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António Carretas, Sawadi Krap! - Crónicas de Viagens, 1ª ed., Aveiro, 1994, págs. 37 a 39.

Enfim... Massagens


Logo num dos primeiros dias da minha estadia em Khon Kaen, um "veterano", no intuito de me iniciar nos ambientes locais, desafia-me para ir até um dos salões de massagens, "só para ver", acrescenta. E eu, que destas coisas de massagens só estava habituado a ver o massagista do Beira-Mar dar as ditas nas pernas cabeludas e musculosas dos futebolistas, vá de intrigado perguntar se também se podia ver as garotas a dar as massagens. Mas não...

Afinal o ver era só as massagistas (muito melhores que o massagista do Beira-Mar, que me desculpe este se me lê) que estão em "mostruário" por detrás de uma vitrina profusamente iluminada ao longo de todo o salão, apenas possível de visão do lado de fora, já que, por parte das massagistas, não é possível ver os prováveis clientes. Todas elas são numeradas e dois ou três "managers" andam de volta dos clientes oferecendo a número tal e a número tal, que fazem "good massage", que falam um pouco inglês, etc., e que, depois se encarregam de as chamar, logo que qualquer cliente escolha uma delas. Do lado de fora é a sala de espera, que serve igualmente de bar, onde se pode tomar qualquer bebida enquanto se examina a "mercadoria". Inclusive, a massagista escolhida pode vir à mesa do cliente se este a convidar a tomar algo antes de subir para a massagem. A grande maioria vai ali apenas para "fazer sala", pois sempre é / pág. 38 / melhor tomar ali o café ou uma cerveja que noutro qualquer local, que as "vistas" sempre são mais agradáveis.

A massagem normal custa 130 baths (a moeda local), o que equivale em moeda nossa a cerca de trezentos e poucos escudos, dos quais apenas 45 são para a rapariga. É uma exploração como muitas outras por este mundo fora e, ao mesmo tempo, um meio de sobrevivência para a grande maioria das tailandesas, se quiserem ter mais qualquer coisa e fugir às "barracas", que pululam ainda em grande número em certas partes de Bangkok e noutras cidades.

Se o cliente quiser os tais "extras" que tornam famosas as massagens na Tailândia, o "negócio" depois é apenas com a massagista, que poderá pedir 1000 baths, para depois de regateado, como tudo o que se compra por estas bandas, se contentar com 250-300. Isto no que respeita a Khon Kaen, em Bangkok, acrescente-se o "suplemento de capital".

As massagens têm lugar no andar superior, um emaranhado de corredores, normalmente de cor encarnada, com vários quartos de um lado e outro. No "local do crime", uma cama redonda "estilo Hollywood", com espelho no tecto para o cliente se deliciar supondo que aquilo que se passa lá em cima não é nada com ele, uma banheira do lado es­querdo e uma aparelho de televisão do outro lado, que elas ligam logo que chegam. Se preferirem, ponham a banheira do lado direito e a televisão do esquerdo, que também dá.

Enquanto a água corre na banheira para um banho de imersão, quentinho, o cliente pode conversar um bocado para criar ambiente, se conseguir entender-se com a massagista. Quando a água está pronta para o banho, a massagista trata de despir o "menino" e metê-lo na banheira.

/ pág. 39 / Segue-se todo um ritual de ensaboadela e massagem propriamente dita, que é um pressionar de dedos e mãos por todo o corpo do massajado, por vezes com certa força, principalmente nas costas, ombros, braços e pernas. Em outras partes, não poderá ser com tanta força, é evidente... É o chamado "relax" por contacto.

Entretanto, foi-se passando quase a hora (os 130 baths de que atrás falei são para o serviço de uma hora) e é tempo de enxugar a "criança"; e, se ainda houver tempo e dinheiro para os "extras", pode entrar-se na segunda fase. Natural­mente que se exceder a hora terá que pagar mais outros tantos 130 baths.

Quando desce as escadas o cliente vem relaxado e "aliviado" (pelo menos de dinheiro na carteira).

O amigo que me contou tudo isto... era daqueles que pormenoriza tudo.


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