No balanço estatístico do ano de
1982, nos “rankings” absolutos masculinos, continuavam a aparecer
entre os vinte primeiros, os nomes de Luís Pinhal, Albano Braga e
Rui Saldanha.
A quebra que se referiu no capítulo
anterior foi mais em qualidade do que em quantidade, pois o ano de
1983 regista um número recorde de atletas inscritos. O relatório da
gerência de 1982-1983, da Associação de Atletismo, refere que foram
1.154 os atletas inscritos nesta época, sendo 847 masculinos e 307
femininos. Os clubes eram 45. Ultrapassava-se a Associação Portuense
de Atletismo e era um dado adquirido ser Aveiro a segunda associação
do país, a seguir a Lisboa. Isto no que refere a quantidade de
atletas envolvidos na modalidade. Em qualidade não seria bem a mesma
coisa, embora associações como Coimbra, Braga ou Leiria ainda fossem
suplantadas e Porto também apresentasse uma certa quebra.
Elucidativo o referido na página 32 da revista “Atletismo” de Julho:
“Aveiro: mais quantidade que qualidade”.
Em 18 e 19 de Junho realizou-se em
Braga mais um Torneio Luso-Galaico (o 3º) onde a selecção de Aveiro
alcançou um brilhante primeiro lugar (com 154 pontos), batendo Braga
(segunda com 140 pontos), a selecção espanhola de Orense (terceira
com 99 pontos) e a equipa do F. C. do Porto, sendo Leiria a última
classificada. Vitórias individuais aveirenses nos 100 m. (José
Carlos), nos 200 m. (Carlos Guimarães), comprimento e triplo-salto
(João Milheiro), altura (Alcino Silva), estafetas 4x100 m e 4x400 m,
isto em masculinos, enquanto em femininos apenas Clarinda Faria
venceria a prova de 100 m. barreiras.
A pista de Oliveirinha mantinha-se
em funcionamento, embora a nova direcção da Junta ter recusado, em
determinada altura, a colaboração que a anterior direcção vinha
dando. O problema foi resolvido com a compreensão da Câmara
Municipal. A Federação tinha já marcado os nacionais de juvenis para
a pista e era conveniente que a mesma estivesse em condições
razoáveis de utilização.
Entretanto o problema que na
década de 70 se punha aos clubes de Aveiro, obrigando-os a
deslocações frequentes a S. João da Madeira para realizar as provas,
passou para os clubes do norte do distrito, sobrecarregados agora
com deslocações a Oliveirinha. A utilização da pista de S. João da
Madeira estava num impasse. Diligências da Associação junto dos
dirigentes da Associação Desportiva Sanjoanense permitiram a
utilização da pista para treinos, de forma gratuita, e foi prometido
que, na época seguinte, a pista de S. João voltava a ser utilizada
para provas e campeonatos.
Ainda no capítulo pistas, referência
para a inauguração de uma pista rudimentar em Arada (Ovar),
construída pela Junta de freguesia local, com a colaboração da
Associação de Atletismo e da D. G. D. (apoio técnico).
Surgiu neste ano de 1983 um problema
com a sede, instalada desde o início da fundação da Associação num
edifício da rua Gustavo Pinto Bastos. O prédio foi considerado em
ruínas pelos serviços camarários, correndo a Associação o risco de
receber ordem de despejo, e que levou a Direcção-Geral dos
Desportos, que vinha pagando a renda, a desinteressar-se do mesmo.
Prometia a mesma no entanto resolver o problema para breve, com a
possibilidade de conseguir novo local. A Associação solicitava, em
memorando dirigido ao Secretário de Estados dos Desportos, a sua
interferência para disponibilizar os baixos das bancadas do Pavilhão
Gimno-desportivo, onde em tempos a Associação de Desportos de Aveiro
já tinha estado, durante os anos da sua existência.
Ainda no tocante à Associação,
lamentavelmente houve desmembramento do Corpo Técnico. Dois dos
elementos desentenderam-se e saíram, e por outro lado a Associação
deixou de poder suportar financeiramente a vinda do técnico Manuel
Joaquim, de S. João da Madeira até Aveiro. Assim, o C. T. passou a
funcionar apenas com o professor José Santos, daí o trabalho
desenvolvido até então se tenha talvez ressentido.
No regional de corta-mato,
para além das esperadas vitórias de Paulo Pinhal e de Alice Cardoso
em juniores, a surpresa deu-se nos seniores masculinos, onde um
pouco conhecido atleta do Galitos, Manuel Moreira se sagrou campeão,
batendo o favorito que era Aniceto Gonçalves, do Beira-Mar. O
Galitos venceria colectivamente nos seniores, vencendo também em
juvenis por equipas e individualmente por intermédio de António
Salvador. Para além destes, outros lugares de relevo mostravam que o
clube (Galitos), que no passado já apresentara bons atletas, voltava
a ter uma equipa capaz, feito que se devia ao excelente trabalho que
o técnico Júlio Cirino vinha fazendo.
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Nos campeonatos nacionais de
corta-mato de 1983 o destaque foi para o atleta do Galitos, Paulo
Pinhal, que foi campeão em juniores. Referência na
revista “Atletismo”: “Paulo Pinhal segue pisadas do irmão – Um
especialista de 800/1500 metros – Paulo Pinhal – foi o campeão
nacional de juniores, confirmando as suas grandes aptidões para a
modalidade, seguindo aliás as pisadas do irmão, Luís Pinhal”.
António Resende, do Galitos, foi um
surpreendente 3º nos juvenis masculinos, enquanto nos femininos
merecem menção o 4º lugar de Alice Cardoso, da Lourocoope, em
juniores e o 8º de Alice Costa, também da Lourocoope, em juvenis.
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Paulo Pinhal no
corta-matonacional |
A Federação fez disputar o
Campeonato Nacional de Juvenis deste ano de 1983 em Aveiro, na pista
de Oliveirinha. Em masculinos os resultados dos atletas de Aveiro
não foram famosos, revelando o tal decréscimo de qualidade de que
vimos falando; Em femininos, o 2º lugar colectivo do Lourocoope
foi um bom prémio ao trabalho que vinha desenvolvendo em prol das
camadas jovens. Lugares de pódio apenas para Alcino Silva, da
Lourocoope, 3º no salto em altura; António Tavares, do Beira-Mar, 3º
no comprimento; Manuela Gomes, do Furadouro, 1ª nos 400 e 2ª nos 200
m; Helena Costa, do Riba-Ul, 1ª nos 800 m; Ercília Silva, do
Lourocoope, 2ª nos 100 m barreiras; Ana Mota, do Lourocoope, 2ª no
comprimento e 3ª na altura; e as estafetas de 4x100 e 4x400 m do
Lourocoope, 2ª em ambas. Destaque para os títulos de campeã de
Manuela Gomes e Helena Costa. Por associações Aveiro foi
3º, a seguir a Lisboa e Porto. As restantes associações ficariam
distantes.
Nos campeonatos nacionais de
juniores, disputados a 18 e 19 de Junho, Aveiro confirmou ser a
terceira associação do país... Com um grande número de atletas nas
provas regionais, esta Associação não apresenta, no entanto, uma
qualidade de resultados directamente proporcionais.” referia a
revista “Atletismo” analisando estes campeonatos. Paulo Pinhal,
do Galitos, foi o destaque em masculinos, ao ser campeão das
provas de 800 e de 3.000 metros. Nos femininos, Cristina Eduardo, título também em dose dupla: 100 e 400 metros
barreiras. A sua irmã gémea Mimosa seria uma excelente terceira
na segunda destas provas. Referência ainda para Ana Mota, do
Lourocoope, 2ª no salto em altura.
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Paulo Pinhal, já
com os mínimos para o «Europeu» de juniores vence os 800 metros. |
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Nos nacionais de iniciados,
organizados pela Direcção-Geral dos Desportos e integrados nos Jogos
de Portugal, realizados em Coimbra, entre os dezassete distritos
participantes de realçar o terceiro lugar da selecção de Aveiro, à
frente de Lisboa e do Porto. Curiosamente foram Setúbal e Santarém a
aparecer nos primeiros lugares, facto novo até então. Apenas João
Sousa, nos 300 m, e Manuela Gomes, igualmente nos 300 m, foram
vencedores individuais.
A nível de clubes regista-se o feito
do Sport Clube Beira-Mar, que manteve a sua equipa masculina
na 2ª divisão nacional e conseguiu ascender a equipa feminina à
1ª divisão nacional. Individualmente, destacaremos a
presença no campeonato europeu de corta-mato, realizado em
Inglaterra, do atleta Paulo Pinhal, do Clube dos Galitos.
Um outro atleta começava a despontar
neste ano de 1983. Referimo-nos a João Milheiro, do Clube de
Campismo de S. João da Madeira, excepcionalmente dotado para os
saltos. Os seus resultados, obtidos em provas realizadas em Lisboa,
nos dias 7 e 8 de Maio, assim o demonstram: 1,87 m no salto em
altura (recorde de Aveiro) e 13,63 m no triplo-salto. Auguravam um
atleta de eleição, o que viria a confirmar-se, como veremos mais
adiante.
As manas Eduardo (Cristina e Mimosa)
a representar o Beira-Mar davam cartas nas barreiras (100 e 400
metros).
De referir que a Cristina ocupava o
5º lugar nas “melhores do ano” nestas duas distâncias de barreiras.
Outro lugar neste “ranking” era pertença de Clarinda Faria, do Clube
de Campismo, 3ª nos 400 m barreiras e 5ª nos 400 m planos.
Entretanto, tinha-se dado incremento
à marcha atlética, modalidade de difícil execução técnica. Deveremos
aqui mencionar o recorde nacional dos 3 km marcha por parte
da atleta da Associação Desportiva Ovarense, Luísa Correia.
No ano seguinte, a Federação
viria a proporcionar a realização, em Aveiro, de uma “prova de
demonstração”, tendo como objectivo a divulgação desta recente
vertente numa área, sem dúvida, importante para o atletismo.
Nos “melhores do
ano” apareciam José Carlos, do Beira-Mar, 6º nos 100 m, com 10,6, e
11º nos 200 m, com 22,1; Paulo Pinhal, 18º nos 1.500 m, e 19º nos
800 m; Albano Braga, agora a representar o Inatel, 9º nos 3.000 m
obstáculos (onde ainda aparecia o “veterano” Mário Cordeiro, em
21º); Élio Simões, 12º nos 400 m barreiras; e João Milheiro, 19º na
altura e no triplo. |