Claudette Albino, um ano depois
Na viagem que todos fazemos e que começa no dia em que nascemos
e termina quando morremos, nem todos andamos à mesma velocidade.
Parece que foi ontem, Claudette, que te foste embora e já faz um
ano que partiste, deixando um lugar vago, que só tu podias
preencher. Nós, no AveiroArte, os teus colegas artistas
plásticos e os associados não produtores, sentimos a tua falta,
se bem que, e desculpa o chavão, só não estás fisicamente. O
António continua a portar-se bem e sempre que fala em ti, fá-lo
– bem tenta disfarçar – com uma voz diferente. Quer parecer
forte, mas lá dentro…
Sabes, preencheu muito bem o teu lugar de Governador dos Lions.
Andou numa azáfama que nem calculas. De terra em terra, de
reunião em reunião, é lógico que ficaste bem representada.
A exposição que agora fica patente na tua Galeria – Morgados da
Pedricosa – aproxima-nos muito mais de ti e, para aqueles que
não tiveram a felicidade de te conhecer e sentir o privilégio da
tua amizade, passam a saber mais da grande Mulher que foste. Na
obra que deixaste ficou muito de quem eras. É bom quando a
fronteira que separa a vida da morte não é o fim. Foi o que
conseguiste. Muito de ti ficou connosco e por isso, este ano que
nos separou de uma forma cruel, custou um pouco menos a passar.
Se bem que a partida do Carlos Souto tenha sido de tal forma
violenta que ainda ninguém se conseguiu refazer.
O AveiroArte vai continuar. Com os naturais altos e baixos. Nas
ondas brandas desta Ria que tu sempre amaste, vai crescendo e
aguentando as crises que todos nós agora atravessamos. A
esperança em dias melhores, Claudette, faz-nos lutar cada vez
com mais força. Enquanto por aqui andarmos, temos de alguma
forma que fazer algo que torne isto tudo mais fácil.
Estejas onde estiveres, sabes bem que deixaste cá muitos amigos
que sentem a saudade da tua ausência.
Até qualquer dia.
CARLOS CAMPOS |