Continuamos a
historiar a actuação do Pejão A. C., única colectividade do distrito
a participar em provas de atletismo a nível regional (por enquanto
integrados ainda na Associação do Porto) e a nível nacional na
primeira metade da década de 1950. As participações a nível nacional
eram mais raras porque Lisboa ficava longe e possivelmente
escasseavam os recursos que financiassem as deslocações.
A época de
1953/54 não foi tão brilhante como as anteriores, por um decréscimo
de forma do seu atleta mais categorizado, Maurício Tavares, que terá
contagiado os companheiros. E assim, em provas de estrada, numa
corrida de 2.000 metros efectuada em 7 de Dezembro de 1953, Maurício
Tavares foi apenas 3º, e no 5º Grande Prémio de Natal,
colectivamente o Pejão foi apenas 3º, com 67 pontos (o Porto foi
primeiro com 28), aparecendo o primeiro individual, Joaquim
Gonçalves, em 9º.
Nos corta-matos
regionais primaram pela ausência. Na pista, apenas se regista a
presença de José Abílio Correia, no pentatlo regional de juniores,
que venceu com 1353 pontos (4,99 m. no comprimento, 37,22 m. no
dardo, 27,0 s. nos 200 m., 26,86 m. no disco e 5 m. 21,8 s. nos
1.500 m.), a demonstrar a versatilidade dos atletas da
colectividade, e uma presença nos campeonatos nacionais de juniores,
disputados nas Antas em Julho de 1954 onde foram apenas 8ºs e
últimos com apenas 5 pontos, relativos a um terceiro lugar no
lançamento do martelo, com a marca de 38,79 m. (que ainda faria
brilhante figura em campeonatos posteriores). Nos regionais de
seniores, disputados uma semana depois... já não compareceu ninguém.
Em Novembro de
1954 realizaram um “torneio inter-sócios e simpatizantes”. Parece
ter dado os seus frutos, pois no 6º Grande Prémio de Natal com uma
equipa na prova de não filiados, que denominaram de “Pupilos do
Pejão”, arrancou um brilhante primeiro lugar, com 35 pontos e
vitória individual para Alberto Martins Silva, com os restantes em
5º, 6º e 7º. Em filiados, reapareceu Maurício Tavares que apenas
conseguiria a 8ª posição, atrás de um seu companheiro de equipa,
Joaquim Vieira, que foi 5º.
Maurício Tavares
depressa recuperaria a forma e assim duas semanas depois venceria o
corta-mato de abertura da Associação Portuense de Atletismo em
seniores. Alberto M. Silva, a tal revelação do Grande Prémio de
Natal, participaria na categoria de principiantes que venceu
dominando de início até final, apesar da excelente réplica de um
portista. De notar que, em seniores, Joaquim Vieira foi um digno 2º,
a apenas 4 décimos do “campeão” Maurício. No jornal “Primeiro de
Janeiro” de 09-01-1955, pode ler-se: “Há também a assinalar e saudar
o regresso do valoroso e simpático Pejão que... acabou por
reaparecer no “corta-mato”, com duas brilhantes vitórias, a do
excelente atleta Maurício Tavares na categoria máxima, e a do
esperançoso Joaquim Gonçalves Vieira em principiantes.”
No corta-mato
regional de principiantes, o Pejão vence individual e
colectivamente. Alberto Rodrigues Silva, uma outra revelação, ganha
com 15 m. 32 s. (para 4.000 m. de percurso), o seu colega António S.
Lisboa é um razoável 5º lugar e os 8º e 9º restantes dão para vencer
o F. C. Porto. Em prova extra para juniores e seniores, Maurício
Tavares foi segundo, depois de ter escorregado a 250 metros da meta,
sendo então ultrapassado pelo júnior do Porto, Armando Leite, que
viria a dar um brilhante fundista nas épocas seguintes.
Aos nacionais de
principiantes foi Alberto Silva, que obteria um magnífico 5º posto,
atrás do vencedor (do Sporting) e de três atletas do Benfica.
Em 20 de
Fevereiro disputam-se nos terrenos da Boa-Hora os campeonatos
regionais de corta-mato para seniores. Numa distância de 10.030
metros, venceu categoricamente Maurício Tavares com 36 m. 39,8 s.,
com 5 segundos de vantagem sobre o seu colega de equipa Joaquim
Vieira. O F. C. Porto conquistou o triunfo colectivo, faltando ao
Pejão um bom terceiro elemento para discutir a primeira posição
(apenas 3 pontos separaram as duas equipas).
Uma semana depois
o Pejão leva três atletas a Lisboa aos nacionais de corta-mato
seniores. Obtém o 5º lugar colectivo, não havendo referências
individuais até ao 6º posto. As restantes equipas classificaram-se
por esta ordem: Benfica, Sporting, Porto, Belenenses, os quatro
dominadores do atletismo da altura. Repare-se no “pigmeu” da
província a dar réplica aos quatro grandes!
Em mais duas
provas de estrada realizadas em Março, Maurício volta a demonstrar
que é o melhor atleta de fundo do norte do país, vencendo sem
problemas a Légua da APA e obtendo novo recorde da prova, com 15 m.
52,2 s. e depois uma prova de “propaganda” do F. C. Porto, em
percurso de 5.000 m.
A época de
estrada 54/55 voltava a ser para o Pejão uma senda de êxitos, não só
pelo seu mais categorizado atleta, como por mais dois ou três
fundistas que o acompanharam. As provas de pista desta época ficam
para o próximo número. Assim, como o aparecimento de clubes a
praticar atletismo na cidade, após um grande interregno, desde os
tempos dos famosos irmãos Duarte!...
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