Os batentes e as aldrabas, desde a sua
aparição na idade média até ao aparecimento da campainha
eléctrica, estão presentes, primeiro, nas portas das casas
senhoriais e, posteriormente nas casas comuns, com a dupla
função de chamar e fechar ou abrir. Hoje, a tendência é
ressuscitar como decoração aquilo que surgiu como necessidade.
As aldrabas e batentes árabes foram fonte de inspiração de
muitas peças criadas pelos forjadores da península ibérica.
Durante a Idade Média os artesãos interpretaram os motivos e
formas árabes que mantiveram a influência árabe do cinzelado.
As aldrabas e os cravos põem uma nota
distinta e pessoal nas portas. No séc. XIV estabeleceu-se o
costume de colocar nas portas duplas, duplas aldrabas, uma de
cada lado. É frequente encontrar-se simetria estabelecida por
linhas de cravos para acentuar a presença de aldrabas gémeas.
Nos finais do séc. XV, alguns mestres
artesãos substituíram a anilha da aldraba por uma peça
rectangular que passou a chamar-se batente. Esta variante foi
muito difundida no séc. XVI, passando os batentes a compartir
protagonismo com as suas antecessoras aldrabas. Ao longo do
tempo os modelos foram variando desde a recriação medieval de
animais fantásticos e temíveis até formas humanas ou às figuras
geométricas do neoclassicismo. A recreação de animais
fantásticos ou exóticos foi muito utilizada porque
simbolicamente preservava a casa das forças do mal.
Existem numerosos modelos de batentes
de bronze, de distintas épocas, com a forma de mão que sustém
uma bola que actua como martelo, sendo o desenho da mão
diferente conforme é colocado na porta esquerda ou na porta
direita, ficando o dedo polegar sempre virado para o lado de
abertura da porta.
Nos batentes em que surge uma
combinação de figuras geométricas, onde a patine do tempo realça
a sua beleza, existe normalmente uma placa de encaixe de latão
que inclui uma peça de ferro redonda sobre a qual cai o peso do
ferro ao bater.
A aldraba de bronze com encaixe com a
forma de cabeça de leão ou em que esta aparece no martelo de
bater é um recurso muito comum nas peças do séc. XIX. São comuns
os batentes de ferro fundido com placa de encaixe redonda com
argola redonda que bate directamente na madeira. Estas argolas
de ferro originariamente empregavam-se para amarrar os cavalos e
posteriormente foram utilizadas como batentes. Normalmente a
argola é colocada de forma a que bata sobre dois cravos da
porta. Aparecem também batentes de ferro com a forma de seta
trabalhada à mão com placa de encaixe oval trabalhada e
recortada com motivos geométricos.
Também o puxador surgiu na decoração.
Os puxadores são peças de metal ou madeira por onde se puxa para
abrir portas ou portinholas. Existe uma variedade de puxadores
com aldraba com formas geométricas ou de animais sendo muito
frequentes na nossa região as conchas. A concha é um recurso
comum nas casas da beira-mar, no séc. XIX. O puxador aparece,
também, sob a forma de maçaneta, remate esférico de madeira,
metal ou vidro para ornamentação das portas.
O que agora se expõe é o resultado de
uma pesquisa em casas das ruas nobres da cidade de Aveiro e
também da Beira-Mar e Alboi, bairros típicos onde encontramos
puxadores que são simultaneamente aldrabas. Do conjunto fazem
parte aldrabas em madeira, obtidas na região de Aveiro.
Claudette Albino