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A. Carretas, Para a História do Atletismo, Inédito.

Subsídios para a História do Atletismo em Aveiro - 18


Aparece o Estarreja

O conhecido Clube Desportivo de Estarreja começa a incentivar o atletismo na região. Para além de comparecer regularmente nas provas oficiais promovidas pela Associação Portuense de Atletismo, onde estava filiado, o Estarreja organizou, em Março de 1963, corridas de inscrição livre para aspirantes e principiantes, preparatórias de uma prova de estrada que denominou de I Légua Pedestre de Estarreja. Nestas provas participam atletas do clube organizador, do Galitos e ainda alguns atletas do colégio de Albergaria-a-Velha.

Entretanto, o Galitos resolve homenagear o seu valoroso e dedicado desportista Carlos A. Mateus de Lima, que ia deixar Aveiro, partindo para Lourenço Marques. Promoveu um torneio a que chamou “Torneio Mateus de Lima” em Abril de 1963. Do torneio constavam provas de Estafeta 4x800 m., corrida de 2800 m. e um pentatlo. A estafeta foi ganha pelo Galitos, seguido pelo Estarreja. Os 2800 m. foram ganhos por Américo Cabica, do Estarreja, com Manuel Tavares, do Colégio de Albergaria, em 2º, e Manuel Mieiro do Galitos em 3º. O pentatlo foi ganho por Manuel Pereira do Esgueira com 34 pontos, porque dominou os lançamentos (peso e disco).

Começa a dar nas vistas neste ano de 1963 um outro novel atleta, a representar o Clube dos Galitos, Rui Barros, velocista e saltador. No campeonato regional de principiantes, ainda no Porto, Rui Barros alcança dois títulos: comprimento, com 5,72 m., e altura, com 1,55 m. Nos nacionais desta categoria estiveram presentes atletas do Sporting de Espinho e Galitos, conjuntamente com outros vinte e quatro clubes do país. Não se registaram resultados dignos de registo. 

No final de Junho disputaram-se os campeonatos de juniores da A.P.A., onde estiveram a competir três colectividades de Aveiro e outras tantas do Porto. O F. C. do Porto, como habitualmente, dominou os campeonatos com dez títulos. Mas Aveiro conquistou os restantes cinco, deixando para trás Leixões e Salgueiros. Foram campeões do lado aveirense, José Camilo Rocha, do Estarreja, nos 100 m. e no martelo (?!), Rui Barros, do Galitos, no comprimento, no triplo e na estafeta 4x100 m. (Os outros componentes da estafeta foram António Pinheiro, António M. Silva e Paulo Reis.) Releva-se a comparência de três equipas da região de Aveiro (o terceiro foi o Espinho), e enaltece-se o seu valoroso comportamento. É de salientar que nenhuma delas dispõe de uma pista onde pudessem treinar com assiduidade e com um mínimo de condições.

Nos campeonatos absolutos da A.P.A., o F. C. Porto continuou a dominar, com o Galitos num brilhante 2º lugar, tendo o Espinho sido 4º e o Estarreja 5º. Rui Barros foi vencedor da prova de 110 m. barreiras. Note-se o ecletismo deste novo esperançoso atleta do Galitos.

Entretanto o C. D. Estarreja continua a trabalhar afanosamente em prol da modalidade, e até já pensava na construção de uma pista para o efeito. Participam em várias provas de estrada e corta-mato para aperfeiçoarem a forma e, sensacionalmente, porque nada o fazia esperar, vão disputar nos dias 7 e 8 de Junho deste ano de 1964, a que nos estamos a referir, e suplantam o F. C. Porto, eterno crónico conquistador de todos os campeonatos da A.P.A. até então, triunfando nos 37º campeonatos regionais de juniores daquela associação. A classificação final destes campeonatos foi a seguinte:

1º Estarreja, com 107 pontos (três títulos)

2º F. C. Porto, com 80 pontos (sete títulos)

3º Espinho, com 32 pontos (três títulos)

4º Leixões, com 22 pontos (dois títulos)

5º CDUP, com 7 pontos (um título)

Registem-se os três títulos individuais alcançados pelo Espinho, fazendo antever que, por aquelas bandas, também haveria matéria-prima para bons atletas da modalidade.

A façanha do Estarreja, a mais bela até então dos seus vinte anos de existência, proclamava trabalho persistente, insano, e um ilimitado carinho pela modalidade. Apresentou uma equipa equilibrada de corredores, saltadores e lançadores. Depois desta vitória ganhou mais volume a ideia da construção de uma pista para a prática do atletismo, embora a sua efectivação fosse de difícil consecução. Mas a modalidade no distrito bem a merecia já.

Falava-se entretanto que a A. D. Sanjoanense iria iniciar para breve a construção de uma pista, rodeando o campo de futebol do estádio Conde Dias Garcia. E isto porque o clube iniciara também a prática do atletismo, com uma equipa de “fundistas” que já participava em provas de estrada.

 

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