no
disco. Presentes alguns atletas espanhóis, entre os quais Angeles
Barreiro que, por duas vezes, bateu o recorde nacional do seu país.
Dizia-se na imprensa da especialidade: qual o segredo de S.
Jacinto?
Na pista de Oliveirinha (a única em razoáveis condições de
utilização) continuava a Associação a realizar diversas competições
e assim: Provas abertas, em 1 e 3 de Maio; Torneio do
saltador, em 9 e 10; Meeting da Associação, em 12,
Apuramento para a 3ª divisão, em 15 e 16; Torneio do lançador,
em 22 e 24 ainda de Maio; Campeonatos de Aveiro (masc. e fem.)
em 6 e 7 de Junho, Regional de juniores, em 13 e 14;
Regional de sub-23, em 19 e 20 ainda de Junho. Não foram obtidos
resultados significativos que mereçam registo. Como se vê, não era
por falta de provas que os resultados não apareciam...
Nos Campeonatos nacionais de juniores, disputados a 25 e 26
de Julho em Lisboa, apenas registo significativo para Ilda Estrela, do Grecas,
que seria 3ª nos 800 m. e 4ª nos 1.500 m. Vedetas destes campeonatos
foram três atletas que “desertaram” de Aveiro, Cristina Morujão, Rui
Barros e Luís Morais, agora a representar o Sporting.
Em S. Jacinto, em 26 de Julho, mais um “torneio de observação
para os jogos olímpicos”, onde estiveram os melhores lançadores
portugueses e espanhóis. Nesta “nata” não estavam incluídos
lançadores do distrito em actividade.
Voltava a Associação a realizar provas na pista de S. João da
Madeira, entretanto beneficiada. Ali se disputaram os campeonatos
regionais de juniores e os campeonatos regionais absolutos. Quanto a
resultados, nada assinalável.
Duas notas a salientar no final do ano de 1992: a mais forte equipa
da Associação, o Clube de Campismo de S. João da Madeira (que esteve
4 anos na 1ª divisão) reforçou-se bem com vista à próxima época, na
procura de melhores “performances” e o regresso do Beira-Mar à
actividade, depois de um curto interregno, de novo com o técnico Rui
Barros como impulsionador.
Finalizava entretanto mais um mandato dos órgãos sociais que
dirigiam os destinos da Associação, até esta data comandados por
Vítor Mangerão, agora indigitado para presidente da Mesa do
Congresso da lista do professor Fernando Mota, concorrente às
eleições da Federação. Em eleições que tiveram lugar em 24 de
Outubro, no Salão Cultural do Município, para o quadriénio 1992/96,
foi eleito presidente da Direcção da AAA Acácio de Oliveira,
que presidira ao Conselho Fiscal do anterior elenco directivo. A
lista única, “de continuidade” no dizer do novo presidente, obteve
108 votos a favor e apenas duas abstenções. Ficaram a presidir aos
outros órgãos: Saul Fernandes, na mesa da Assembleia Geral, Rogério
Silva no Conselho Fiscal e Augusto Macário, no Conselho
Jurisdicional.
Na Assembleia que ditou os novos órgãos, o técnico regional prof.
José Santos, fazendo um balanço da época passada, salientou que o
PACADA (Plano de Apoio a Clubes e Atletas do Distrito de Aveiro),
embora com falhas, era único no país e que “muitos atletas que foram
para Lisboa perderam dinheiro ao não beneficiarem do Plano». Para
além disso, mostrou-se preocupado pela situação das pistas
existentes no distrito. Afirmava então: «não se sabia se
existiria pista coberta a partir de então; a pista sintética não
avançava por dificuldades na pista da Gafanha (estaria para aqui
prevista a colocação do famigerado sintético); a de Caldas de S.
Jorge, entretanto começada a utilizar, não tinha as medidas
correctas; a de S. João da Madeira iria entrar em obras; restava a
de Oliveirinha, mas que desde a inauguração (e já lá iam 13 anos)
nunca recebera obras de beneficiação e se encontrava degradada. Não se evoluirá em
Aveiro enquanto a Associação não tiver uma pista própria e
adequada”, concluía o técnico.
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Em 7 de Fevereiro de 1993, disputou-se nas Açoteias (Algarve)
mais uma final do “Corta-mato DN Jovem”. Depois de ter cinco
vitórias nas cinco primeiras edições e tendo perdido em 1992 por
cinco pontos para Lisboa, a selecção de Aveiro retomou as
vitórias, vencendo desta vez as outras 18 selecções
representativas das restantes associações. Braga foi quem desta vez
daria mais luta, ficando em segundo lugar a quatro pontos.
Individualmente, Filipe Pedro destacou-se, vencendo a prova
de infantis masculinos, com Renato Silva em terceiro no mesmo
escalão. Ainda no pódio, ficaram Rosário Pais em infantis
femininos e João Oliveira em iniciados masculinos.
O
infantil da ADREP, Filipe Pedro, voltaria a estar em destaque no VII
Km Jovem, disputado em Braga em 21 de Março, vencendo o seu escalão
(infantis). Estava-se em presença de um atleta de futuro no
meio-fundo nacional. Nesta prova para atletas jovens, ainda Ilda
Estrela se destacaria ao terminar na 1ª posição no escalão de
juvenis femininos.
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Os “velhotes” António Granja, Fula Gomes, ambos da ADO e António
Pinho, do NAC, continuam a dar cartas nos lançamentos, a nível
distrital. Nesta altura, poucos atletas apareciam com marcas
aceitáveis na especialidade de lançamentos. O último que aparecera,
Juan Rosete, transferira-se para o Sporting.
Rui Cabral,
do C. Campismo, aparece na revista “Atletismo” como 2º classificado
na “revelação do mês de Março”, devido à boa marca atingida no salto
em altura (2,03 m).
Nos dias 8 e 9 de Maio, em Lisboa, teve lugar mais uma edição do “DN
Jovem”. A selecção de Aveiro foi 5ª classificada, batida por
Lisboa, Braga, Leiria e Setúbal. Destaque para a iniciada do G. D.
Gafanha, Céu Mendonça, que mostrou boa superioridade nos
lançamentos do peso e do disco, que venceu com as marcas de 11,62 e
30,20 m; o infantil da Adrep, Filipe Pedro, que havia
já dominado no corta-mato e no “quilómetro jovem”, voltou a vencer
bem destacado a prova de 1.000 m.
Ainda no mês de Maio, em outra prova para jovens. O “VIII Torneio
Inter-Associações de Juvenis”, Aveiro voltaria a ser apenas 5º
classificado, com as associadas atrás citadas à sua frente.
Perdia-se assim o estatuto, que vinha sendo adquirido em épocas
anteriores, de 3ª associação do país, a nível de formação de
atletas. Ilda Estrela foi a melhor, vencendo a prova de 800
metros. Foi ainda 3ª nos 400 m. Rosário Gestosa, 2ª nos 80 m.
barreiras e 3ª nos 300 m. barreiras; Susana Abreu, 3ª nos 100 e nos
200 metros e Carla Santos, 3ª no salto em altura, foram outras
atletas do distrito a subir ao pódio.
No Campeonato Nacional de Juvenis, que se disputou na pista
da Maia em 19 e 20 de Maio, duas atletas houve que levaram Aveiro ao
primeiro lugar. Ilda Estrela, do Grecas, que venceu a prova
de 800 metros (seria ainda 4ª nos 1.500 m) e Carla Martinho,
da Adrep, vencedora dos 1.500 m. Rosário Gestosa, do NAC, obteria um
agradável 3º lugar na prova de 80 m. barreiras. Em masculinos, nada
de assinalar.
O Clube de Campismo de S. João da Madeira sagrou-se vencedor
do Campeonato Nacional da 2ª divisão, disputado a 26 e 27 de
Junho em Viseu. Foi a equipa mais regular, pois com apenas uma
vitória individual conseguiu meter os seus atletas na primeira
metade das classificações de todas as provas da competição. João
Milheiro, continuava a ser a grande figura, vencendo o salto em
comprimento, embora aquém dos 7 metros (fez 6,98). Foi ainda 3º nos
200 metros e integrou a equipa de estafetas 4x100 m, que foi
segunda. Referência ainda para o júnior Artur Pinto, segundo
no salto em altura (1,92 m), 4º no triplo-salto e integrou também a
estafeta 4x100 m; e também António Matos, Paulo Carteiro e Ricardo
Barbosa, com excelentes 2ºs lugares nas suas provas. O Campismo
seria assim o 9º classificado no Nacional de Clubes (atrás dos 8
clubes que integraram a 1ª divisão).
No Agrupamento das Beiras, Aveiro ainda mostrava alguma supremacia.
No V Torneio das Associações das Beiras, realizado em Viseu,
a selecção que representou Aveiro foi a vencedora, com 7 pontos de
vantagem sobre Coimbra e 9 sobre Leiria. Não houve grandes
resultados a salientar, apenas merece referência o 2º lugar que
Horácio Sá, do Campismo, conseguiu nos 400 metros barreiras,
onde fez 55,43 s.
Continuava o complexo de S. Jacinto a ser palco de torneio de
lançamentos, pois eram magníficas as condições que o complexo
oferecia para a obtenção de bons resultados. E foi assim que, no
torneio que foi denominado de Carlos Sustelo, a atleta aveirense
Teresa Machado bateria o recorde nacional do lançamento do disco.
Esta atleta, que vinha há alguns anos representando o Sporting,
transferira-se para a “Junta da Freguesia de S. Jacinto”, que
entretanto se filiaria como clube de atletismo na associação
distrital.
Do Sporting, que também vinham representando, regressaram a Aveiro
os atletas Hélio Reis e Teresa Nunes, que passaram a integrar a
equipa do Sanjoanense.
Em contrapartida, e face aos resultados que vinha obtendo, o
lançador Nuno Serra ingressaria neste final de época no Sporting. |