“Ciclista”
de Tondela na Gran
Via de Bilbau
Caramulo
pedalou de Tondela até Bilbau para abrir hoje a “Gran Via”
da cidade espanhola. Um facto que poderia incluir-se na rotina
desportiva, não fosse Caramulo um ciclista invulgar. Madeira,
alumínio e ferro são os materiais que compõem as três
toneladas deste “brinquedo”, criado pelo Trigo Limpo-Teatro
Acert para a “Peregrinação” da Expo ‘98.
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Para
esta apresentação na Grande Semana de Bilbau — iniciativa que
reúne anualmente cerca de 50 mil pessoas, apresentando alguns dos
projectos mais significativos do teatro de rua europeu — a
companhia de Tondela desenvolveu uma nova dramaturgia com música
original interpretada ao vivo por instrumentistas/actores. O grupo
não esqueceu a recriação cenográfica do ciclista, inspirado
num brinquedo popular de madeira. Apesar das centenas de quilómetros
já pedalados na Expo ‘98 e na Exposição Mundial de Hanôver,
a “Memoriar” — assim se chama a máquina responsável pelos
movimentos de Caramulo — ainda se mantém em boa forma.
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Caramulo
deu as primeiras pedaladas na Expo'98 |
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O
brinquedo teatral vai levar a Bilbau uma miscelânea de influências
musicais, portuguesas, galegas, africanas, mediterrânicas e
sul-americanas, expressas numa linguagem teatral inspirada no
dialecto de Molelos, localidade da serra do Caramulo.
Uma
orquestra, dirigida pelo compositor galego Fran Perez, será o
responsável pelo acompanhamento musical de todo o desfile da
“Gran Via”, que este ano se apresenta sob o tema “Volta ao
Mundo da Baleia”. Animais estranhos vão também invadir a edição
deste ano da festa basca: um conjunto de girafas viaja do
continente africano para apresentar em Bilbau as danças típicas
da Costa do Marfim; a companhia Xirraquitela apresenta uma máquina-elefante;
os Turu Tarra mostram a sua baleia insuflável, com 12 metros de
comprimento, acompanhada por uma orquestra de vinte músicos; e
haverá ainda um globo terrestre de grandes dimensões com
personalidades de diversas nacionalidades a dançar ao som
“dixie” da Mac Jeara’s Band.
MARIANA
OLIVEIRA
,
in:
"Público", 18/Ago./2002, p. 35.
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