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Pedaço de vida

Como foste belo no jardim da vida! …
A tua juventude, já esquecida,
Emurcheceu na claridade baça
Do luar…
Eras belo e louro, já pregas na fronte,
E a delicadeza aveludada dum sereno
E azul olhar.
Outrora, amei-te. Mas não fui aceite
Pelos padrões das tuas – minhas exigências.
(Ou talvez as da mamã…)
Ontem, alguém me disse que não te realizas
E mostras ao mundo que deslizas
Na mesquinha indiferença de te deixares amar…
Muito menina ainda, não esqueci
Que nunca mais mereci
A dádiva do amor.
E continuei, na vida, para sempre,
Aquela pequenina que não mente
Quando se diz sozinha, amargurada ou triste,
Esquecido todo o desejo de sol e de calor.

                                              Primavera de 2006

 

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