No Campeonato nacional de Corta-Mato
deste ano de 1982, apenas há a destacar o brilhante 2º lugar
de Alice Cardoso do Lourocoop, em juniores femininos.
No sector formação, iniciados e
juvenis em análise, a revista “Atletismo” destacava em 1981:
Ângela Pinheiro, que com apenas quatro meses de treino foi
cronometrada em 26,3 s aos 200 m.; Cristina Eduardo, a subir
de época para época obteve a justa compensação da sua dedicação com
a obtenção do título nacional do salto em altura e um excelente
segundo lugar nos 100 m. barreiras; e Alice Cardoso, ao
alcançar o segundo lugar nos 3000 m. nos nacionais absolutos, encheu
de orgulho as gentes do Lourocoop.
No balanço de juniores, o órgão
oficial da Federação referia: "Com dois atletas seus presentes nos
europeus da categoria, em Utrech–Holanda, Rui Saldanha e Regina
Gonçalves, o Beira-Mar merece uma referência especial, bem como o
seu dedicado técnico, Mário Cordeiro. O Beira-Mar alcançou o título
de vice-campeão nacional na estafeta de 4x400 m, e uma sua atleta,
Otília Oliveira, foi uma das revelações do meio-fundo. Surpresa no
3º lugar de Mário Silva, a representar o Galitos, na prova de 5.000
m. dos nacionais, ele que era um ilustre desconhecido".
Nos nacionais de juniores é justo
realçar a boa actuação de Cristina Eduardo, agora a
representar o Beira-Mar, repetindo a proeza dos nacionais de juvenis
de 81, ao ganhar uma prova, os 100 m. barreiras (16,2
s) e a ficar em 2ª em outras duas, os 400 m. barreiras (65,0 s) e o
comprimento (5,07 m). Destaque ainda para Mário Silva, do
Galitos, vencedor dos 3.000 m. (8.25,0), nesta prova
curiosamente à frente de Domingos Castro e Dionísio Castro, por
Lamego, e foi ainda 2º nos 5.000 m. (14.43,5); Paulo Pinhal, do
Beira-Mar, 2º nos 1.500 (3.50,7)e 3º nos 800 m (1.55,7).; Élio
Simões do Beira-Mar, 3º nos 400 m. barreiras (57,9 s) e de Alice Cardoso, do Lourocoop, 2ª nos 3.000 m. Mário Silva, Paulo Pinhal e Élio Simões
bateram recordes regionais. Paulo Pinhal estava em 7º nos “melhores
de sempre” na prova dos 800 metros.
Nas listas dos dez melhores atletas
juniores do ano, além dos nomes que vêm sendo referidos, Mário
Silva, Paulo Pinhal, Élio Simões, Ângela Pinheiro, Cristina Eduardo
e a sua irmã Mimosa e Alice Cardoso, aparecia também o nome de João
Milheiro, do Clube de Campismo de S. João da Madeira (clube que
entretanto substituíra a Sanjoanense), saltador em altura,
comprimento e triplo, atleta a denotar grande margem de progressão.
Em 24 de Abril, na novel pista de
Oliveirinha, a A.A.A organizou um inter-associações, que se
pretendeu internacional porque se contava com uma selecção de Ciudad
Rodrigo mas que acabaria por não aparecer, torneio bastante
interessante, pois colocou em confronto os melhores atletas de
associações com poucas oportunidades de contacto, como foram neste
caso Coimbra, Braga, Guarda e Leiria, para além de duas selecções de
Aveiro. A luta entre Aveiro e Coimbra foi muito equilibrada, vindo a
decidir-se a favor da selecção da casa. De destacar os 11,0 s de
José Carlos nos 100 m. e os 16,1 s de Cristina Eduardo nos 100 m.
barreiras.
Em 5 e 6 de Junho disputaram-se em
Lisboa os nacionais de juniores em pista. Mário Silva,
a representar o Galitos, foi campeão da prova dos 3.000 m.,
com o bom tempo de 8.25,0. Paulo Pinhal, do Beira-Mar, foi 2º nos
1.500 e 3º nos 800 m. Nos masculinos realce ainda para Élio Simões,
do Beira-Mar, 3º nos 400 m. barreiras. Nos femininos, foi campeã
Cristina Eduardo, agora a representar o Beira-Mar, na prova de
100 m barreiras, tendo alcançado ainda dois notáveis 2os
lugares em 400 m. barreiras, onde realizou uns bons 65,0 s., e no
salto em comprimento, um bom prémio para a sua dedicação ao treino.
Notável ainda o 2º lugar de Alice Cardoso, nos 3.000 m., logo atrás
da futura campeoníssima Fernanda Ribeiro.
O Beira-Mar disputou a 12 e 13 de
Junho a final da III Divisão nacional, que teve lugar na pista de
Oliveirinha, tendo ganho esta prova com 83 pontos, à frente da A. C.
Mocidade e do Tramagal. José Carlos (100 e 200), Élio Simões (400 e
400 barreiras), Paulo Pinhal (800 e 1.500), Fernando Pinho (5.000 e
10.000) e Rui Saldanha (3.000
obstáculos) somaram só à sua conta – e não considerando as
estafetas, onde alguns deles participaram – 58 do total de pontos da
equipa. Foi, como dizia a revista “Atletismo”, o triunfo das
individualidades.
Em 19 e 20 de Junho, em Braga,
disputou-se o II Torneio Luso-Galaico, masculino e feminino, onde,
para além da selecção de Aveiro, participaram a selecção de Braga,
selecções dos vizinhos espanhóis de Orense, Lugo e Vigo, e ainda com
a participação da ANA, um clube que estava na berra no Porto. Venceu
Braga com Aveiro em 2º lugar a escassos cinco pontos dos vencedores
mas à frente das selecções espanholas. Alguns atletas que se
destacaram neste “meeting”: José Carlos, Rui Saldanha, Mário Silva,
João Milheiros; Cristina Eduardo, Alice Cardoso, Clara Silva, Rosa
Rodrigues.
Em 3 de Julho, no Estádio
Universitário de Coimbra, disputou-se o “Troféu Rainha Santa”, em
que participaram as selecções de Coimbra, de Poitiers (França), de
Lugo (Espanha), de um misto Viseu/Leiria e de Aveiro. Aveiro levou
de vencida as outras selecções, com destaque para José Carlos, Paulo
Pinhal, Élio Simões, João Milheiro, Cristina Eduardo e Clara Silva
(esta última atleta do Válega).
Verificava-se entretanto uma
certa quebra nos escalões de formação, em especial nos
femininos, onde, nos anos anteriores, a Associação marcava uma
posição de relevo através de clubes como o Estarreja e a Sanjoanense,
nesta altura praticamente sem atletas. O Beira-Mar, clube nº 1 nesta
ocasião, também apresentou poucos juvenis, dos quais Mário Rui foi o
melhor. Dos outros clubes, em evidência dois velocistas dos Ílhavos,
meio-fundistas do Galitos, do Riba-Ul, do Cidacos e do Lourocoop,
dois saltadores da Ovarense e do Lourosa. Nos lançamentos as
dificuldades mantinham-se.
Não era a falta de provas a razão
para a quebra verificada neste ano, pois de Janeiro a Agosto
contabilizam-se 37 dias, tantos quantos a Associação organizou ou
deu apoio em provas de estrada, corta-mato e pista.
Também não foi por falta de atletas
inscritos pois neste ano de 1982 foram atingidos máximos até então
em atletas (1.086) e em clubes (50). Razões houve, decerto, para a
diminuição da qualidade e, consequentemente, dos resultados obtidos.
Clube com mais atletas inscritos o
Beira-Mar, logo seguido pelo Galitos, prova de que a modalidade
estava bem viva na cidade de Aveiro.
De fora de Aveiro louve-se o
entusiasmo que reinava na Lourocoop. Esta equipa da Lourosa,
muito recente a praticar a modalidade, apresentava já um bom lote de
atletas, nomeadamente femininos, capitaneados por Alice Cardoso, e
que nos campeonatos distritais de juniores femininos bateu o pé à
equipa do Beira-Mar, que vinha dominando até então, vencendo
categoricamente com 82 pontos, contra 58 apenas do Beira-Mar.
Nos melhores atletas de sempre
continuavam a aparecer os nomes de Glória Marques e de Regina
Gonçalves no meio-fundo. Glória Marques continuava detentora do
máximo nacional de juvenis na prova de 800 metros e Regina Gonçalves
detentora do máximo nacional de juniores nos 1.500 metros. Nas
barreiras, apareciam os nomes de Clarinda Faria e Anabela Leite,
duas atletas formadas na Sanjoanense mas que, neste ano de 1982, se
haviam transferido para o F. C. do Porto.
Uma referência para uma iniciativa
da Associação de Atletismo de Aveiro. Em 16 de Janeiro, deste ano de
1982 a que nos estamos a referir, levou a efeito o “I Encontro de
Treinadores Regionais de Atletismo”. O encontro foi orientado
pelo Capitão Joaquim Duarte, presidente da direcção e pelos técnicos
José Santos, Júlio Cirino e Mário Cordeiro.
Uma outra
notável iniciativa da Associação foi a de tentar que se
implementasse uma pista coberta na cidade, para que os
atletas pudessem na época de Inverno efectuar não só os treinos de
que necessitavam mas também para se poder realizar competições, pois
torneios de pista coberta vinham tendo lugar noutros países e não
havia no país recintos apropriados para tal. Deste modo, a
Associação lembrou-se que o pavilhão rectangular do “Recinto das
Feiras” seria uma boa solução e inicia, em meados deste ano de 1982,
contactos com a Câmara Municipal, proprietária do recinto, para a
cedência do mesmo nos meses de Dezembro a Março e para que nele se
viessem futuramente a instalar os apetrechos necessários para a
realização de treinos e provas. A adaptação do pavilhão rectangular
a recinto de pista coberta não teria grandes custos. Naturalmente
que se envolveria a Federação nesta iniciativa, pois era uma parte
também bastante interessada. Veremos mais adiante quando tal foi
possível de concretizar. |