O cheiro a óleo e a
gases de escape; os homens a fardarem-se meio escondidos pelas viaturas;
nós a atravessarmos o parque de material, que era simultaneamente sala
de entrada; o gabinete de telecomunicações comprimido no vão da escada;
os degraus de acesso ao 1º andar que davam a sensação de não suportar
mais do que o nosso peso; o bar com o balcão entre os umbrais duma
porta; a camarata do pessoal de serviço pendurada nas águas furtadas; o
salão nobre que tanto tinha para contar sobre a vida dos Bombeiros do
Distrito; a sala da dupla — direcção e comando — onde um imponente cofre
era motivo de gracejos, porque se sabia que, normalmente, lá dentro só
havia ar, o ar a saber a sal em que Aveiro é fértil...
Era assim o quartel
dos Bombeiros Velhos que, resistindo ao Centenário, assistiu ao erguer
do monumento que lembra aos aveirenses e aos visitantes 100 anos — um
século — de uma das mais prestigiadas Corporações de Bombeiros do
Distrito e do País.
Por este quartel
velho passaram centenas de «Homens Bons» de Aveiro — dirigentes e
operacionais — que lhe souberam dar vida, transformando-o numa casa de
paz e fraternidade, homens sempre prontos a abrirem as portas ao
primeiro chamamento, lançando-se ao serviço dos outros, numa entrega que
até a própria vida já exigiu e que os transforma em «Heróis duma Ordem
Superior», como tão lapidarmente lhes chamou um dia um ilustre homem do
Distrito — o Bispo D. Manuel Trindade Salgueiro.
Cem anos de luta, de
sacrifícios, de entrega, que são agora coroados com um dos maiores
sonhos de todos os Corpos de Bombeiros — a entrada em funcionamento de
um quartel projectado e construído para a função, uma função que faz
apelo aos mais altos ideais do homem completo que, nesta bela cidade de
Aveiro, tem encontrado muitos e grandes exemplos.
O Serviço Nacional de
Bombeiros, órgão máximo das Corporações de Bombeiros do Continente, a
que tenho a honra de presidir, não esquece que, no salão nobre do velho
quartel, na era de 70, foi sonhada e debatida a sua constituição. E faz
votos para que o espírito que animou aquelas velhas paredes se
transfira, na sua total integridade, para a nova casa e se reflicta na
constante melhoria técnica e operacional dos seus homens e no
fortalecimento da unidade dos Bombeiros do Distrito e do País. |