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Igualmente,
a consideração do significado dos radicais de
numen, inis (cf.
nuo,
is, ere),
nutus, us
etc.,) de
fanum, i, de fatum, i (cf.
fari, fanaticus, a, um, profanus, a, us); ainda de
placare (cf.
placere),
placamen, inis, placamentum, i, supplex, cis, supplicium, i, supplicationes “as
preces públicas” será contributo para uma mais profunda compreensão de
aspectos fundamentais da religião, da postura dos romanos face à divindade, da
própria concepção do divino e, consequentemente, da pronta memorização
desses vocábulos.
Convenhamos,
pois, que se torna premente repensar este assunto, bem como as metodologias
dirigidas ao ensino/aprendizagem do vocabulário, que se requer sejam variadas,
progressivas e adequadas à maturidade dos estudantes. Não é suposto
alongar-me muito; porém, não deixarei de referir que o recurso à etimologia,
apoiado no apelo aos mecanismos da formação de palavras por composição e
derivação, se me figura “a galinha dos ovos de ouro”, tal a vastidão de
exercícios e de aquisições que prodigaliza.
Contempla,
entretanto, alguns pressupostos:
1.
Implica o conhecimento dos principais afixos; facilitada está, pelo estudo da
sintaxe das preposições, a tarefa no que respeita aos prefixos; os sufixos
requerem progressiva selecção com base, talvez, no critério da maior
utilidade.
2.
Pressupõe a observação e compreensão de alguns processos da fonética no que
toca à evolução de vogais, ditongos e consoantes, que, em todo o caso,
constam dos programas do ensino secundário.
3.
Requer continuidade organizada, registos correctos e processados de jeito a
facultar a consulta acessível, pois se impõe assídua e contínua actualização.
Considerando
a impossibilidade de mais longa explanação, passarei a apresentar alguns exercícios
passíveis de realização na aula de Latim do ensino secundário. São baseados
num texto tomado de um manual conhecido, programado para o décimo ano.
Salvaguardo o carácter apenas exemplificativo dos esquemas apresentados, bem
como o reconhecimento da eficiência de diversos modos de operacionalização.
Esclarecido fica também que não se concebe a execução seguida de todos eles.
Texto
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In uilla
Mane
uillicus asinum parat et in eius dorso sarcinas ponit, deinde ad urbem
propinquam properat.
In
urbe gallinas, cuniculos hortique poma et herbas nummis incolarum permutat.
Tum
uestimenta et instrumenta emit, deinde ad uillam redit. Vespere
in agris laborat, prata amnis aqua irrigat et seruos laudat aut uituperat.
Tandem
ad mensam cum uillica et pueris adsidit et bonum uinum bibit.
Postremo
lecto et sommo membra recreat.
Ita
rusticis uita sana est.
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1.
Asinus, i
poderia pretextuar a observação de fenómenos básicos da fonética
e da formação de palavras em língua latina e em língua materna: cf. asno e
os derivados de carácter erudito: asinário, asinino, etc.; a conotação
depreciativa assumida pelo vocábulo é comum às duas línguas (asinus/asno -
homem estúpido;
asina/asna — mulher estúpida e intrometida);
prestar-se-ia também para informar como os Romanos brindavam aqueles que
reciprocamente se bajulavam:
ASINVS ASINVM FRICAT: “um burro coça o
outro burro”.
2.
Os diminutivos
asellus, i, asella, ae e os nomes próprios
Asinius, i,
Asellus, i, Asellius, i, Asellia, ae, Asellio, onis, Asina, ae
(cognomen da gens Cornelia) levariam a outro tipo de referências, nomeadamente à observação
da permanência na Língua de marcas das mais remotas origens do povo e suas
ocupações - caso para repetir com o poeta
“...
E mesmo pálidas / verdes paraísos lembram ainda”
3.
Amnis, is daria azo à exploração da sinonímia, com necessária precisão
dos matizes dos chamados sinónimos; o recurso à etimologia facilita:
amnis,
is -“o rio”, “rio rápido de
forte corrente ( cf. amnicola, ae “que habita junto de um rio”;
amniculus,
i - “uma corrente de água de menor caudal;” amnigena, ae -
“nascido do rio”;
flumen,
inis (<*fluo is, ere “correr
ininterruptamente, manar”) designava “a água corrente”, “o curso do
tempo”, “a fluidez das palavras no discurso”;
riuus,
i e riuulus, i “canal de irrigação”,
“levada”, “ribeiro”, “pequeno curso de água” (cf. nuales, ium -
termo que designava as questões e disputas frequentes entre as pessoas que, no
meio rural, usam o mesmo curso de água, sobretudo para regar os campos. De onde
a designação genérica de “contendores”, “pessoas de interesses
opostos”;
torrens,
entis — particípio de
torreo,
es, ere, torrui - “queimar”, “abrasar”; logo “que queima” “que
abrasa “—> impetuoso —> (substantivado) —> torrente, rio
caudaloso (também multidão).
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