Claudette por Gaspar
Albino
Acompanhei a
Claudette ao longo dos anos, pois que de anos se trata, na
captura, com a sua, e pela sua óptica, da maior parte das
imagens que estão na base dos trabalhos ora expostos.
Intencionalmente usei a palavra "trabalhos", pois que a sua
elaboração começou por longas, prolongadas e trabalhosas
caminhadas, num bater de porta em porta à cata das aldrabas que
a sua sensibilidade de artista mandava guardar na película da
sua câmara.
O que a
Claudette hoje nos apresenta é fruto de anos de pesquisa e de
recolha de fotografias que ela cuidadosamente foi arquivando,
com uma persistência que só a ela cabe, na busca do
enriquecimento do tema que ela escolheu, tendo por objectivo
final a criação duma reserva de memória de "património" que ela,
mercê da sua ecléctica formação, não deixou nunca de sentir
poder estar em perigo.
Sempre me
disse que, um dia, gostaria de expor tal acervo que, com tanto
carinho e com tanto denodo foi sabendo construir ao longo do
tempo.
Ao princípio
sempre julguei que seria uma mera exposição de muito boas
fotografias, que ela as tinha e tem. Mas não. Enganei-me. É que
a Claudette, para além do curso de Direito, para além do curso
de Gestão de Artes, para além da pós-graduação em Ciências da
Educação, foi fazendo cursos de informática que lhe vieram a
permitir, nas áreas da vertente artística, tirar partido do
muito que a tecnologia faculta na construção de novas leituras
plásticas do material de que se parte.
Esta
exposição é fruto de tudo isso. Mas tudo isso não seria o que é,
não fora a enorme exigência duma grande sensibilidade estética
no manuseio das ferramentas que os programas informáticos põem
ao seu alcance.
Desde os
cuidadosos enquadramentos em que o essencial da imagem inicial
fica salvaguardado, até ao trabalhar enriquecedor das variantes
cromáticas que facultam uma mais rica leitura da plasticidade
dessa mesma imagem, tudo isso foi sendo transformado nestes
quadros mágicos.
São as mesmas
fotografias do trabalho inicial, mas outras, como que resultado
de mágica alquimia.
E, apesar
dessa transformação, desse enriquecimento estético, o
"património" aí está, aí fica, por certo facultando uma sua
leitura mais aliciadora.
Gaspar Albino |