Eu sei que
ainda há Sol, além, na serra,
Aonde nem
meus olhos podem ir;
Eu sei que
ainda há rosas sobre a Terra,
Embora
nunca mais as veja abrir.
Eu sei que
algum sacrário ainda encerra,
O amor que
me podia redimir;
Eu sei que
não é tudo fel nem guerra,
E surgem
esperanças no porvir.
Eu sei que
o Tempo passa inutilmente.
Eu sei que
sou igual a toda a gente,
Mas que
ninguém me iguala no meu viver.
Eu sei que
ainda vivo e não existo.
E, por
saber que existe tudo isto,
Maldigo,
mais que a sorte, o meu saber...
Lisboa, 1990 |