I
Olha!... É o
cego
Com os seus
olhos que não podem ver!
Como o breu...
tão escuro!
Olha que
morcego!
E suas mãos não
param de mexer!
Fatigantes?
Tacto puro!
Longe o vês
Dos prazeres
teus
De mulher que
tu és:
Um eterno adeus
Carrega-te nos
pés.
Ele nos
constrange...
Por receio, eu
sou por recear.
Como faço?...
Que lhe digo?
Homem, não me
beije.
Estes lábios
são de contemplar!
Como posso?...
Não consigo!
Nunca tentei
Demolir
barreiras
E até desdenhei
Cruzar
fronteiras
Que na mente
tracei.
Pena que
deprime,
Representas um
imenso mar
De problemas,
de lamentos!
Filha, é um
crime
Ser muleta para
alguém andar.
Que loucura!
Vis intentos!...
Tenho pudor:
Do casal serás
Dissonância de
amor
E, por fim,
terás
Dos meus
pais... o rancor!
Por Deus!...
Qual bengala!
Quer deixá-la
para tê-la em mim?
Nunca sofro.
Nem sou Cristo!
Veja... sou tão
bela
E a vergonha já
não tem mais fim!
Meus amigos...
Saia ou grito!
Peço perdão,
Mas nem é meu
sonho
Viver a paixão
Desse amor
estranho
Com quem não é
são.
II
Sou um tormento
por tudo o que vejo
E por tudo
aquilo que não vejo.
Mas se os
vossos olhos se abrem no despertar,
Os meus se
fecham porque sempre acordo a sonhar. |