Fui sempre
a sombra, o fruto, o abrigo, o
próprio ar
que respiravas.
E gostei de sê-lo, porque entendia
que eras
meu amigo.
Cantaste-me nos teus poemas.
Escreveste-me nos teus livros.
Fui beleza, amor, sonho…
E quando me cortaste e fui casa, nau,
livro,
não me importei, porque entendi que
ainda
eras meu amigo.
Mas devoraste-me com fogo…
E tive pena, porque não viste que a
ti te destruías.
Agora, semi-asfixiado nas tuas
cidades,
(onde já não vivo!)
imaginas meios de destruição, sempre
mais terríveis,
porque já nem de ti és amigo.
São poucos os amigos que me restam,
dispostos, contudo, a defender
o sonho, o amor, a beleza…
e a tua própria vida…
Ainda que o não percebas!