Algumas reflexões críticas do confronto entre "a forma e o
conteúdo" na sua obra
Ao iniciar este pequeno texto de introdução à obra plástica do
meu amigo Mário Morais, sublinho a sua ainda jovem carreira de
artista um tanto experimentalista, a quem desde já manifesto a
minha admiração. Artista de contrastes percorre este mundo à
procura de novas emoções e cargas românticas. Tem a noite como
um aliado para a divagação, e é pelas horas de madrugada que
melhor se posiciona perante as telas. Esta fase do Mário Morais
é um marco muito importante do seu percurso artístico e todos
apreciamos neste difícil esforço que o leva a atingir novas
facetas da realidade, novos sinais e códigos figurativos que
estruturam os seus quadros. Toda a sua inquietude e compromisso
detêm-se numa enorme e variadíssima leitura de formas e manchas
cromáticas que o leva a descodificar .até ao ponto em que cada
elemento irá ocupar o seu lugar de visível representação e
funcionalidade. Esta exposição, é uma virtude de múltiplas
combinações e vários itinerários, distintos ângulos que nos
impedem de visualizar onde está a ficção e a realidade.
Há uma figuração abstracta na sua génese onde parece mudar
constantemente para logo voltar a ressurgir com outros valores e
significados plásticos. Existem muitos filões emotivos que o
artista descobriu, como um arqueólogo que não desiste do seu
objectivo final. Existe um fio condutor de experiências
conhecidas, várias fases e trajectórias que Mário Morais nos
habituou. Lembro-me das suas telas miniaturas, nos desafios a
preto e branco – seus primeiros testes da sua embrionária
criatividade. Soluções de pequeno formato, peças soltas que se
formavam como um puzzle, fazendo parte de um todo carregado de
significados. São quadros dentro de quadros em múltiplas
interioridades, novas formas e figuras em arquitecturas ocultas
difíceis de descodificar. É preciso descobrir o que está e o que
não se vê. A partir de hoje a sua obra ganhou uma maior solidez
plástica, consolidou uma melhor dinâmica, mais actual, que
esperamos não seja última.
Gostamos desta exposição porque ela reflecte a essência de uma
aventura artística, um grande desafio estético que este pintor
de Aveiro está a viver. Nunca é tarde para sentirmos por dentro
aquela luzinha brilhante no chamamento para as grandes causas.
Queremos que esta fase do Mário Morais, este desafio do seu
presente contenha aspirações de futuro. O AVEIROARTE, ao qual
tens servido com grande abnegação, estará sempre contigo. Os
teus amigos não esquecem o teu esforço em prol de uma cultura
que todos desejamos melhor e abrangente. O nosso Círculo de
Artes Plásticas sente-se orgulhoso por ter ajudado a forjar um
novo artista.
Hélder
Bandarra |