Logo num dos
primeiros dias da minha estadia em Khon Kaen, um "veterano", no
intuito de me iniciar nos ambientes locais, desafia-me para ir até
um dos salões de massagens, "só para ver", acrescenta. E eu, que
destas coisas de massagens só estava habituado a ver o massagista do
Beira-Mar dar as ditas nas pernas cabeludas e musculosas dos
futebolistas, vá de intrigado perguntar se também se podia ver as
garotas a dar as massagens. Mas não...
Afinal o ver era
só as massagistas (muito melhores que o massagista do Beira-Mar, que
me desculpe este se me lê) que estão em "mostruário" por detrás de
uma vitrina profusamente iluminada ao longo de todo o salão, apenas
possível de visão do lado de fora, já que, por parte das
massagistas, não é possível ver os prováveis clientes. Todas elas
são numeradas e dois ou três "managers" andam de volta dos clientes
oferecendo a número tal e a número tal, que fazem "good massage",
que falam um pouco inglês, etc., e que, depois se encarregam de as
chamar, logo que qualquer cliente escolha uma delas. Do lado de fora
é a sala de espera, que serve igualmente de bar, onde se pode tomar
qualquer bebida enquanto se examina a "mercadoria". Inclusive, a
massagista escolhida pode vir à mesa do cliente se este a convidar a
tomar algo antes de subir para a massagem. A grande maioria vai ali
apenas para "fazer sala", pois sempre é
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melhor
tomar ali o café ou uma cerveja que noutro qualquer local, que as
"vistas" sempre são mais agradáveis.
A massagem normal
custa 130 baths (a moeda local), o que equivale em moeda nossa a
cerca de trezentos e poucos escudos, dos quais apenas 45 são para a
rapariga. É uma exploração como muitas outras por este mundo fora e,
ao mesmo tempo, um meio de sobrevivência para a grande maioria das
tailandesas, se quiserem ter mais qualquer coisa e fugir às
"barracas", que pululam ainda em grande número em certas partes de
Bangkok e noutras cidades.
Se o cliente
quiser os tais "extras" que tornam famosas as massagens na
Tailândia, o "negócio" depois é apenas com a massagista, que poderá
pedir 1000 baths, para depois de regateado, como tudo o que se
compra por estas bandas, se contentar com 250-300. Isto no que
respeita a Khon Kaen, em Bangkok, acrescente-se o "suplemento de
capital".
As massagens têm
lugar no andar superior, um emaranhado de corredores, normalmente de
cor encarnada, com vários quartos de um lado e outro. No "local do
crime", uma cama redonda "estilo Hollywood", com espelho no tecto
para o cliente se deliciar supondo que aquilo que se passa lá em
cima não é nada com ele, uma banheira do lado esquerdo e uma
aparelho de televisão do outro lado, que elas ligam logo que chegam.
Se preferirem, ponham a banheira do lado direito e a televisão do
esquerdo, que também dá.
Enquanto a água
corre na banheira para um banho de imersão, quentinho, o cliente
pode conversar um bocado para criar ambiente, se conseguir
entender-se com a massagista. Quando a água está pronta para o
banho, a massagista trata de despir o "menino" e metê-lo na
banheira.
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Segue-se todo um ritual de ensaboadela e massagem propriamente dita,
que é um pressionar de dedos e mãos por todo o corpo do massajado,
por vezes com certa força, principalmente nas costas, ombros, braços
e pernas. Em outras partes, não poderá ser com tanta força, é
evidente... É o chamado "relax" por contacto.
Entretanto,
foi-se passando quase a hora (os 130 baths de que atrás falei são
para o serviço de uma hora) e é tempo de enxugar a "criança"; e, se
ainda houver tempo e dinheiro para os "extras", pode entrar-se na
segunda fase. Naturalmente que se exceder a hora terá que pagar
mais outros tantos 130 baths.
Quando desce as
escadas o cliente vem relaxado e "aliviado" (pelo menos de dinheiro
na carteira).
O amigo que me
contou tudo isto... era daqueles que pormenoriza tudo. |