Vem o lindo
moliceiro
A transbordar a poesia
Que vai expor ao soalheiro
Nas margens da nossa Ria!
Sem o menor
preconceito
Talvez até como herança,
Ele, por vezes, é leito
P'ra nascer uma criança!
E quando ela
for crescida,
Levada por tanta fome,
P'ra sobreviver na vida
Tira uma sardinha e come!
Ai! Tantas
crianças giram
Na Ria desta maneira!...
Comem o peixe que tiram
E dormem numa bateira!...
São estes
seres —
DEUS meu —
A mais ardente poesia
Que a natureza tem
Nas margens da nossa Ria! |