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Eduardo Manuel Maia Figueiredo


Saber

 

Eu sei que ainda há Sol, além, na serra,

Aonde nem meus olhos podem ir;

Eu sei que ainda há rosas sobre a Terra,

Embora nunca mais as veja abrir.

 

Eu sei que algum sacrário ainda encerra,

O amor que me podia redimir;

Eu sei que não é tudo fel nem guerra,

E surgem esperanças no porvir.

 

Eu sei que o Tempo passa inutilmente.

Eu sei que sou igual a toda a gente,

Mas que ninguém me iguala no meu viver.

 

Eu sei que ainda vivo e não existo.

E, por saber que existe tudo isto,

Maldigo, mais que a sorte, o meu saber...

 

Lisboa, 1990

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