Verbo Liberto é uma simbiose de canto épico, de melodia
lírica e de grito dramático.
A voz de um Povo deslizou, "rouca e salgada", num sonho de
espuma e, em cada batida do mar, salpicou o coração de
esperança e de vontade.
O vento agreste sulcou a pele morena e desafiou as preces
dos mareantes. Não quis a Sorte que desistissem desta "ceifa
amarga" e lançaram a semente criadora "por entre búzios
sussurrantes".
Em noites doiradas, crepitava o amor nos corpos ondulantes.
Era a festa à beira-mar como "um eco de memória".
E a luz escondida da madrugada refrescava um sonho
prometido:
"Mas se o nevoeiro dissolve teu encanto
perder-me-ei nas
vagas da madrugada
a não ser meu amor
que cantes em cada momento
UM VERBO LIBERTO"
Verbo Liberto é, como a Mensagem de Fernando Pessoa, "a voz
do meu povo que escuto / intensa e aguda presença / que o
tempo não apaga. / Ora oprimida ora liberta / sempre intacta
existe e grita."
Aveiro, Maio de 1989
Pel'O Júri
Ana Paula Cabrita Dias
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