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Eduardo Manuel Maia Figueiredo


Sapatos

  Tu calças p'raí quarenta e um...".
Foi assim que percebi o zum-zum!...
Se vos disse qu'era um selvagem,
Disse-vos qu'iria reter a imagem!
Então deu-vos p'ra vestir os nus,
Cumprindo ordem já tão antiga,
Que vos julguei a todos fariseus?
E eis-vos, afinal, amigos meus!
E quereis que o cão, seja lulu,
E não me deixais ter um percalço,
Nem me quereis assim descalço!
Voltais agora à velha cantiga:
"eis que reina o espírito do Natal,
E hoje não se quer aqui o mal..."
E se, à maioria, souber bem o reco,
Melhor me saberá calçar os ditos,
E andar por aí, menos badameco,
E livre d'espinhos não preditos.
Só receio é que os ditos tenham pedra,
Que, comigo, parece ser fado que medra!
Pois a todos desejo um ano e tal,
Que, para mim, quero "atracção fatal.

 

19/12/1993 - 20H33

NOTA: não me deram os sapatos.
"há gente que não merece nada!
e tu, também não mereces!"

deo gracias, digo eu.

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