Queria oferecer-lhe um soneto sublime,
rendilhado de cânticos e de flores
espalhar «algo» que agradeça e estime...
num soneto que cantasse só louvores!...
Mas cantar eu, versos em delírio,
em ritual de singeleza e candura,
será sempre para mim cruel martírio,
será, pobre de mim, coisa tão dura!
Sem pretensões, o que «só» sei dizer
neste anseio, nesta minha aflição,
é augurar-lhe, com amizade, «um bom viver»,
isto, intento em êxtase e sem tortura,
são «prodígios» do fundo do coração,
brotados de minh’alma sem amargura.
Aveiro, 1997