Um dos intervenientes na magnífica actuação do Estarreja, nos
campeonatos regionais de juniores da A.P.A., foi o jovem Vítor
Rodrigues da Silva que, quinze dias depois, participou nos
campeonatos absolutos e bateu o “record” regional (ainda do Porto)
nas distâncias de 1500 e 5000 m., na categoria de principiantes,
dominando alguns juniores e seniores. As marcas registadas naquelas
duas distâncias foram: nos 1500 m. 4 min. 14,1 s; nos 5000 m. 15 min.
29,0 s.
Em aspirantes, categoria
existente na altura e respeitante ao escalão mais baixo, um outro
jovem atleta, Mário Cordeiro, também a representar o Estarreja,
começa a dar nas vistas, ao obter um brilhante 7º lugar no
campeonato nacional de corta-mato, do seu escalão.
Entretanto, noticiava-se em
periódico de 18 de Dezembro deste ano de 1964 que:
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A Sanjoanense vai ter uma pista de atletismo
Através da Direcção Geral de
Desportos, foi há dias concedido à Associação Desportiva
Sanjoanense um subsídio de 150 contos (?!) para a construção
de uma pista de atletismo no estádio Conde Dias Garcia.
As diligências levadas a
efeito pelos dinâmicos dirigentes daquela colectividade
surtiram o resultado desejado, em compensação do trabalho
apurado a que os mesmos se têm devotado pela causa do
progresso do clube de S. João da Madeira.
A pista do estádio Conde
Dias Garcia representará, pois, um motivo para o
desenvolvimento do desporto.
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No início de 1965, o semanário
“Litoral” apresenta mais outra notícia de agrado:
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Galeria de campeões
No Clube Desportivo de
Estarreja, uma simpática colectividade do nosso distrito,
que ultimamente se vem distinguindo pelo carinho com que se
dedica ao atletismo, alinha nesta modalidade um jovem e
esperançoso pedestrianista, que conta só 17 anos e tem
obtido excelente comportamento nas provas (de aspirantes) em
que participa.
Trata-se de Mário Simões
Cordeiro, um caciense que ainda há dias, como noticiámos,
alcançou o 7º lugar no campeonato nacional de corta-mato,
realizado no Montijo, e que foi pré-seleccionado para uma
equipa portuguesa que, em data a designar, deve
apresentar-se em Espanha.
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Para além do Estarreja, com os já
referidos Vítor Silva e Mário Cordeiro, também o Sporting de Espinho
apresenta bons atletas, que se intercalam com aqueles dois.
Referimo-nos a Ilídio Silva, António Santos e José Morais. A equipa
de Espinho ganha colectivamente no VI Corta-mato dos Dez, prova de
organização da A.P.A., por intermédio daqueles seus três atletas,
que se classificaram em 1º, 4º e 7º respectivamente. O melhor do
Estarreja foi o jovem Mário Cordeiro, num brilhante 3º lugar, tendo
Vítor Silva ficado em 11º.
Mas Vítor Silva teria ocasião de
melhorar os seus resultados, pois triunfaria brilhantemente em duas
provas de estrada, disputadas nos dois últimos domingos de Março, no
III Grande Prémio Pedestre de Estarreja e no IV Prémio “Três milhas
da Foz do Douro”. No Grande Prémio de Estarreja levou de vencida o
seu mais directo opositor, e o melhor fundista do Porto na época,
Manuel de Sousa, do F. C. do Porto. No campeonato nortenho de pista,
Vítor Silva seria um excelente terceiro, na prova de 5 mil metros.
Numa prova extra para aspirantes,
disputada aquando do G. P. de Estarreja, este clube voltou a
coleccionar novo triunfo por intermédio do seu atleta Júlio Cirino
Rocha, que teremos ocasião de ver mais adiante, que se tornaria um
atleta de gabarito e depois treinador de mérito. A seu tempo
falaremos mais dele.
Ainda neste ano de 1965, Vítor
Silva ganha mais uma prova de 10.000 m., disputada no Porto (Taça
Rosa dos Ventos), com o espinhense Ilídio Silva em 3º e Mário
Cordeiro em 5º, demonstrando que estes três atletas eram fundistas
de mérito para o norte do país.
Ilídio Silva, do Sporting de
Espinho, mostrava também ser um atleta eclético, pois obteve o 2º
lugar no VI Pentatlo de Principiantes do norte, atrás do vencedor
Alexandre Lacerda, do Académico, que se tornaria um bom atleta a
nível nacional, especialmente nos lançamentos.
Veríamos assim que o interregno
de actividade no Clube dos Galitos, resultante da debandada dos seus
melhores atletas, foi compensado pelo aparecimento do Clube
Desportivo de Estarreja e do Sporting de Espinho. «Os seus
atletas arrancam vitórias, cometendo proezas dignas de menção. Mas a
vitória máxima, a proeza maior, consiste na presença viva dos
próprios clubes em tão exaltáveis manifestações atléticas. Vencendo
indiferenças, quebrando apatias, agenciando fundos, dinamizando,
doutrinando, os mentores espinhenses e estarrejenses merecem
respeito, são credores de rasgados elogios. Elogios extensivos aos
praticantes que, além de serem amadores, não recebem sequer aqueles
aplausos tão facilmente dados pelo público de modalidades mais
populares. Ficamos a pensar no que fariam em prol do atletismo
mentores deste quilate caso possuíssem, em Estarreja e na Costa
Verde, os imprescindíveis “anéis de cinza» – escrevia João
Sarabando em Maio desse ano numa das suas “nótulas aveirenses” para
o “Primeiro de Janeiro”.
No final desse ano de 1965 mais
uma vez se dava nota de que a Sanjoanense estava em vias de
construir a sua pista de atletismo.
Como de hábito, o ano de 1966
começa com provas de corta-mato. No 35º campeonato de
“cross-country” da A.P.A. para juniores, Ilídio Silva, do Espinho,
vence individualmente, com a equipa a arrancar uma brilhante 2ª
posição colectivamente. O Estarreja contentar-se-ia com o terceiro
lugar colectivo. Qualquer das equipas apresentou-se com sete
pedestrianistas. No nacional da categoria, foi a vez dos
estarrejenses brilharem com a obtenção de um notável 3º lugar
colectivo, com os seus atletas colocados em oitavo, décimo e décimo
quarto. A província começava a bater-se com os clubes maiores de
Lisboa, Sporting, Benfica e CDUL nestas provas de corta-mato que não
exigem pistas. Se instalações apropriadas e técnicos de bom quilate
existissem na província, de certo que a modalidade alcançaria um
nível mais elevado, porque matéria-prima continuava a aparecer.
Em Junho, já em provas de
pista, ainda de organização da A.P.A., no campeonato de juniores
os três briosos atletas atrás destacados voltaram a
impressionar. Vítor Silva conquista a segunda posição nos 3.000
m., enquanto Mário Cordeiro obtinha igual classificação nos
1.500 m. obstáculos, com o espinhense Ilídio Silva em terceiro
nesta última prova.
No nacional da categoria, em
Lisboa, o promissor atleta do Estarreja, Mário Cordeiro, seria
segundo nos 1.500 m. obstáculos. Dois meses depois, em Setembro,
nos campeonatos nacionais da 2ª categoria, o jovem atleta, com
apenas 18 anos, consagrou-se campeão nacional na prova de 3.000
m. obstáculos, com a marca brilhante para a época de 10 min. 12
s., batendo na final o atleta do Sporting José Silvestre.
Obteria ainda um honroso 4º lugar nos 1.500 m., com 4 min. 27,4
s.
Vítor Silva, seu companheiro
de clube, arrancaria dois preciosos segundos lugares nas provas
de 5.000 e de 10.000 m. (15.51,0 e 34.16,4 respectivamente). |
EM PLENA ÉPOCA DE CORTA-MATO Mário Cordeiro conquista o
título de campeão regional do Porto na especialidade de
corta-mato. |
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Este último atleta, fundista de
mérito, venceria o Grande Prémio de Natal, organizado pelo Sporting
de Espinho e ao qual concorreram todos os melhores atletas dos
clubes nortenhos. No Corta-mato de abertura, disputado neste ano no
dia de Natal, Mário Cordeiro conquistava o 1º lugar em juniores,
sendo 4º na geral; portanto, só três atletas seniores o conseguiram
suplantar. |