“A
vida não é o que se vive, mas sim o que se recorda.”
Gabriel Garcia Márquez, – escritor colombiano,
autor de obras pioneiras do realismo fantástico
Os
Loucos Anos 60...
Os anos 60 do séc. XX, marcaram uma viragem importante no
panorama mundial. Novos meios tecnológicos; novas formas de
comunicação de que é uma expressão importante a televisão e as
produções que promove; o aparecimento da música rock; a
organização de grandes concertos; o aparecimento de novas
publicações na comunicação social, jornais e revistas de grandes
tiragens; os movimentos de cinema e teatro de vanguarda que
iriam estimular novas formas de pensamento, novas formas de
sociabilidade e de estilos de vida, serão fundamentais nessa
viragem.
Na verdade, essa viragem
já vinha sendo anunciada desde os últimos anos da década de 50,
pondo em causa o estabelecido numa época de moralismo rígido e
anacrónico.
Em Portugal, essa rigidez
de costumes e mentalidades de moralismos duvidosos, era
acentuada por um regime autoritário de cariz fascizante de um
ditador: Oliveira Salazar. Regime que, secundado pela ala mais
conservadora da Igreja Católica, dirigida pelo seu amigo dos
tempos de Coimbra: cardeal Cerejeira, personalidade de “gestos
teatrais” e “tonalidades míticas“, reprimia quem se atrevia a
defender os novos “ventos” de mudança, tentando manter pela
força, o “status quo” da ideologia dominante e das classes
sociais que a apoiavam.
Internacionalmente o
aparecimento, no início da década, de grupos musicais como os
Beatles e os Rolling Stones, grupos ingleses influenciados pelo
jazz e pelos blues, foram fundamentais. As novas sonoridades,
emanadas do outro lado do mundo, nomes pioneiros como Buddy
Holly, Billy Haley e os seus Cometas, obras literárias como a de
Jack Kerouack, entre outras, seriam decisivas para o que viria a
seguir.
Bob Dylan, Doors, Velvet
Underground, Joan Baez e, mais tarde, Bowie Springsteen, Pink
Floyd assim como muitos outros, iriam trazer novas sonoridades e
uma mensagem: a de que o pacifismo era possível, que todos os
povos tinham direito a traçar o seu caminho, sem paternalismos
colonialistas, que a repressão sexual e todos os tipos de
descriminação, eram inaceitáveis, que a guerra, que todas as
guerras, eram obra de interesses puramente capitalistas e,
finalmente, que era possível o amor.
A revolta das novas gerações que se espalhou pelas ruas de
vários países iria sublinhar que nada voltaria a ser como antes…
O aparecimento do Círculo Experimental dos Artistas plásticos de
Aveiro AveiroArte – em 1971 – foi o produto dessa nova forma de
ver o mundo. Um importante contributo para a formação de novas
mentalidades, de novas formas de olhar, de estar perante a arte,
perante o mundo.
Verão de 2023
Sérgio Azeredo,
Presidente do Círculo Experimental dos Artistas Plásticos de
Aveiro – AveiroArte.
Fontes: revistas da época, internet, Rock Chronicles...
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