FIGURAS EM AVEIRO LIGADAS AO DESPORTO

Vítor Urbano

Quinta-feira, 29 de Outubro de 1998 – pág. 19 Rui Grave

Podia ter sido advogado, mas optou pelo futebol. Primeiro como jogador, depois como treinador. Vítor Manuel Perdigão Urbano nasceu em Aveiro, a 8 de Novembro de 1953. Tem o Beira Mar no coração e foi o responsável por alguns dos melhores momentos vividos por este clube. Feitas as contas, são quase três décadas dedicadas ao futebol. Jogador e treinador num homem só alguns momentos de uma vida votada ao "desporto rei".

 

Vítor Manuel Perdigão Urbano nasceu em Aveiro a 8 de Novembro de 1953.

Iniciou o seu percurso desportivo aos 15 anos, nos juvenis do Beira Mar, onde jogou duas épocas antes de passar a júnior.

Em 1971, após ter feito toda a pré-temporada como titular dos seniores, sob a orientação do treinador Ramim, vê-se dividido entre a hipótese de profissionalização e o seguimento dos estudos. Face à intransigência dos dirigentes do clube beira-marense, opta pela entrada na Universidade de Coimbra, curso de Direito, o que o obrigou a abandonar a equipa de Aveiro.

Durante as épocas de 1971/72 e 1972/73, incorporou o plantel do Gafanha e do Oliveira do Bairro, respectivamente, não necessitando de comparecer aos treinos, o que lhe facilitou os estudos.

Com o período de instabilidade académica criada pelo 25 de Abril de 1974, Vítor Urbano resolveu trocar a austeridade das salas de aula pela liberdade dos campos de futebol e regressa ao Beira Mar.

Iniciou funções de treinador no Beira Mar como adjunto de José Domingos, em 1985, quando ainda estava inscrito como jogador. Quatro anos volvidos, passa a treinador principal dos juniores e consegue um quarto lugar na fase final do campeonato nacional.

Em 1989 assume o comando da equipa técnica dos seniores aveirenses, numa altura em que o clube estava numa situação delicada. Conseguiu fazer uma segunda volta razoável, atingindo o principal objectivo da equipa a manutenção na I Divisão Nacional. No ano seguinte, dispondo de um plantel onde constavam nomes como os de Hélder, José Ribeiro, Rodolfo, Petrov, Oliveira, Sousa, Abdel Ghani e Dino, conduz a equipa a um inesperado sexto lugar na classificação final do campeonato e à primeira e única presença do Beira Mar numa final da Taça de Portugal. Acabaria por perder por três bolas a uma contra o F. C. do Porto.

Foi considerado o melhor treinador da I Divisão, pela Associação Nacional de Treinadores e o melhor treinador português, pela revista "Foot".

Na época de 1992/93, depois de uma fase final convincente, que acabaria por deixar o Beira Mar em oitavo lugar, Vítor Urbano firma-se na posição tomada a nove jornadas do fim do campeonato, quando descontente com certas "inverdades" transmitidas pela comunicação social resolvera comunicar o seu afastamento no final da época e abandona o clube.

Ao serviço do Paços de Ferreira é considerado o melhor treinador de 1994, atingindo o final da primeira volta em quarto lugar, imediatamente atrás dos "três grandes" do futebol português.

No início da segunda volta entra em litígio com o presidente do clube, não pactuando com a ideia da participação dos jogadores titulares num torneio de futebol de salão, temendo as lesões provocadas pelo piso sintético.

Em 1996/97 regressa ao Beira Mar e no último ano esteve ao serviço do União da Madeira.

Confessou-se surpreso com a competitividade existente na Divisão de Honra "onde se joga um futebol diferente e que procura o golo, ao contrário do que acontece na I Divisão, onde os clubes não lutam tanto."

O Beira Mar é a equipa do seu coração, porque como diz "nasci em Aveiro".


Ora, bolas!

Vítor Urbano conta

Homem de personalidade forte, prefere assumir a responsabilidade das decisões que toma, em vez de tomar decisões assumidas pelos outros, porque um treinador tem que ser livre de tomar opções. O poder das Direcções termina do lado de fora das portas dos balneários."

Tem o Curso Nacional de Treinadores, nível 4 (o nível máximo), afirma que "para ser um bom treinador é preciso perceber de futebol, ser um bom condutor de homens e, sobretudo, ter aquela pontinha de sorte nos momentos decisivos."

 

De cavalo para burro ou vice-versa?

"No futebol profissional passa-se de besta a bestial!"

 

O "senhor" do Beira Mar

"O Lobão é um central de marcação algo irreverente, mas muito duro, que joga bem de cabeça e tem revelado uma capacidade incontestável."

 

Lembra Luís Vieira com saudade:

"Um grande homem que me deu um apoio incondicional, o que me permitiu fazer um trabalho com qualidade."

Disse Vítor Urbano.

 

O Jogador: Vítor Urbano

Posição: Central

Características: nos juvenis jogou como avançado; nos seniores na posição de trinco.

 

 

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